A esperança dos Novíssimos

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Num país onde o Cinema cresce lentamente, os novos realizadores vêem-se forçados a agarrar nos poucos meios que têm ao dispôr para tentar entrar no circuito cinematográfico. A secção Novíssimos distingue-se por dar a oportunidade a jovens cineastas de apresentarem os seus trabalhos num grande ecrã, enquanto dão os primeiros passos.

Depois da estreia uma longa metragem nesta secção (O Primeiro Verão de Adriano Mendes) é a vez das curtas metragens ocuparem a sala. O arranque da sessão: “Para reivindicar os seus direitos laborais, os trabalhadores dos transportes públicos decidiram retirar o som aos comboios em circulação”. A seguinte frase abre o filme Meio Corte que segue nesta mesma lógica de introduzir alterações à passagem do comboio, sempre no mesmo local. Nikolai Nekh é o inaugurador desta sessão. De seguida chega-nos Escala, de Fábio Penela, um homem regressa à sua terra, muitos anos depois de se ter visto forçado a deixá-la, e tenta rever as caras e os lugares do tempo em era de lá; mas a procura só evidencia a distância que o separa daquele lugar. Depois chega-nos o imaginário de Filipe Fonseca, Ana Cardoso, Luís Cataló, Liliana Sobreiro com Alda; curta que fala da transformação do mundo rural e das consequências para quem sempre ali viveu e já só identifica com o interior da própria casa. É Consideravelmente Admirável da Tua Parte que Ainda Penses em Mim Como se Aqui Estivesse cria um ambiente alucinado que reflecte o desespero de Zé, um músico esquizofrénico que quer regressar aos palcos. Uma produção portuguesa de André Mendes e Andreia Neves. Tudo Vai Sem se Dizer é um documentário que o realizador, Rui Esperança, dedica à avó Arminda, dona de uma loja de artesanato em Viana do Castelo; são os dias da avó no presente e num passado lembrado em filmes de família e numa carta que o avô lhe escreve do Ultramar em 1958. Para o encerramento da sessão temos Irmãs de Pedro Lucas. Uma ficção construída a partir de imagens de proveniências diversas que acompanham um texto que conta como uma mãe, obcecada com a beleza dedicada dos filhos, decide criá-los como raparigas e como eles crescem resignados com o facto, ao mesmo tempo que inventam uma vida fora desses corpos.

Novíssimos Curtas 1 acontece Quarta-feira, dia 30, às 19 horas na Sala Manoel de Oliveira (Cinema São Jorge).

A segunda sessão traz-nos três ficções, uma animação e uma curta documental. As honras vão para Joana Linda com a estreia de Em Cada Lar Perfeito Um Coração Desfeito. Um filme que recorre às sete fases do amor enunciadas por Stendhal para, em sete segmentos, falar do desamor ou da realidade da desilusão. De seguida, para todos Uma Vida Mais Simples. Inês Alves abre-nos as portas para a vida de uma família em África contada a partir dos filmes em 8mm que o avô da realizadora fez em Moçambique e na África do Sul entre 1954 e 1978; enquanto as imagens passam, os avós recordam aqueles momentos e as muitas histórias que eles encerram. Em A Gata Má de Sara Augusto, Eva Mendes e Joana de Rosa, existe uma menina cujos melhores amigos são gatos; a menina é como diz a mãe, especial; já os gatos, isso só ela sabe, às vezes são maus. A Minha Idade é uma ficção sobre uma adolescente a viver numa instituição que, crescida demais para ser adoptada, arranja uma madrinha para se ocupar dela; a ideia de viver em família é apelativa, mas a família que conhece é a da instituição e a adaptação não é, afinal, tão fácil. O Silêncio Entre Duas Canções conta a história de dois irmãos, Lucas e Laura, a viver temporariamente em Berlim; a relação de enorme dependência entre os dois é abalada quando Lucas revela a vontade de permanecer na cidade, oposta à de Laura que só pensa em ir embora.

Novíssimos Curtas 2 acontece Quinta-feira, dia 1 de Maio, às 18 horas na Sala Manoel de Oliveira (Cinema São Jorge).

Cada curta metragem só é exibida uma vez durante festival, portante não perca estas sessões.