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Em poucos segundos, uma nuvem atravessa um campo de margaridas. A imagem primaveril é sobressaltada pela passagem da escuridão. Tão breve, tão fugaz, tão insignificante. É nessa passagem que se forma um poema em 16mm. (Margarida Moz)
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Enquanto trabalhava no documentário “Bergman – Um Ano, Uma Vida” (estreado nas salas portuguesas), Jane Magnusson ficou obcecada com o sinal que Bergman tinha no rosto. “Voz Lipoma” dá voz a essa mancha e ao lado misógino do realizador sueco.
Em 2013, com “O Que se Move”, Caetano Gotardo emocionou uma plateia inteira e quase venceu o prémio do público e o ano passado, com a curta “Merencória”, os casais separavam-se e reuniam-se no entrelaçar de uma balada triste. Agora, com “Seus Ossos e Seus Olhos”, o realizador (e também argumentista, montador e protagonista) lança-nos mais uma vez no baile dos sentimentos, por entre lençóis suados, conversas de sofá, confissões e passeios pela rua. Na tradição de Rohmer ou Sang-soo, mas numa perspectiva queer, este é um filme que nos toca, com a mão aberta, o peito despido.
During the summer of 1990 in Chile, a small group of families lives in an isolated community, in the aftermath of end of the dictatorship. In this time of change and reckoning, Sofía, Lucas and Clara struggle with parents, first love, and fears.
It’s summer on an amusement park in the Paris suburbs. A land of adventures, flirting and transgression for some, a place to hide out or take a break for others. It’s like a childhood kingdom waiting to be explored, resonating with the turmoil of today’s society.
1992. Os últimos herdeiros da prestigiada família Baumann, do sul de Minas Gerais, desaparecem sem deixar rasto. 2017. Uma caixa com cassetes VHS é encontrada, contendo registos dos seus últimos momentos, durante as férias na casa da família. Através da compilação desses arquivos familiares, o filme reorganiza os fragmentos de um mistério até hoje sem solução. A primeira longa de Bruna Carvalho Almeida (após trabalhar como montadora, nomeadamente em “Fabiana”, também presente no festival) é um enigmático filme de fantasmas. Em estreia europeia no IndieLisboa.
Affonso Uchôa (vencedor do Prémio Especial do Júri no indieLisboa 2017 pela longa “Arábia”) dá-nos a conhecer a história de Rafael numa noite interminável, junto à fogueira, em longos monólogos: um dia invadiram-lhe a casa e ameaçaram-no de morte, no outro a sua vida mudou para o pior.
Depois de vencer o Grande Prémio do festival, o ano passado, com “Lembro Mais dos Corvos”, Gustavo Vinagre regressa ao IndieLisboa com uma co-realização com Rodrigo Carneiro (estreante na realização, após uma carreira como montador). À imagem do filme anterior, este é um documentário biográfico altamente encenado onde lenda e facto se fundem na figura de Marcelo Diorio, anfitrião do seu ânus aberto e das suas vidas passadas. Aqui, os seus traumas (os abusos, o HIV) fazem-se tragicomédia literária e o seu charme subversivo não deixa ninguém indiferente.
Numa estética de vídeo-jogo vintage, “Journey to the Magic Waterfall” é uma fábula triste sobre um zé-ninguém a quem é concedido um desejo: ter uma bela voz de rouxinol 8-bit.
Recorrendo ao jogo de vídeo ‘Grand Theft Auto V’, acompanhamos Martin (um hooligan sentimental), numa onda de violência tintada de solidão e desespero: “Martin pleure” (IndieLisboa 2017).
“Notre héritage” reflecte sobre o peso da descendência: Lucas é filho de um conhecido pornógrafo e a sua relação com o pai faz-se através dos seus abusivos filmes. É possível amar sem emoção?
“Chiens”, realizado por Caroline, apresenta-nos um homem que, num país de montanhas e florestas, deixou de reconhecer os seus fiéis cães.