A Poem Is a Naked Person

Les Blank, falecido em 2013, é um dos mais importantes documentaristas norte-americanos do século XX. Realizou filmes intimistas sobre pessoas extraordinárias. A música é uma paixão antiga na sua obra, tendo feito retratos de artistas tão singulares como Lightnin’ Hopkins ou Dizzie Gillespie. A Poem is a Naked Person é um filme póstumo de Les Blank, rodado entre 1972 e 1974, sobre o icónico Leon Russell, músico folk multifacetado que colaborou com várias bandas. O filme mistura momentos íntimos com imagens de Russell a tocar ao vivo.

A Long Way to Nowhere

Entre 2000 e 2003, os The Parkinsons tomaram conta da cena punk, que se julgava defunta por terras de Sua Majestade. Afonso Pinto, Victor Torpedo e Pedro Chau foram os coimbrões que puseram Londres a arder. “Dançávamos, despíamo-nos, atirávamos coisas, mordíamos os pés das pessoas”, conta Victor. Os seus espectáculos rapidamente ganharam fama. Em 2002, o mundo era deles. Depois, foram engolidos pelo seu próprio caos. Este documentário de Caroline Richards inclui imagens dos concertos e testemunhos da banda de Coimbra que fez abanar o mundo.

God Help the Girl

“God Help the Girl” é uma pop opera sonhada e filmada por Stuart Murdoch, compositor de uma das melhores bandas da história da música (os fãs concordarão): os Belle and Sebastian. Depois de lançar um projecto musical com o mesmo título em 2013, Murdoch acabaria por filmar a história que inspirou esse projecto paralelo: uma jovem rapariga que procura escapar-se dos seus problemas pessoais através do poder da composição e das músicas pop, espelho ideal de sentimentos, aspirações e angústias. Uma primeira longa que espelha todo o universo da banda escocesa.

Morphine – Journey of Dreams

“Morphine – Journey of Dreams” não é tanto o retrato de uma banda que já não existe mas daqueles que ainda vivem: antigos membros do grupo, pessoas próximas, palavras que se relembram e que foram escritas durante as suas tournées pelo saxofonista Dana Colley. Por outros termos, as memórias de um som que surgiu nos anos 1990 e que deixou as suas marcas, tal como a morte repentina e inesperada do seu líder e baixista Mark Sandman, em palco, durante um concerto em Itália, uma voz inconfundível que criou, em Portugal e no estrangeiro, um seguimento de culto.

Lee Scratch Perry’s Vision of Paradise

O realizador Volker Schaner acompanhou Lee Scratch Perry, figura maior da música dub e reggae, durante treze anos na intimidade. O resultado não é apenas um olhar sobre o seu contributo para a música – é o retrato de um seguidor sobre um profeta rastafari que atingiu a vida de milhares pessoas através do seu talento e estilo de vida. Um caminho de elevação, reclusão, e, por fim, de revelação musical e espiritual através da vibração da sua música.

Life After Death From Above 1979

Tal como os helicópteros que desciam do céu, em “Apocalypse Now” (1979), para dizimar a paisagem com a inscrição “Death from Above”, a banda com o mesmo nome surgiu, em 2004, com motivações semelhantes: um baixo e uma bateria alimentado pelo fuzz e o napalm. Mas um disco de culto de meia-hora e tournées intermináveis acabariam por interromper o projecto. Mas “Life after Death from Above 1979”, para além de testemunhos do grupo e amigos (Justice, Albert Hammond Jr.), olha para o futuro: discos a solo (Sebastian Grainger and the Mountains), projectos paralelos (MSTRKRFT), uma reunião definitiva e o lançamento do 2.º álbum.

No Manifesto: a film about Manic Street Preachers

“The masses against the classes”: grito de guerra fundado pelos Manic Street Preachers e obedecido em “No Manifesto”, filme que relata a história do grupo de rock galês na primeira pessoa e que o coloca ao mesmo nível que o testemunho de fãs espalhados pelo mundo. Desde a infância de James Dean Bradfield e Nicky Wire até ao surgimento de Richey Edwards, figura tutelar que ainda hoje, após o seu desaparecimento, comanda o grupo em espírito, este documentário é também, inevitavelmente, um filme sobre como a dedicação a uma banda pode ser um gesto político.

The Death and Resurrection Show

A música da banda pós-punk Killing Joke parece sair algures de entre as trevas, o misticismo, ou um sentimento de ameaça sobre a sobrevivência da civilização. Palavras que nem traduzem a sua incrível história e as etiquetas vulgarmente usadas para os géneros onde vivem (punk, industrial, gótico, o que seja). Se a sua influência atravessa algumas das bandas mais conhecidas do rock americano, nenhuma chega ao alcance de uma história oculta que passa por experiências místicas em palco, as pirâmides do Egipto, os segredos das Linhas de Nasca do Peru, ou interpretações proféticas sobre a música e a humanidade.

