Souad vive numa cidade no delta do Nilo, no Egipto, em Zagazig. Perante a família, vive uma vida conservadora e velada. Mas a rapariga de 19 anos vive uma outra vida online, mais livre, sem o constante escrutínio da sua vida familiar. Aí, onde sentimos a afeição é com a irmã mais nova, Rabab. É esta que parte em busca de resposta, quando a vida dupla de Souad resulta em consequências trágicas.
Uma selfie de batom vermelho é um acto revolucionário partilhado pelas duas irmãs numa cidade provinciana do Egipto. A revolução que ficará escondida dos olhos vigilantes dos seus pais no smartphone da irmã mais velha, um dispositivo de onde nasce o self alternativo dela. Estudante devota, cuidadora e obediente na casa de família durante o dia, Souad torna-se amante à noite, flirtando ou zangando-se com o seu namorado sofisticado de Alexandria por mensagens. O telefone de Souad acabará nas mãos da sua irmã adolescente, Rabab, que perseguirá o rasto virtual de Souad até Alexandria. Numa mudança narrativa magistral, o realizador Ayten Amin rompe com o olhar introspectivo de Souad para seguir a politicamente carregada jornada de Rabab. Amin enquadra o seu segundo filme em torno das tensões que a revolução digital cria na sociedade patriarcal tradicional. Entretanto, no fundo do ecrã, uma vida raramente vista do Egipto rural irrompe com artistas não profissionais empurrados nas ruas movimentadas ou envolvidos numa conversa improvisada interminável. (Anastasia Lukovnikova)
