A pintora Ana Marchand sempre se sentiu um tanto deslocada na sua família. Donde lhe viria o amor pela arte e pela viagem? Em jovem viu um livro de viagens escrito pelo seu tio, Maurizio Piscicelli, e finalmente compreendeu. Catarina Mourão (Pelas Sombras, A Toca do Lobo, O Mar Enrola na Areia) acompanha Ana na sua travessia familiar e espiritual. Quem foi Maurizio? Quem é Ana? O rosto de um, o do outro. A reencarnação são as várias vidas que vivemos.
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Foi em pequenina que Ana viu, numa estante da sala, um livro escrito pelo seu tio, Maurizio. Era um livro que relatava a sua viagem pelo Congo, com fotografias que faziam sonhar. Logo depois perde-lhe o rasto, assim como à misteriosa presença daquele parente com quem viria a descobrir ter muito em comum. Já adulta, Ana procurará os traços da vida de Maurizio, como quem busca um pedaço de si mesma. Mourão acompanha essa viagem com o seu cinema, ele próprio também uma arte da viagem, muitas vezes física, outras interior e emocional, despoletado por fotografias e pedaços de memorabilia. Ana e Maurizio é um delicado circuito de olhares, uma viagem pelo palimpsesto e pela sobreimpressão entre tempos, gerações e imagens. Catarina observa Ana que, por sua vez, procura ver o que o tio viu na sua passagem por Benares, na Índia. Tudo muda e nada muda, vem-nos o vento do cinema de Rossellini, mas também do cruzamento de outras viagens de Catarina (Pelas Sombras; A Toca do Lobo). (Carlos Natálio)
Foi em pequenina que Ana viu, numa estante da sala, um livro escrito pelo seu tio, Maurizio. Era um livro que relatava a sua viagem pelo Congo, com fotografias que faziam sonhar. Logo depois perde-lhe o rasto, assim como à misteriosa presença daquele parente com quem viria a descobrir ter muito em comum. Já adulta, Ana procurará os traços da vida de Maurizio, como quem busca um pedaço de si mesma. Mourão acompanha essa viagem com o seu cinema, ele próprio também uma arte da viagem, muitas vezes física, outras interior e emocional, despoletado por fotografias e pedaços de memorabilia. Ana e Maurizio é um delicado circuito de olhares, uma viagem pelo palimpsesto e pela sobreimpressão entre tempos, gerações e imagens. Catarina observa Ana que, por sua vez, procura ver o que o tio viu na sua passagem por Benares, na Índia. Tudo muda e nada muda, vem-nos o vento do cinema de Rossellini, mas também do cruzamento de outras viagens de Catarina (Pelas Sombras; A Toca do Lobo). (Carlos Natálio)