Faltam apenas cinco minutos para o grande concerto. O maestro está a preparar-se para entrar em cena. Atrás das cortinas, concentrado, ensaia cada movimento. Mas o tempo está a esgotar-se‚Ķ
Secção: Observatório
O sagrado e as questões espirituais. A sombra de uma mulher. Maria Madalena. Tony Childress é um realizador americano talentoso, ainda que obsessivo e egoísta. Childress está em Israel a rodar um novo filme, This is my blood, em que não só assegura a realização como interpreta o papel de Jesus. Com ele está também a actriz Marie Palesie que faz o papel de Maria Madalena. Quando a rodagem termina, Palesie, para quem a experiência foi devastadora, decide ficar em Jerusalém. Sente-se esgotada, vazia, e inicia uma viagem iluminadora, trocando a sua carreira por uma vida simples de devoção a Deus. Como se o espírito de Maria Madalena a preenchesse. Entretanto, de volta a Nova Iorque, o filme de Tony Childress estreia, sob uma chuva de críticas e protestos furiosos de judeus ortodoxos. Um famoso apresentador de televisão, Ted Younger, também ele numa demanda pela verdade espiritual, convida Childress e Marie para o seu programa, que debate a vida de Jesus. Três histórias que se cruzam e, no fim, apenas uma pergunta: será que a fé profunda conduz a uma forma de amor ou à obsessão religiosa?
Helena tem 15 anos e vive no circo. É malabarista, e vende pipocas. Mas, o que poderia ser o sonho de qualquer rapariga da sua idade, é para ela uma enorme prisão. Helena fantasia com o mundo lá fora, ansiando por um pouco de normalidade, ou de realidade. O seu desejo não é bem acolhido pela mãe, Joanne, que, depois de uma troca de palavras bastante ríspida com a filha, fica seriamente doente. Joanne tem que ficar hospitalizada e Morris, o pai de Helena, fica sozinho tentando manter o circo em pé. Helena é enviada para casa de uma tia num apartamento decrépito, em Brighton. Enquanto aguarda que a mãe se submeta a uma delicada operação, Helena adormece profundamente. Embalada pela sua vívida imaginação, mas também pela culpa, deixa-se levar numa odisseia fantástica, uma viagem pelas DarkLands, um reino de magia povoado por gigantes, peixes-macaco e perigosas esfinges, e onde todos usam uma máscara (como no circo). E há também rostos familiares, lembranças da sua vida acordada: o Primeiro-Ministro parece-se com o seu pai, e as rainhas rivais são a imagem cristalina da sua mãe. Neste mundo onírico, divido em duas cidades (a da luz e a das sombras), Helena terá que descobrir a MirrorMask, a sua única saída para o mundo real.
Um documentário em 17 movimentos, em que os testemunhos e a guitarra definem o génio, a bravura e a modéstia de Carlos Paredes. Em MOVIMENTOS PERPÉTUOS ‚ TRIBUTO A CARLOS PAREDES estabelece-se um diálogo entre uma guitarra e uma câmara de Super8, numa estética que evoca a memória dos velhos filmes de família, plena de intimidade, revelada na partilha de pequenas histórias da vida. O concerto de Carlos Paredes no Auditório Carlos Alberto, no Porto, em 1984, é o ponto de partida para o desenrolar de histórias da prisão, resistência, sucessos e amadorismo, relatos marcados pela simplicidade e pela paixão. Em que se revela por exemplo, como Paredes a seguir este concerto toca para o recepcionista do hotel que não pode assistir. Ou ainda de como se servia de um pente na prisão para exercitar a guitarra. O testemunho de amigos e colegas dá-nos a entender um pouco mais quem foi este homem, que embora passando por privações nunca se queixava, e que nos deixou uma obra genial de valor incontestável, não só pela beleza das suas composições e da sua interpretação, mas também pela dimensão que deu à Guitarra Portuguesa, elevando-a a instrumento autónomo, em vez de ter apenas funções de acompanhamento, e transformando-a num símbolo da música portuguesa além-fronteiras. Fica a sensação de libertação que a sua arte é capaz de produzir, e a mística da obra que deixou, cheia de entusiasmo profundo e nostalgia do futuro.
Dos ginásios americanos até à arena olímpica em Atenas, na Grécia, este é o retrato de um grupo de jogadores de rugby, altamente competitivos. Jogadores de rugby tetraplégicos. Quer seja por acidente de carro, luta, tiros de pistola, ou bactérias, estes homens foram forçados a passar o resto das suas vidas sentados. Mas no ginásio, inventaram a sua própria versão de rugby e, com fatos e cadeiras de rodas feitos à medida, eles são os gladiadores do século XXI, lutando por medalhas de ouro e provando a si próprios, e a quem os vê em acção, que há vida depois da paralisia. Mas este não é apenas o relato dos feitos destes atletas no ringue. Fala-nos também de família, vingança, honra, sexo (sim, eles fazem-no), triunfo, e de como é possível ficar de pé mesmo depois do espírito, e da espinha, terem sido esmagados.
Num Domingo soalheiro, nos arredores de uma pequena cidade Portuguesa, uma família disfuncional almoça, debaixo de uma árvore. Um retrato cómico e exagerado sobre a violência doméstica e a ausência de compaixão.
Um homem, um épico, e uma família destruída. Nunca a História nos ensinou tanto! Uma comédia desbragada de amor, luxúria, incesto e morte.
