O que é cozinha sónica? O tipo de arte praticado nesta história colada a pastiche e humor-de-cara-séria, que se passa numa casa no campo bucólico inglês, numa residência onde os artistas trabalham extraindo diferentes e perturbantes sons de vários alimentos. Mas a produtividade da estadia será ameaçada por um colectivo ciumento e pronto para a vingança.
Realizador: Peter Strickland
Peter Strickland parece ser o maior herdeiro contemporâneo do cinema de terror clássico. Depois de “Berberian Sound Studio”, homenagem ao cinema giallo, e de “The Duke of Burgundy” (IndieLisboa 2015), com ecos dos jogos de manipulação do cinema de Losey e Buñuel, chega-nos agora In Fabric, a história de um vestido amaldiçoado que vai passando de mão em mão e dos efeitos devastadores para os seus sucessivos detentores. Um filme que mistura violência coreografada e humor negro num universo densamente povoado pelo melhor do terror italiano dos anos 1960 e 1970.
Ecos de “The Servant” (1963) de Joseph Losey e “Le journal d’une femme de chambre” de Buñuel (1964) entram pelo ambiente da mais recente longa do realizador britânico Peter Strickland (autor de “Katalin Varga”, de 2009, e “Berberian Sound Studio”, homenagem ao cinema giallo, de 2012). No interior de uma aristocrática casa de campo, uma mulher dedicada ao estudo amador de insectos e borboletas vive com um outro objecto: uma empregada que obedece às suas ordens repetitivas, tal como um corpo-escravo que se dedica à satisfação de prazeres escondidos e à descoberta dos seus anseios de dominação.