Há 15 anos, numa entrevista a David Letterman, Korine dizia, a propósito de Gummo e do seu cinema, que o que gostava de ver nos filmes eram imagens a virem de todos os lados”. Uma tradição à qual se manteve fiel e que explode logo no primeiro plano de Spring Breakers, num banho de cor e de pele tão electrizante como a música de Skrillex que o acompanha. E não é só por isso que Harmony Korine é o mestre das combinações improváveis. Nas mãos deste realizador, todos os adolescentes são seres estranhos com uma forte atracção pelo abismo. O que desconcerta ainda mais aqui é que Korine tenha agarrado em três estrelas pop do universo televisivo infanto-juvenil e as tenha transformado em mercenárias da vontade de James Franco, num brilhante cliché do drug dealer hiper-sedutor. Se é para fazer uma viagem de finalistas, então que seja épica. (M. M.)