Várias filmes ainda são exibidos no último dia do festival, no entanto, a secção Director’s Cut adormece com a exibição do filme Trespassing Bergman.
As sessões na Cinemateca começam e Head, Tail, Rail parte de um conjunto de bobines 35mm abandonadas em salas de cinema, revelando as imagens veladas e esquecidas pela indústria cinematográfica comercial. A curta metragem do realizador madeirense abre a sessão e anuncia Rosso Cenere. O filme de Augusto Contento e Adriano Aprà volta a um título fundamental da cinematografia italiana, o primeiro dos filmes de Rossellini com Ingrid Bergman, Stromboli, Terra Di Dio (1950), filmado na ilha vulcânica de Stromboli em cuja poética se detém. Rosso Cenere integra imagens de arquivo da cópia restaurada de Stromboli, sequências documentais de Vittorio De Seta e filmes amadores inéditos de Ingrid Bergman. Tem por protagonistas quatro homens originários da ilha que estiveram envolvidos na produção do filme e o próprio Adriano Aprà, crítico de cinema especialista na obra de Rosselini. Às 19 horas, na última Sexta do festival.
Filmado em 1953 (só estreou em 1954) durante a primeira e breve tentativa de Hollywood para aderir à tecnologia 3D, Dial M for Murder serviu de exercício tecnológico da Warner Brothers. Infelizmente, a moda passou antes mesmo da estreia do filme, fazendo com que a sua exibição tivesse tido o formato tradicional. A história centra-se num jogador de ténis, Tony Wendice, que, farto do seu emprego de vendedor de equipamento desportivo, começa a cobiçar a conta bancária da mulher e engendra um plano para a matar e ficar com a herança. Apesar da relutância inicial de Hitchcock em usar o formato, o filme acaba por ser um dos melhores exemplos de sempre do potencial artístico da filmagem em 3D, aliando movimentos de câmara fluídos que acompanham com subtileza o drama a efeitos 3D que aumentam a intensidade da experiência ao colocarem os espectadores no meio da acção. A sessão começa às 23:50, no Sexta, no Cinema City Campo Pequeno.
No dia seguinte, a exibição do filme Mauvais Sang foi cancelada e por isso, as sessões da Cinemateca começam às 19 horas com a curta de Paula Gaitan e a longa metragem de Julia Conte.
Em Memória Da Memória, Paula Gaitán, cineasta, fotógrafa e artista visual, propõe um filme-anotação sob a forma de ensaio a partir de um trabalho em material Super 8. Aquele que não tem limites, pleno de afecto e imaginação, diz a autora. No filme de Julie Conte, Jean-Pierre Beauviala, o protagonista, é apresentado como inventor de câmaras desde 1971. Propondo uma história de cinema, iniciada há quarenta anos em Grenoble, que se cruzou intimamente com a de Jean-Luc Godard (pelo desejo de uma câmara 35mm de características semelhantes à Aanton 7A 16mm, conhecida como o gato), a sinopse de Un Chat Sur l’Épaule acrescenta que as câmaras inventadas por Beauviala nos seus ateliês permitiram um ‚Äòcinema ligeiro, na natureza’. Há cineastas que se lembram. Hoje, já nada é pesado. O mercado está saturado com novos instrumentos. Todos experimentam novos modos de rodar. E Beauviala continua a inventar. A que utopia se mantém fiel? Na Cinemateca Portuguesa, às 19 horas.
A seguir, o filme Ansiktet, infelizmente, não vai ser exibido. Apesar disso, Bergman passa pela Cinemateca. Vargtimmen (Hour of the Wolf) conta a história dum pintor e da sua esposa que mudam-se para uma ilha afastada de tudo para terem outra vida e encontram um estranho grupo de pessoas que vêm exaltar ainda mais as angústias da vida do casal. Uma sessão a não perder que começa às 19:30, 3 de Maio, na Cinemateca Portuguesa.
Para o cessar da secção, Trespassing. O filme de Jane Magnusson e Hynek Pallas sobre Ingmar Bergman trata de facto de uma invasão, filmando a visita de uma série de notáveis à mítica casa do realizador sueco na remota ilha de Faro, construída em 1960 como escolha para uma vida salvaguardada de intrusões. É o espaço de Ingmar Bergman ‚ também o espaço de muitos dos seus filmes ‚ queTrespassing Bergman visita, levando consigo cineastas como Claire Denis ou Michael Haneke, parte de um elenco que, na ilha de Bergman e noutros locais do mundo, evoca a importância da sua vida e obra, e de que fazem também parte Ang Lee, Zhang Yimou, Woody Allen, Francis Ford Coppola, Takeshi Kitano, Holly Hunter, Wes Anderson, Robert De Niro, Martin Scorsese, Isabella Rossellini, Harriet Andersson e Laura Dern. A sessão da noite começa às 21:30 e encerra a participação do IndieLisboa, este ano, na Cinemateca.