O novo filme de Brent Green (depois da longa de animação Gravity Was Everywhere Back Then ter competido no IndieLisboa 2011) é um deslumbrante conto sobre o amor em tempos cada vez mais negros: A Brief Spark Bookended by Darkness.
Secção: Silvestre
Um ecrã com o formato em que é filmado, essa é A Proposal to Project da artista plástica Viktoria Schmid: onde a natureza se projecta no branco e o cinema acontece, sem filme nem projector.
Accidence, realizado pelo trio Guy Maddin e Evan e Galen Johnson (Bring Me the Head of Tim Horton, IndieLisboa 2016), é uma revisitação hiper-voyeurista de Rear Window, onde os olhos se perdem na multiplicidade de janelas.
115 DB é o cume do documentário observacional: Lucile Chaufour (L’amertume du chocolat, East Punk Memories e Sleeping Image, IndieLisboa 2009, 2012 e 2014) filma uma pista de corrida de motas numa experiência de cinema total.
Em 1916, em Zurique, no Cabaret Voltaire, é lançado o manifesto dadaísta: A DAD é a celebração terrorista e escatológica do mais radical dos movimentos artísticos.
Um casal de idosos percorreu o século XX, embarcando nos estilos de cada década, mas agora tudo está decadente – a moda, os seus corpos e as suas memórias: Colombi.
A austríaca Friedl vom Gröller é um dos nomes maiores do cinema experimental: Atelier d´Expression é um deslumbrante canto silencioso ao movimento dos corpos.
Do ponto de vista de uma criança, há sempre algo estranho nos familiares que aparecem lá em casa: Batfish Soup é a surreal expressão dessa perspectiva.
No documentário de Maria Dumora, conhecemos Belinda em três momentos da sua vida. Aos 9 anos, num lar de crianças, com a sua irmã, quando as autoridades tentam separá-las, mas não há como mantê-las afastadas. Aos 15 anos, a irmã teve um filho e Belinda será a madrinha. Adora vestidos e saltos altos, mas quer ser mecânica. Aos 23, o amor acontece e Belinda apaixona-se por Thierry, querem casar-se, mas ele está preso. Uma história de vida que também é um retrato dos ieniches, a terceira maior etnia nómada da Europa, que não é reconhecida por nenhum dos estados da União Europeia.
O manganês é um elemento químico fundamental para a economia do planeta, presente em baterias e pilhas. Até há pouco tempo, cerca de metade do manganês, a nível mundial, provinha da mina de Chiatura, na Geórgia. Hoje em dia, a cidade parece um cenário pós-apocalíptico. Mas ainda há quem lá viva. City of the Sun, a primeira longa metragem de Rati Oneli, retrata os últimos habitantes dessa cidade fantasma: um professor de música que vende ferro-velho, um mineiro cuja paixão é o teatro amador ou duas atletas subnutridas que se prepararam para os Jogos Olímpicos.
A obra cinéfilo-trash de Bertrand Mandico (Prehistoric Cabaret e Notre Dame des Hormones, IndieLisboa 2014 e 2015) atinge novo cume com Depressive Cop, um filme policial desfigurado.
Lei Lei (Missing One Player, IndieLisboa 2016) pertence à nova vaga da animação chinesa. Books on Books revisita o design dos anos 1960, recorrendo apenas a capas de livros.
O lançamento do primeiro satélite espacial filipino repercute-se na vida (sexual) de um casal de idosos, em Fatima Marie Torres and the Invasion of Space Shuttle Pinas 25.
Num hotel doutra época, uma guerra abstracta decorre num transe meditativo, com soldados congelados num pesadelo surreal à espera de libertação: Gallo Rojo.
Alex Ross Perry é um habitué do IndieLisboa: The Color Wheel e Listen Up Philip competiram em 2012 e 2015 e Queen of Earth foi exibido na secção Silvestre. Depois do mumblecore, da sátira seca e do drama psicológico, agora é a comédia neurótica de Woody Allen que o inspira. Golden Exits faz-se de intelectuais opinativos e crises de meia-idade, só que agora estamos em Brooklyn e não em Manhattan. Esta é uma refrescante e divertida tapeçaria nova-iorquina, com as interpretações de Emily Browning, Mary-Louise Parker, Jason Schwartzman e Chloë Sevigny.
Munido da sua tela de chroma key, Douwe Dijkstra (Voor Film, IndieLisboa 2016) filma pessoas e situações do Brasil actual e baralha-as segundo o seu olhar de estrangeiro confuso.
Hermia & Helena é o quarto tomo da série que Matías Piñeiro vem dedicando aos personagens femininos das comédias de Shakespeare. Neste seu primeiro filme falado em inglês, o realizador argentino fala-nos de Camila, uma jovem encenadora de teatro, que se muda de Buenos Aires para Nova Iorque, no âmbito de um projecto de tradução de Sonho de uma Noite de Verão para espanhol. Piñeiro, no seu reputado estilo, conta uma história sobre a distância (geográfica, cultural e linguística), numa refrescante inventividade que subverte todas as formas clássicas.
Tom Shoval (a sua longa metragem Youth esteve em competição no IndieLisboa 2013) faz de Justification uma elegante fábula sobre a curiosidade e a mentira.