O derreter do permafrost (ou pergelissolo) é um tema preocupante face a questões relativas às alterações climáticas. Neste filme, é um portal para a realidade se moldar com a ficção, ou mesmo o mito. Diferentes personagens vasculham a tundra da Sibéria em busca de uma rena rara ou de células viáveis do extinto mamute. Durante a odisseia, como saber quando a esperança se torna obsessão?
O planeta continua a aquecer, e a Sibéria sofre um grave degelo. Holgut apresenta a consequente problemática deste aquecimento à medida que espécies extintas se revelam à superfície desta catástrofe. O filme acompanha uma aventura misteriosa de dois irmãos, que procuram as últimas renas selvagens no palco de uma paisagem imensa. Esta espécie torna-se um mito, e o filme caminha para o mesmo objectivo. A natureza vai-se misturando com a fábula, a realidade com ficção científica, e ficamos cativos num conto hipnótico ou eterno feitiço. Holgut realiza uma construção maestra dos limites esbatidos entre documentário e ficção, fazendo-nos reflectir sobre o território da ciência enquanto possível lugar da poesia. (Inês Lima Torres)