As realizadoras Judy Smith, Louise Alaimo e Ellen Sorrin lideraram um processo de produção colectivo, inteiramente no feminino, que deu origem a este importante documento histórico acerca das condições de vida das mulheres no início dos anos 70 em São Francisco.
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Quando Philip Trevelyan conheceu a família Page, a viver num bosque na zona rural de Sussex, ficou fascinado. O pai, septuagenário, vivia com os seus quatro filhos adultos, num mundo à parte, sem água ou electricidade. Estávamos em 1969, mas a família vivia ainda como no final do séc. XIX. Filmado em super 16mm, num estilo realista e observacional, esta é ainda hoje uma fascinante obra de culto sobre o avanço tecnológico e as múltiplas formas de viver.
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É já com quarenta anos e com vários romances publicados que Sembène começa a filmar. Nesta sua segunda curta, considerada por muitos historiadores como um dos primeiros filmes realizado por um negro em África, seguimos um condutor de carroça pelas ruas pobres e desoladas de Dakar.
Esta obra prima de Makavejev esteve banida na Jugoslávia durante 16 anos. Isto porque no filme se estabelece uma relação entre a repressão/libertação sexuais e os sistemas políticos e sociais. A partir de uma relação entre uma mulher jugoslava e um patinador soviético, o realizador homenageia a obra do psicanalista austro-americano Wilhelm Reich. A sua montagem frenética e seus diferentes registos são eles mesmos um orgasmo cinematográfico.
Este filme não é falado e nem legendado em inglês.
O realizador e actor da Mauritânia, Med Hondo, espantou o mundo do cinema com este seu filme inicial (vencedor do Leopardo de Ouro em Locarno), rodado durante quatro anos e com um baixo orçamento. Esta é a luta de um emigrante mauritano em Paris, em face das precárias condições de trabalho, remuneração discriminatória, humilhação e indiferença. Um manifesto original, com influências do cinema verité, da montagem eisensteiniana, da sátira e do absurdo.
Em 1970, membros do Congresso Pan-Africano formaram um colectivo cinematográfico. Um grupo de sul africanos exilados em Londres utilizou imagens de arquivo e vídeos filmados em segredo no seu país para realizar o que seria um dos primeiros filmes sobre o Apartheid.
Nos anos pós-independência, no Senegal mantém-se a influência ocidental. Um ganancioso homem de negócios retira dividendos dessa situação e, como prova do seu sucesso, casa-se com a sua terceira mulher. Mas eis que, ao tentar consumar o casamento, se vê atacado por uma terrível xala, uma maldição que o deixa impotente. Baseada no romance que Sembène escreveu dois anos antes, esta é uma simbólica sátira acerca da impotência social e política do seu país.
A longa metragem inaugural de Sembène é tida como o primeiro filme de um realizador da África subsariana a ter atenção internacional. Baseado num conto homónimo do autor, ela acompanha a vinda, de Dakar para a Riviera francesa, de Diouana, uma jovem senegalesa, contratada como babysitter por um cosmopolita casal francês. Este é um trajeto de silenciosa rebelião, na passagem dos sonhos ilusórios por uma vida melhor a uma realidade de exploração.
Numa crítica aos filmes berlinenses que abordavam os dilemas laborais, mas sempre no masculino, Sander inverte a premissa. Irene, mãe solteira, trabalha numa fábrica de máquinas de lavar e tem de lidar com discriminação, assédio e falta de solidariedade.
Este filme não é falado e nem legendado em inglês.
Durante a 2ª Guerra Mundial, as forças colonialistas francesas do governo de Vichy requisitam o bem mais precioso que têm os habitantes da aldeia senegalesa de Efock: o arroz. A minoria étnica dos Diola reorganiza-se para a resistência: enquanto os anciãos rezam a Emitaï, o Deus do trovão, as mulheres, mais pragmáticas, escondem a colheita. Esta história de silenciosa resistência esteve censurada 5 anos após a sua estreia em toda a África francófona.
Este filme não é falado e nem legendado em inglês.
Dois anos após a abolição da Secção 175 do Código Criminal que criminalizava a homossexualidade na Alemanha, o filme de Praunheim tornou-se uma obra fundamental do cinema político. Desencadeou debates sobre a visibilidade da cultura gay e movimentos pela sua libertação em muitos países. O filme mostra a vinda de Daniel da província para a cidade e sua passagem por diferentes subculturas gay. E ouvimos vozes até aqui em silêncio.
Hondo analisa as condições sociais e políticas dos seus vizinhos em Paris. Migrantes africanos, vítimas de racismo e exploração laboral, cuja situação o realizador retrata entre a gravidade e a falsa leveza.
Esta comédia de enganos começa com a morte de Guelwaar (que significa “o nobre”), padre e ativista católico. Quando a família vem reclamar o corpo à morgue apercebe-se que este desapareceu e que foi enterrado por engano num cemitério muçulmano. Sátira a uma África atolada pelos pequenos conflitos, por uma burocracia paralisante e pelos dogmas e crenças religiosas em confronto. A ironia fina e os pequenos detalhes revelam toda a mestria de Sembène.
A Senegalese middle-aged man, unemployed, lives with his two wives and kids in Dakar. When he receives a money order from his son, working in Paris, bureaucratic problems arise in order to cash the money. Sembène turns his attention, for the first time, to the corruption of daily life in his country, fulfilling his dream to direct a film entirely spoken in his Wolof language. Despite censorship, the film received the international critics’ prize in Venice.
Sarah Maldoror, cineasta maior da causa da libertação africana, assina aqui o seu primeiro filme. A denúncia da tortura no colonialismo português em Angola, bastando uma palavra com significado desconhecido para dar origem à violência.
O último filme de Sembène e segundo de uma planeada trilogia sobre o heroísmo da mulher africana. Numa pequena vila senegalesa, Collé Ardo, a segunda mulher de um próspero agricultor, prepara o casamento de sua filha. Eis que resolve acolher quatro meninas que procuram refúgio na sua casa para escapar ao ritual de “purificação”, que consiste na sua excisão genital. Tal atitude inicia um conflito que divide irremediavelmente os membros da sua comunidade.
Inspirado em factos reais, Niaye narra através de um griot – um contador de histórias africano – o caso de uma jovem cuja inesperada gravidez vem escandalizar a comunidade e agitar os valores tradicionais de uma pequena vila senegalesa.
Este filme não é falado e nem legendado em inglês.