Um jovem, demasiado jovem, prisioneiro responde que quer carne e uma coca-cola para a sua última ceia. Mas o título é a única pergunta que realmente lhe assombra a alma.
Secção: Silvestre
Esta instalação de vídeo que roda a 360º, uma comissão do Nagano Art Museum, é um quadro em movimento, quebrando ou enaltecendo a ligação entre pintura e cinema, com imagens sublimes na profusão dos seus detalhes.
Patiño filma a noite em Tóquio como se fosse algo saído de um sonho, sob os signos da solidão e do futurismo. À qualidade hipnótica das imagens, onde as luzes da cidade nos embalam, junta-se a poesia da narração, qual livro de aforismos.
A artista visual Lieselott Beschorner prefere estar sozinha, vivendo no universo artístico que não pára de criar. Mas, ainda assim, permite ser filmada, incluindo nos momentos em que desenhos brotam das suas mãos em segundos. Dominadora e divertida, tem a última palavra.
Adaptação desprendida do livro epónimo de Didier Eribon, Jean-Gabriel Périot pega na riqueza dos arquivos para tecer uma crónica — colectiva e íntima, política e pessoal — da classe trabalhadora francesa desde os anos 50. Os testemunhos de trabalhadores, homens e mulheres, dão forma a uma história que não está sempre na ponta dos dedos.
Desobedece quem se rebela contra figuras de autoridade. Este filme ecoa o “Cordobazo” — uma rebelião popular em Córdoba contra a ditadura militar argentina, em 1969 — através da história de Alicia, uma motorista de autocarro que se junta a uma insurreição contra um regime opressor.
Joey Bernstein, um velho amigo do narrador, tem uma única obsessão: encontrar vestígios de Punctured Sky, um velho jogo de computador cuja mera menção parece ter desaparecido da Internet. Assim começa uma investigação que testa os limites da memória digital.
O trifório é uma galeria interior, mas normalmente aberta, que dá para a nave de uma igreja. Neste filme, passeamos, acompanhados pela música de Laurence Crane, pelo trifório da londrina Westminster Abbey, que esteve escondida da vista humana durante 700 anos.
Nosferasta é um filme co-escrito e protagonizado pelo artista e músico rastafari Oba, que imagina uma história de origem, e uma avaliação do colonialismo, muito particulares. Acompanhamos Oba desde que foi mordido pelo vampiro Cristóvão Colombo, em 1492, até à sua existência pós-vampírica atual.
Como re-imaginar uma tragédia da primeira década dos anos 2000? É essa a centelha que ilumina este filme. Dez anos depois do aparente suicídio de uma adolescente, repensa-se o passado desta perda, que ainda afecta o presente, com a promessa do que o futuro desta rapariga poderia ter sido. Numa história que triangula o Haiti, o Canadá e os Estados Unidos, Tessa regressa ao mundo pelo poder do cinema.
Quando se é estudante e se vive longe dos pais, os amigos são a família. Estudam juntos, comem juntos, partilham tudo e não há segredos — quase se acredita que vai ser sempre assim. Mas a vida não tem os mesmos planos, e a Universidade de Bangui, na República Centro-Africana, é apenas uma sinédoque face a um país em sufoco.
Três raparigas de Viena tentam equilibrar-se numa linha ténue entre apropriação cultural e apreciação cultural. Duas delas ficam fascinadas com algo que lhes é estranho. Uma delas está dividida entre a cultura praticada em casa e a praticada no resto do seu mundo. Ao juntar a esta mistura explosiva um vídeo viral e um encontro com dois jovens demasiado patriotas, as coisas não podem senão começar a dar para o torto. Mas não serve a juventude para testar os limites?
Podia ser o início de um filme de terror. Um casal, Alain e Marie, começa o filme por explicar que não sabem explicar o que lhes está a acontecer. Todos irão pensar que estão loucos. É assim que começa um filme de terror, não é? O cerne da questão talvez esteja no túnel enigmático que surgiu na cave da sua nova casa. Mas talvez não seja um filme de terror. Não dá para explicar.
Um trabalho semi-autobiográfico de Václav Kadrnka e o terceiro filme da sua trilogia sobre a “Ausência de um Ente Querido”. A narrativa envolve uma família cujo pai sofre um acidente cardiovascular e fica em coma, num limbo entre a vida e a morte. A mãe e o filho tentam arranjar forma de, contrariando a falta de esperança dos médicos, o trazer de novo à vida.
Um documentário que abarca o trabalho de equipas de filmagem soviéticas em África, de 1960 a 1990, identificando e debilitando a perspectiva, ou o bluff, dos temas e motivos recorrentes da propaganda associada a este continente.
A segunda parte de um retrato da realizadora enquanto jovem, construído a partir de pinceladas autobiográficas e metatextuais, como a inclusão do duo familiar Honor Swinton Byrne e Tilda Swinton. Depois de um episódio trágico, Julie (Swinton Byrne) redireciona o desgosto para a sua arte, transformada, também esta, numa fantasia pessoal como filme de final de escola. E à medida que tudo progride, também ela vai amadurecendo.
Sara Cwynar é uma artista contemporânea multifacetada e Glass Life é uma viagem pelo seu arquivo de imagens que se torna um comentário sobre sobre o consumo e a nossa cultura visual, num corrupio de obras de arte, fotografias de comida e emojis.
Estamos na estância costeira italiana de Rimini, é inverno e os turistas estão presentes porque conseguiram marcar um quarto por uma pechincha. A animar as hostes de fãs sénior está Ritchie Bravo, um cantor de salão envelhecido com um problema de alcoolismo. Tudo vai de mal a pior quando a mãe dele morre, o pai sofre de demência e está sozinho e a filha de Ritchie, já crescida, exige-lhe uma soma de dinheiro para compensar o abandono parental.