Nesta versão etérea e moderna de um filme de amor livre dos anos 1960, encontramos um biólogo mal-humorado e os seus assistentes de pós-graduação a tentar avançar com um projeto de verão na natureza selvagem da floresta dos Apalaches. Aí, encontram três misteriosas figuras que mudarão as suas vidas.
A Dim Valley
Brandon Colvin
IndieLisboa 2021 • Competição Internacional
Estados Unidos, Ficção, 2020, 92′
A meia luz deste vale, no qual Brandon Colvin ambienta as personagens desta sua terceira longa metragem (Frames, 2012; Sabbatical, 2014), é fundamental para compreender as camadas de sentido desta comédia dramática folk. Um professor de biologia (um trabalho extraordinário do actor Robert Longstreet) e os seus dois alunos fazem trabalho de campo, recolhendo espécies de borboletas e outros insectos. Mas o trabalho corre lento. Ao invés, é a erva, o gin, as pescarias que correm mal e a muita curiosidade sobre o passado e os corpos o que domina os seus dias. A impassibilidade da natureza ajuda Colvin a compor o seu humor deadpan, e a visita de três jovens raparigas dá ao mundo de A Dim Valley uma tonalidade suave e sobrenatural. Amores irrecuperáveis, destinos trágicos, tendas inflamáveis, são pedaços de um puzzle que só aos poucos vai desvelando o véu do erotismo, da descoberta sexual, da amizade. Colvin é o mestre do sorriso triste, da lágrima alegre, daquele sopro de Verão que todos vivemos mais tarde ou mais cedo. (Carlos Natálio)
Brandon Colvin é da cidade de Kentucky. A Dim Valley é a sua terceira longa-metragem enquanto escritor e realizador, seguido de Frames (2012 Wisconsin Film Festival) e Sabbatical (2014 New Orleans Film Festival). É também educador de cinema e académico.