21 filmes concorrem (em programas separados de curtas e longas metragens) aos grandes prémios da Competição Nacional em 2016. Estive em Lisboa e Lembrei de Você, de José Barahona, recria a história de um emigrante que troca Minas Gerais por Lisboa. Pedro Filipe Marques assina a sua segunda longa metragem, O Lugar que Ocupas, uma reflexão sobre o trabalho de actor. Paul, de Marcelo Felix, explora engenhosamente as fronteiras entre criação e objecto através de uma legendadora de filmes que mergulha na obra que tem em mãos. Sérgio Tréfaut está de regresso ao festival com Treblinka, uma viagem guiada por Isabel Ruth à memória do holocausto, pelos caminhos férreos que ligam hoje Polónia, Rússia e Ucrânia.
Nas curtas metragens contamos com alguns regressos e vários realizadores em competição pela primeira vez. Leonor Teles regressa em modo activista e punk com Balada de um Batráquio, vencedor do Urso de Ouro no festival de Berlim. Outros pequenos gestos, quase invisíveis, mas determinantes são o mote para Live Tropical Fish de Takashi Sugimoto. Algumas temáticas de dimensão espiritual e existencialista são abordadas por Jorge Jácome (A Guest + A Host = A Ghost), Pedro Peralta (Ascensão) e Tiago Melo Bento (O Desvio de Metternich). Um olhar sobre a juventude e a amizade, por vezes rebelde, por vezes doce, é traçado pelos filmes de Miguel Tavares (Rochas e Minerais) e Tomás Paula Marques (Sem Armas), com espaço para a memória em O Sul, de Afonso Mota e o vazio em Heroísmo, de Helena Estrela Vasconcelos. O cruzamento de géneros e épocas aparece por Gabriel Abrantes e Ben Rivers (The Hunchback), Filipa César (Transmission from the Liberated Zones) e Pedro Bastos (Cabeça de Asno). A verdade e a mentira são colocadas em causa nos filmes de Simão Cayatte (Menina) e Mónica Lima (Viktoria) e o mistério de uma morte adensa as más-línguas em Campo de Víboras de Cristèle Alves Meira. A competição nacional completa-se com duas animações em tons sombrios, o negro da primeira guerra mundial por Filipe Abranches (Chatear-me-ia Morrer Tão Joveeeeem...) e o negro de uma casa abandonada em Macabre, de Jerónimo Rocha e João Miguel Real.
A secção competitiva Novíssimos dá a conhecer os mais novos cineastas portugueses. É preciso estar atento aos filmes de João Viegas e Miguel Canaverde (Borda d’Água), Bruno Leal (Hora di Bai), Jorge Vaz Gomes, (Jean-Claude), Suzanne Barnard e Sofia Borges (Maxamba), Rita Quelhas (A Minha Juventude), Francisco Duarte (Não-Tempo), Pedro Augusto Almeida (Prefiro Não Dizer) e Ana Mariz (Vigília).
Na secção Director’s Cut, o cinema “como extensão do olho humano” em O Cinema que vê, de Beatriz Saraiva.
No IndieJúnior, três estreias portuguesas: Dona Fúnfia – Volta a Portugal em Bicicleta, de Margarida Madeira, Putos da Estrela, de Carolina Caramujo Machado e Tempo para Pensar, realizado pelos alunos do 6.º ano Colégio Pedro Arrupe.
Tecla Tónica, de Eduardo Morais, integra a secção IndieMusic e é um olhar sobre a história da música electrónica portuguesa, desde os seus primórdios na década de 1960 até ao panorama actual.
As Sessões Especiais incluem a estreia dos filmes Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira, O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu, de João Botelho, A Vossa Terra, de João Mário Grilo (sobre a figura e pensamento de Gonçalo Ribeiro Telles), A Ilha dos Ausentes, de José Vieira (um filme-ensaio sobre a emigração portuguesa em França) e Os Cravos e a Rocha, de Luísa Sequeira (evocação da passagem de Glauber Rocha por Portugal no pós-25 de Abril).