Chloé Galibert-Laîné analisa o Watching the Detectives de Chris Kennedy e os conteúdos produzidos depois dos ataques em Boston. Ao mesmo tempo, Galibert-Laîné usa o Estruturalismo, a montagem cinematográfica e a sua linguagem académica na sua própria investigação.
Um filme que ilumina a forma como se desenrolam verdadeiras investigações em comunidades virtuais, como o reddit ou 4chan, exemplificada pelos acontecimentos que sucederam a tragédia da Maratona de Boston em 2013, através das possibilidades de crowdsourcing.
Um desdobrar do íntimo ao coletivo. A história de amor de Conceição e Orlando Senna, ao longo de quase 60 anos, enreda-se com muitas histórias do cinema brasileiro e, num sentido mais lato, com a história do audiovisual latino-americano.
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A estreia de W.R. – Os Mistérios do Organismo (1971) de Makavejev – que poderemos ver no ciclo “50 anos do Fórum da Berlinale” – provocou um grande debate na sociedade jugoslava de então. A associação entre sexo e o comunismo era tida por ofensiva. A obra de Radovanović retrata esse debate, através de gravações clandestinas da altura, ao mesmo tempo que traça o perfil de uma era do socialismo tardio no país e sua reduzida liberdade artística.
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Foi ainda no Chile que Ruiz começou a realizar esta história de amor incondicional e fantasmas. Em 1973, o Golpe Militar forçou-o ao exílio deixando inacabada aquela que seria a sua primeira longa. Anos depois apareceram as bobinas do que havia sido rodado. Valeria Sarmiento, sua viúva, com a ajuda de especialistas em leitura de lábios, pôde reconstruir os diálogos e terminar este filme sobre um homem a quem lhe aparece o fantasma da sua viúva.
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No início dos anos 70, o situacionista e cineasta René Viénet comprou os direitos de um filme de kung fu chinês e, adicionando-lhe legendas e mais tarde dobragem, transformou-o numa hilariante comédia burlesca avant garde. Era a técnica do “détournement”, que reformulava e recontextualizava obras de arte para certos fins. E assim, um filme de artes marciais passou a conter aforismos revolucionários e lutas opondo proletários e burocratas.
Este filme não é falado e nem legendado em inglês.
A censura no cinema visou produzir um corte ou uma opacidade nas imagens de certos filmes por questões morais ou políticas. Acedendo a cartas dos censores do cinema francês nos anos 50, 60 e 70, imagina-se aqui o que seria isso de uma “estética da censura”.
O trabalho de Ariel de Bigault tem estado ligado às rotas da lusofonia. Em Fantasmas do Império somos guiados pelo actor são-tomense ngelo Torres através do cinema português que explorou o nosso passado colonial. Vários realizadores como Fernando Matos Silva, João Botelho ou Margarida Cardoso ajudam a compreender o imperialismo, o colonialismo, a propaganda vista através desse “álbum de família” que é o imaginário colectivo cinematográfico português.
O cinema iraniano é hoje sinónimo de poesia e humanismo. Mas nem sempre foi assim. Ehsan Khoshbakht, co-director do festival Il Cinema Ritrovato, recorre à sua coleção privada de filmes em VHS e a algumas bobinas que sobreviveram à censura, para nos fazer viajar pelo filmfarsi. Este é o termo que designa o cinema popular anterior à revolução de 1979, onde reinavam os musicais de puxar a lágrima ou filmes cravejados de sexo, violência e comédia.
A nova autobiografia ficcional de Rappaport (The Double Life of Paul Henreid; Chris Olsen – The Boy Who Cried, IndieLisboa 2018) é sobre o actor germânico Conrad Veidt. A primeira imagem que nos vem à cabeça quando pensamos em Veidt é a do sonâmbulo Cesare, no filme Das Cabinet des Dr. Caligari (1920), obra precursora do expressionismo alemão. Contudo, Veidt atravessou todo o mudo e no sonoro procurou livrar-se do estigma do vilão germânico.
Film foi a única obra de Samuel Beckett para o cinema. Nela queria ter imagens de exterior de uma rua, rua essa que descrevesse uma “rua absoluta”. Jan Ijäs dá-nos agora a ver a procura dessa “rua absoluta”, no Verão de 1964, em Nova Iorque.
Por vezes, a cinefilia é encontrar num filme que antecede o sono alguém que não contávamos ver ali. Neste caso, foi a actriz Anna Sten, vedeta do cinema mudo russo, que surge aos olhos de Rappaport, anos depois, num filme dos anos 50 de Edward Dmytryk.
Composto por imagens da obra cinematográfica de Dziga Vertov, “Toi qui!” apresenta-se como um «cine-poema de cine-citações em cine-homenagem à obra do cineasta Dziga Vertov». Vertov é evocado por Claire Angelini, pelo menos conhecido prisma de defensor da causa da emancipação feminina. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Construído a partir de imagens recortadas, deformadas e sobrepostas vindas do imaginário coletivo do cinema, “L’espace commun” é um documento estratificado que testemunha a evolução urbana e cinematográfica. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Da vasta e ainda desconhecida filmografia de Alice Guy-Blaché, pioneira do cinema e uma das primeiras realizadoras da História, “Les résultats du féminisme” aborda as ‘questões de género’: aqui os papéis e imagens de homens e mulheres estão invertidos. A apresentar em rima com “Be Natural – The Untold Story of Alice Guy-Blaché”. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
“Trouble in Paradise” é uma das obras mais cínicas e perfeitas de Ernst Lubitsch, levando a extremos os temas centrais do seu cinema, o sexo e o dinheiro. Uma comédia sobre enganos e mistificações, sobre ladrões de luva branca e joias preciosas, ladrões de e na alcova, para quem o roubo é um estimulante erótico, o prolongamento natural do amor. A apresentar em rima com “Introduzione all’oscuro” de Gastón Solnicki, em homenagem a Hans Hurch. O filme é antecedido pelo registo de um excerto da apresentação do filme por Hans Hurch na Cinemateca, em 2017. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Uma “comédia musical” e uma crónica parisiense passada em 2015. Dois amigos partilham um pequeno apartamento, entregando-se a grandes discussões existenciais. Longe de tais preocupações, um artista em luto amoroso aplica-se, no campo, a ultimar a sua ópera que propõe uma releitura do mito de Orfeu e Eurídice, e vai apresentar o projecto a Paris, onde reencontra a rapariga que o deixou. Quentin Papapietro é realizador, actor, montador, músico e crítico de cinema nos Cahiers du cinéma. “En fumée” é a sua primeira longa metragem, um doce retrato da cinefilia como modo de vida. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
As inquietantes “Three Casualities” de Jens Pecho propõem-se como uma investigação de três cenas de cinema: cenas de acrobacia «que resultaram na morte dos duplos que estavam a interpretá-las». (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)