A chocante e hilariante história gore de um homem que chega a casa e descobre que a sua família foi vítima de um ataque brutal.
Uma viagem ao passado e às memórias da infância. Viktor Mikhailov é pintor. Distinguido com um prémio importante por uma série de ilustrações para uma revista científica, Viktor decide comprar uma velha casa de campo, outrora pertença da sua família. Viktor cresceu como órfão, sem nunca ter conhecido as verdadeiras circunstâncias que rodearam a morte do seu pai. A entrada na nova casa é acompanhada por uma descoberta, um estranho tesouro: velhos filmes de arquivo, blocos de notas, e crânios animais e humanos, restos de uma antiga experiência do seu pai, com o objectivo de modificar, controlar e influenciar a evolução humana. Viktor decide pegar nesta herança e recriá-la. Mas o fascínio pela investigação e a obsessão pelo passado conduzirão Viktor a um labirinto de sufoco e loucura, que o tornará na sua própria vítima.
Vidas comuns. Pessoas comuns. A sombra do oculto. Reiko é uma escritora de sucesso, com romances premiados. Mas, como tantos outros romancistas, está, pela primeira vez, a experimentar o travo amargo do bloqueio, que a impede de levar a bom porto o seu novo livro. É o editor quem lhe propõe uma mudança de ares e paisagem. Reiko aceita a sugestão e muda-se para uma casa fora da cidade. É já noite, quando Reiko adormece. Acorda sobressaltada e espreita para a rua. De um armazém, vê sair um homem com um objecto enorme embrulhado num lençol. O misterioso homem é um famoso arqueólogo, o Professor Yoshioka, e o estranho embrulho uma múmia, recentemente descoberta. Reiko volta ao trabalho mas os acontecimentos à sua volta começam a tornar-se misteriosos e inexplicáveis. O seu medo é ultrapassado pela curiosidade e Reiko começa a desenterrar histórias extraordinárias. Reiko pode ter descoberto bom material para o próximo livro, mas a sua vida também poderá estar em perigo.
Um filme de terror filosófico. Uma alegoria ao mundo contemporâneo. França, século XIX. O jovem Jean Berlot acabou de perder a sua mãe, falecida num asilo de loucos. Antes de regressar a casa, Jean instala-se numa estalagem. De noite, tem um sonho, cheio de vívidas imagens, o mesmo sonho que o aflige de tempos a tempos: dois funcionários de um hospital tentam enfiá-lo num colete de forças. Berlot luta violentamente, e, quando acorda, descobre sempre que o quarto foi demolido. Um dos hóspedes da estalagem, o Marquês, testemunha o pesadelo de Berlot e os resultados catastróficos do mesmo. Paga por todos os estragos e convida-o para o seu castelo. Durante a viagem, o Marquês escuta atentamente a história do jovem: após a morte do pai, a sua mãe, que era bastante mais nova, enlouqueceu de desgosto. Desde aí, Jean angustia-se com o medo de, também ele poder acabar os seus dias num asilo. Mas a estadia no castelo do Marquês será para Jean uma odisseia terapêutica. Depois de assistir a uma orgia blasfema, e a um funeral pouco ortodoxo, o Marquês ajuda Jean a conquistar os seus medos, conduzindo o seu hóspede a um asilo onde todos os pacientes gozam de absoluta liberdade e os funcionários estão trancados atrás de grades.
Lisboa, 1972. Olga tem uma vida fácil, no seio de uma família abastada. Estuda na universidade, frequenta as festas da alta sociedade, joga ténis e passa lânguidas tardes à beira da piscina com as suas amigas. Mas ela sabe que é diferente: a sua pele não é branca. Olga depara-se com este desconforto progressivo, mas prefere ignorá-lo. Só que quando o seu pai regressa de Angola, após 20 anos passados no estrangeiro, o seu mundo de conforto e fantasia começa a esboroar-se. Olga já não sabe quem é ou de onde vem. Começa então a sua viagem de descoberta de identidade e liberdade. Olga envolve-se com outras pessoas, com outras formas de viver e com o teatro. E como actriz, compreende que a luta das emoções e das memórias começa na pele.
Ana é criança, rapariga, adulta, alta, gorda, magra… Ana é a parte de todos nós que de vez em quando acorda sem saber quem é. Essa amnésia consciente que nos impele a viajar, a indagar, a procurar incessantemente, ainda que não seja claro ao que vamos e quem podemos encontrar.
Um coelho torna-se o objecto de desejo de uma menina e um menino. Quando o matam, descobrem dentro da sua barriga um pequeno ídolo. Através dele segue-se um período de riqueza e ganância, mas até quando?
Um condutor sob o efeito de comprimidos e cafeína atropela, acidentalmente, algo. Em pânico, procura ajuda numa estranha e desolada cidade, onde não abunda a generosidade humana.
Uma re-animação original e surpreendente, feita com néons. Gary Green é um tipo que procura a felicidade. Um misto entre Andy Warhol, Woody Allen e Spalding Gray.
Um romance doentio e não consumado entre uma ventoinha de tecto e uma flor. Um amor impossível, com um final mágico, digno de um conto de fadas.
Esta é a história de um solitário chamado John. John vive sozinho a sua vida tentando relacionar-se com o que ou quem puder. Por vezes, é difícil distinguir o riso histérico do choro histérico.