Colo

O mais recente filme de Teresa Villaverde, estreado na competição oficial do último Festival de Berlim, retrata uma família em desintegração, por acção da crise económica. O pai (João Pedro Vaz) perdeu o emprego e é a mãe (Beatriz Batarda) que sustenta a casa. Colo é um filme silencioso sobre a solidão e acompanha, paralelamente, a filha adolescente (Alice Albergaria Borges), que tenta encontrar o seu caminho por entre as novas limitações financeiras. Fugindo à estagnação e procurando um caminho em frente, esta é uma serena reflexão sobre a falência do modelo social europeu e das expectativas goradas de uma geração desamparada. Um filme, sempre à beira de explodir, que nos recorda do direito fun- damental à felicidade.

Bickels [Socialism]

No segundo tomo da série Streetscapes, Heinz Emigholz centra-se no trabalho do arquitecto Samuel Bickels. Visitamos 22 dos seus edifícios em Israel, muitos dos quais abandonados ou reconvertidos, espelhando o declínio dos ideais socialistas que os originaram. Bickels [Socialism] é um filme que reflecte sobre a ascensão e falência das utopias urbanísticas: no prólogo, o centro cultural Casa do Povo, em São Paulo, organiza uma exibição deste mesmo filme; no epílogo, recorda-se a comunidade israelita Vio Nova, exterminada durante a ocupação alemã nos anos 1940.

Crash

Cai foi trabalhar e deixou a mãe, que sofre de Alzheimer, sozinha em casa. Quando esta desaparece, o filho decide recorrer à (falsa) ajuda das redes sociais: Crash.

Dieste [Uruguay]

Dieste[Uruguay]é a última parte da série Streetscapese é, de novo, um tríptico centrado na arquitectura. No prólogo, examinam-se três edifícios dos anos 1930, de Julio Vilamajó. Este arquitecto terá inspirado Eladio Dieste, cuja obra, entre 1955 e 1994, é o núcleo temático do filme. A câmara de Heinz Emigholz encanta-se com as linhas orgânicas do trabalho de Dieste e as suas ligações com a envolvência industrial. No epílogo, apresentam-se edifícios do arquitecto em Espanha, onde viria a falecer em 2000 – cópias menores das suas anteriores obras monumentais.

Ghost Hunting

Há trinta anos, o palestiniano Raed Andoni esteve preso em Al-Moskobiya, um centro de interrogação em Jerusalém. Com vista a reconstruir as suas poucas memórias dessa experiência traumática, coloca um anúncio no jornal, procurando outras pessoas que igualmente lá tenham estado encarceradas. Com base nos testemunhos, constroem réplicas das salas de interrogatório e das celas e encenam as humilhações que sofreram durante a detenção. Ghost Hunting é um filme de expiação colectiva. Recebeu o Urso de Prata para melhor documentário no Festival de Berlim.

Heimatland

Em Heimatland, um patriota suíço fica em alvoroço quando um estrangeiro se muda para a casa do lado.

I Pay For Your Story

“Conta-me a tua história. Pago-te duas horas de salário mínimo.” Esta foi a proposta que Lech Kowalski (Eastof Paradise e Diary of a Married Man, IndieLisboa 2006) fez aos habitantes da pequena cidade de Utica, onde o realizador cresceu. Outrora uma localidade industrial próspera, é hoje um território em ruínas. Em I Pay for Your Story, ouvimos a voz dos silenciados, na maioria afro-americanos, desempregados, com histórias de dependência. Este retrato impiedoso dos EUA foi considerado um dos melhores filmes do ano pela crítica de cinema Nicole Brenez.

Ich wär so gern so blöd wie Du

Ich wär so gern so blöd wie du é o teledisco animado para a canção homónima da banda de raparigas adolescentes Tic Tac Toe.

I Am Not Your Negro

A 1 de Dezembro de 1987, o escritor negro James Baldwin falecia em Saint-Paul-de-Vence, França. Deixava um manuscrito inacabado sobre as memórias que tinha dos activistas dos direitos civis Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King. Intitulava-se Remember This House. O realizador Raoul Peck partiu dessas trinta páginas, para contar a história do racismo nos EUA. Narrado por Samuel L. Jackson e nomeado para o Óscar de melhor documentário, I Am Not Your Negro retrata um período tumultuoso do século XX, sempre de olhos postos no presente.

La Vuelta

Ao esfregar o chão, um funcionário de limpeza recorda-se das danças da juventude: La vuelta.

Karl Marx City

Nascida na Alemanha de Leste, a realizadora Petra Epperlein (juntamente com o seu marido e co-realizador Michael Tucker) regressa às suas origens, com o intuito de descobrir mais sobre o passado do seu pai. Porque se suicidou ele há quinze anos? Teve algo a ver com o seu envolvimento com a polícia secreta, a Stasi? Afundando-se nos arquivos, a realizadora descobre que a sua vida fora vigiada e documentada, ao pormenor, pela vigilância obsessiva do regime. Uma história de descoberta pessoal que é também uma reflexão sobre o estado de segurança contemporâneo.

Look

Na escuridão de Look, a luz é o centro das atenções e para aqueles que lhe escapam é difícil não ficar só.

Me and My Monster

Me and my Monster conta a história de uma menina com muito medo de monstros.

Les soeurs de coeur

Duas irmãs ajudam um sem-abrigo, dando-lhe comida e tocando-lhe harmónica – Les soeurs de coeur.

Maggoty

Um professor e o seu assistente fazem uma importante descoberta na floresta: Maggoty.

Partition

Os dois vizinhos de Partition vivem separados por uma parede que cada dia se torna mais fina, até que, um dia, uma luz a atravessa.

O Cravo

O Cravo revisita as ruas antigas de Macau, segundo o olhar do cinema noir: um português apaixonado, um coração partido, uma intriga, um beco escuro, as memórias de um território.

Sisterhood

Duas massagistas (Seiya e Kay), na Macau dos anos 1990, tornam-se melhores amigas e criam juntas o bebé de Kay, como uma família. Até que, no dia da entrega do território à China, as duas discutem violentamente e nunca mais se falam. Anos mais tarde, Seiya regressa a Macau, mas apenas encontra o filho da amiga, já adulto, e uma cidade completamente diferente: os casinos e as luzes de néon transformaram a pacata localidade na Las Vegas do Oriente. Sisterhood, da macaense Tracy Choi, é um filme que olha com saudade aquilo que Macau foi e já não é.