Erwin, uma doninha, vive num semáforo. Signalis acompanha o seu trabalho: verificar se a luz está correcta.
Secção: Sessões Especiais
Durante cinco dias, o realizador Heinz Emigholz esteve com o especialista em trauma Zohar Rubinstein. Nessas sessões, o cineasta reflectiu sobre os seus bloqueios e crises artísticas. Streetscapes [Dialogue] baseia-se nessas confissões, que são agora encenadas pelos actores John Erdman e Jonathan Perel, de modo a expressar o processo criativo de Emigholz. O terceiro capítulo da série Streetscapes torna-se num objecto fundamental para com- preender a obra do realizador alemão: um filme onde os olhares à frente e por trás da câmara são um só.
Uma mãe procura descobrir a causa do assassínio da filha de dezoito anos, nas vésperas do casamento. The Roar of a Mother Bear é um thriller sobre raptos e imigração ilegal, situada na Macau dos anos 1990, quando o governo português concedia facilmente vistos de residência.
Em Grosse Pläne, descobre-se que construir uma maçã autómato é mais difícil do que parecia.
Yuri é um astronauta perdido na infinidade do universo.
A estreia do realizador moçambicano Inadelso Cossa na longa metragem prossegue a sua investigação em torno do passado colonial português – desta feita, a brigada da PIDE que actuava em Moçambique nos tempos do Estado Novo. Uma Memória em Três Atos dá voz àqueles que se viram silenciados durante o regime (presos e torturados ou obrigados à clandestinidade) e fá-lo no confronto com os locais desse silenciamento. Dos sítios, surgem recordações que são capazes de, finalmente, sarar os traumas. Um ensaio sobre a reconciliação, a violência e o dever da memória.
Depois de mais de uma dezena de curtas metragens, que incluem Lição de Esqui e O Completo Estranho, exibidos no IndieLisboa em 2014 e 2015, o realizador brasileiro Leonardo Mouramateus estreia-se na longa metragem com António Um Dois Três. Inspirado pelas Noites Brancas de Fiódor Dostoiévski, o filme retrata os encontros entre António e Débora e a misteriosa forma como as suas rotas se cruzam, uma e outra vez. Filmado em Lisboa, em três partes, cada uma rodada e editada a intervalos de seis meses, esta co-produção entre Portugal e o Brasil (com um elenco repleto de actores e ambos os lados do oceano) é dona de uma pulsante frescura e de um romantismo encantado.
Em Meteoritenfischen, um faroleiro pesca os meteoritos que caem, para manter o farol aceso.
Poucos meses antes da Segunda Guerra Mundial, uma família separa-se em Lourenço Marques: Maria vai para Timor, os irmãos João e José (depois conhecido por Zeca Afonso) vão para Coimbra, para continuarem os estudos. Com o alastrar do conflito ao Pacífico e a invasão de Timor pelo Japão, as comunicações cessam e os três anos no campo de concentração fazem temer o pior. Em Rosas de Ermera, partindo das memórias dos irmãos sobreviventes e das músicas de Zeca, Luís Filipe Rocha conta uma aventura familiar numa época funesta da história de Portugal.
Os perigos do sonambulismo em Nid scho widr!: duas marmotas e um ouriço tentam salvar um amigo dorminhoco.
A Construção da Villa Além é um filme realizado a oito mãos: quatro realizadores, três deles arquitectos, todos preocupados com a relação entre o cinema e arquitectura, filmam a construção de uma casa no Alentejo, da paisagem virgem ao edifício habitado, percorrendo todos os passos intermédios. O olhar atento e rigoroso dos realizadores replica a precisão das linhas rectas do projecto (desenhado, ao longo dos anos, pelo arquitecto suíço Valerio Olgiati e sua mulher, para seu próprio usufruto). Uma casa tão elegante quanto o filme que a retrata.
Filme-Concerto Pré-Inaugural de Os Dias da Música no CCB
Dia 21 de Abril (quinta-feira), às 21h30, no Cinema São Jorge, Mário Marques (saxofonista) e Daniel Bernardes (pianista) apresentam um espectáculo multidisciplinar de homenagem ao etnomusicólogo Michel Giacometti, que servirá de pré-inauguração de Os Dias da Música do CCB. Criado pelos músicos Mário Marques e Daniel Bernardes conta com a edição de imagens e concepção visual de Gonçalo Tarquínio. O conceito do espectáculo é a interacção destes músicos com os cantares e tocares registados por Giacometti, desenvolvendo os temas melódicos ou rítmicos apresentados nos registos.
François Ozon é um recorrente no IndieLisboa, Une rose entre nous conta-nos um improvável engate numa das noites loucas de Paris.
Em Un souvenir de soleil um rapaz procura uma rapariga por entre pinturas enquanto esta lhe fala da luz.
Baseado num romance de Elio Vitorini, Quand le soleil dort retrata a relação entre prisioneiros e soldados alemães durante a II Guerra Mundial.
Em Par amour uma reclusa explica porque matou o talhante, seu amante.
A 25 de Abril de 1974 Glauber Rocha estava em Portugal e junta-se ao filme colectivo As Armas e o Povo: Os Cravos e a Rocha recorda a sua presença disruptiva.
A morte de Manoel de Oliveira deixou um enorme vazio no cinema português. João Botelho secou as lágrimas, passou do luto ao futuro e escreveu assim sobre o seu mestre: “umas vezes ele fez cinemacontemporâneo, mas a maior parte das vezes, mais radical, anunciou o que o cinema devia ser. Antes do tempo, apresentava o futuro”. Mas como o que se trata é da passagem da teoria à prática, o que nesta sessão se assistirá é a um documentário sobre o método e modo de filmar de Oliveira. Documentário de amor mas também documento: contra o esquecimento do maior dos cineastas portugueses.