25 de Abril, sempre

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Todos os anos celebramos não só o cinema mas a possibilidade de o mostrar, de falar livremente sobre ele. Assim, juntamo-nos às festividades de mais um aniversário da revolução, programando os filmes em consonância. A não perder, na segunda-feira, 25 de Abril, aqui deixamos os filmes e eventos que pontuam o dia.

O muito aguardado Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira, é exibido às 18h30, Culturgest, Grande Auditório. Vindo directamente da competição internacional de Berlim deste ano, chega ao IndieLisboa o último filme de Ivo Ferreira que adapta uma obra do escritor António Lobo Antunes composta por cartas que este escreveu à mulher durante a sua estadia na guerra do ultramar. O filme começa em 71, quando António vê o seu quotidiano em Lisboa ser interrompido ao ser destacado para servir como médico no Leste de Angola. Perante a extrema violência e desolação, António escreve à mulher Maria José, contando o que vê, o que sente, como que abrigando-se do pior

A Ilha dos Ausentes, de José Vieira, e Os Cravos e a Rocha, de Luísa Sequeira, compõem a sessão das 21h45, no Cinema São Jorge (sala Manoel de Oliveira). A 25 de Abril de 1974 Glauber Rocha estava em Portugal e junta-se ao filme colectivo As Armas e o Povo: Os Cravos e a Rocha recorda a sua presença disruptiva. José Vieira, embora tendo nascido em Portugal, foi viver para França nos anos 60. Desde sempre que a sua experiência como emigrante modelou o tema fundamental do seu cinema, que arranca a partir de meados da década de 80 na televisão gaulesa. De uma trintena de documentários já realizados ressalta o seu olhar sensível e interior com que funde as suas memórias à das situações dos emigrantes que regista. Neste seu último filme, A Ilha dos Ausentes, em forma de road movie, há um país de infância ao qual se regressa, uma memória de ausência, uma ligação aos que ficaram.

Sem ligação a Portugal mas com uma profunda vontade de liberdade, vale a pena destacar, também na segunda-feira, 25 de Abril, a segunda e última passagem do filme À peine j’ouvre les yeux, de Leyla Bouzid, às 19h30, no Pequeno Auditório da Culturgest. Estamos em Tunis, no Verão de 2010, em vésperas de estalar a Primavera Árabe. Farah é uma jovem tunisina com todo um futuro preparado como médica. Contudo, ao contrário dos desejos da sua família, Farah tem outros planos para a sua vida. Ela sonha aprimorar a sua arte enquanto vocalista numa banda de rock engajada. É uma maneira de estar viva e envolvida nos destinos do seu país, numa altura em que a revolução se precipita. Um olhar na primeira pessoa a partir do epicentro das grandes transformações por que ainda passa o mundo árabe.

Ao fim do dia, é tempo de celebrar com festa e música, na Casa Independente. A festa 25 de Abril, Sempre! recebe todos os convidados e espectadores a partir das 23h. Entrada livre e DJ set com a Junta de Animação Nacional.