Dois irmãos encontram, no fundo de uma gruta, o seu quarto de infância: Les incapables é uma fábula psicanalítica sobre o acordar da sexualidade.
Secção: Silvestre
O Google Maps encapsula o mundo e todos nós. Fá-lo sem opinião, na sua imaterialidade automatizada, mas o mapa regista as modificações da cidade: Nunca É Noite no Mapa.
Radu Jude é um nome maior da nova vaga do cinema romeno. No IndieLisboa, a sua curta Lampa Cu Caciula venceu a competição, em 2007, assim como a sua longa Aferim! venceu o grande prémio, em 2015. Inimi cicatrizate (vencedor do Prémio do Júri no Festival de Locarno) é uma carta de amor ao escritor romeno Max Blecher, inspirando-se na sua homónima novela autobiográfica. Num sanatório da costa do Mar Negro, Emanuel, que sofre de tuberculose óssea, irá viver uma história de amor com outro paciente, à medida que a sua paixão cresce e os seus corpos decaem.
O filósofo e neurocientista Raymond Tallis conversa sobre a necessidade do outro na formação da consciência humana e sobre cócegas também: Raymond Tallis: Over Kietelen.
Jan Soldat (realizador em foco no IndieLisboa 2015) prossegue os seus retratos sobre a sexualidade e o fetiche: em Protokolle, fala com homens que desejam ser abatidos e comidos.
Depois de, no ano passado, o IndieLisboa ter dedicado um foco ao prolífico Jean-Gabriel Périot (exibindo todas as suas cerca de vinte curtas e a sua longa Une jeunesse Allemande), este ano mostra-se a sua estreia na longa metragem de ficção. Continuando a sua reflexão sobre a história e a violência, Périot regressa a Hiroshima, através do personagem de Akihiro, que está a realizar um documentário sobre os sobreviventes da explosão atómica. Perturbado pelos testemunhos, Akihiro decide vaguear pela cidade, acabando por encontrar Michiko, uma jovem alegre e enigmática.
O grande animador húngaro Franz Winzentsen co-realiza, com Tobias Sandberger, uma inventiva animação com carimbos, que é uma história de circo e um jogo de palavras.
O rebuliço ouve-se lá fora, mas, dentro de portas, a liberdade está primeiro: Os Cuidados que se Tem com o Cuidado que os Outros Devem ter Consigo Mesmos é um manifesto queer.
Cláudio Marques e Marília Hughes (Desterro, IndieLisboa 2013) propõem, em A Cidade do Futuro, um objecto feito de oposições. Por um lado, o documentário: a maior migração compulsória depois da Segunda Grande Guerra, quando cerca de 73 mil pessoas da região Norte da Baía foram deslocadas, para a construção da barragem do Sobradinho, durante a ditadura militar do Brasil; por outro lado, a ficção: três jovens, dois rapazes gay e uma menina grávida, formam uma família fora dos padrões e mal vista pela comunidade. Um filme sobre os mecanismos da mudança.
É Verão, está calor, cinco amigos juntam-se, são jovens, já se faz noite, têm bebida, um carro com rádio e La disco resplandece.
É Verão. Dois adolescentes encontram-se num parque relvado. Ele interessa-se por Sigmund Freud e ela era ginasta, até partir os dois pulsos. Conversam sobre coisas banais, vagueiam à sombra das árvores e apaixonam-se suavemente. Mas o pôr-do-sol marca a hora da despedida. Le parc é uma obra de baixo orçamento, onde o cinema está reduzido ao essencial: uma fábula cativante que caminha para o sinistro e o surreal. A segunda longa metra- gem de Damien Manivel (ex-artista de circo) tem sido comparada a Sud sanaeha (Blissfully Yours), de Apichatpong Weerasethakul.
Der traumhafte weg retrata dois casais, separados por trinta anos: Kenneth e Theres, saltimbancos no Verão de 1984, na Grécia, e Ariane e David, na casa dos quarenta, na Berlim de hoje em dia. Ambos passam por uma crise, que é tanto pessoal como europeia. O oitavo filme de Angela Schanelec, pertencente à chamada Escola de Berlim, preserva o seu estilo minimalista, rigoroso e elíptico, feito de detalhes sugestivos, que revelam a grandeza escondida de um universo amoroso. Uma fábula romântica, que faz colapsar as estruturas narrativas sob o signo do inesperado.
A humanidade e todos os outros animais passeiam alegremente até à sua aniquilação total.
One Floor Below é a mais recente ficção do realizador romeno Radu Muntean, que estreou nas salas portuguesas, em 2011, Terça, Depois do Natal. O filme vive do dilema do seu protagonista, Patrascu, que é testemunha de um ataque violento a uma vizinha, que termina com a morte desta. As suas suspeitas recaem sobre o vizinho, mas Patrascu quer tudo menos problemas, já que leva uma vida cómoda, com um bom emprego, habitando um confortável apartamento de classe média, na companhia da sua mulher, do seu filho adolescente e do seu cão adestrado.
Em Sevince, uma mulher muçulmana está dividida entre ficar na Alemanha e partir com o marido e o filho de volta para a Turquia.
Villeneuve foi um dos projectos utópicos da arquitectura dos anos 1970, o filme reflecte o intervalo entre a alegria e a desilusão sempre com imagens de arquivo.
A irreverência de Shanti Masud (Undead Woman, IndieLisboa 2015) verteu-se em romantismo kitsch neste Jeunesse: um conto de alto-mar sobre a pureza do amor.
O fim da demonização dos negros nos EUA nos anos de 1950 e 1960.