The Possibilities Are Endless

“The possibilities are endless”: as primeiras palavras que Edwyn Collins, compositor da mítica banda escocesa Orange Juice, pronunciou depois de acordar de uma segunda hemorragia cerebral e internamento hospitalar. Uma das figuras mais emblemáticas da música britânica viu-se obrigado a segui-las: apesar da dificuldade em falar e movimentar-se, ou de tarefas tão simples como pegar numa guitarra, Collins viu uma salvação na sua grande paixão: a música e o seu poder de cura. O filme de Edward Lovelace e James Hall é um objecto à medida dessa zona: a confusão entre passado e presente, uma memória que perdeu as suas coordenadas e se vê obrigada a virar-se para o futuro.

Theory of Obscurity: a film about The Residents

Fatos de smoking, olhos gigantes a cobrir a cabeça e uma cartola – se a apresentação dos Residents é iconográfica, aquilo que se sabe por trás desse “disfarce” é do absoluto anonimato e especulação (bem antes de outros adoptarem semelhantes métodos, como os Daft Punk). No entanto, é esse mistério que garante, a um dos grupos mais singulares da história da música, uma liberdade criativa sem limites. Com origens nas artes plásticas e preferência pelo trabalho conceptual, o experimentalismo dos Residents e a sua teatralidade tornam-nos num dos objectos de estudo mais profundos da música dos últimos 40 anos.

Wacken 3D

Wacken é uma aldeia do norte da Alemanha com pouco menos de dois mil habitantes. Mas a cada Verão, e durante quatro dias, a pequena localidade transforma-se no maior festival de heavy-metal do mundo: Wacken Open Air. Aí mesmo, no meio de dezenas de bandas, muita lama, e muito headbanging, milhares de devotos juntam-se para uma das maiores celebrações musicais do mundo. No cinema, a experiência do festival é reproduzida em 3D. A tela transforma-se em palco, as guitarras entram-nos pelos olhos, e os berros do público mandam nos nossos sentidos. Talvez as colunas de som aguentem e os óculos não caiam no meio do mosh.

Introspective

Na segunda metade da década de 1990, a revista The Wire forjou um conceito controverso: o post-rock. O termo definia a música de algumas bandas cujos estilos não cabiam nos outros géneros predeterminados pela indústria e pelo mercado. Introspective explora as razões fundadoras de algumas delas, as suas palavras e espectáculos ao vivo, propondo um retrato da música indie ou underground como uma alegoria afectiva das nossas sociedades globais.

Música Moderna – Um Disco Filme de Tochapestana

O conjunto TOCHAPESTANA, num contexto performático, chama os nossos corpos pela via do glitter (ou género associado à sua música: baile-turbo-punk). Pela estética dos anos 80 e a sua atracção pelo imaginário popular português, os videoclips do duo musical (onde se inclui o realizador Gonçalo Tocha) espelham o universo do seu álbum “Música Moderna”.

É Dreda Ser Angolano

Aconteceu acidentalmente. Começámos a reunir imagens para o videoclip do Conjunto Ngonguenha e acabámos com 13 cassetes de material. Decidimos pegar nele e ilustrar o álbum inteiro. Esta espécie de documentário é um tributo a um grupo hip hop angolano chamado Conjunto Ngonguenha” e a todos os demais artistas que em Angola conseguem encontrar inspiração na adversidade e contribuem para a criação de uma nova identidade angolana. “

Bananaz

O documentário mostra os processos criativos que deram vida à banda Gorillaz, e os seus dois criadores, o músico Damon Albarn e o artista Jamie Hewlett. Bananaz leva-nos aos bastidores de uma das maiores parcerias criativas dos nossos tempos. Como diz um entrevistador de rádio, É um universo paralelo – estes tipos não estão na banda mas conhecem as personagens animadas que, essas sim, estão.

Živan pravi pank festival

Tomasevac, Sérvia. Zivan prepara-se para as últimas horas que antecedem a sexta edição do seu festival de música punk na sua aldeia natal. Mas sucedem-se os problemas: um orçamento de pouco mais de 100€, um público local que desconhece o evento, bilhetes escritos à esferográfica que não se vendem e, por fim, bandas que não aparecem. Mas a ambição de Zivan e os seus ideais punk tornam-se na chave para ultrapassar os problemas – incluindo lâmpadas fundidas, amplificadores intermitentes, músicos inconscientes que têm de se ir embora. Zivan nunca desistirá até o mundo compreender.)

El futuro

Numa Espanha saída da vitória eleitoral dos socialistas nas legislativas de 1982, um grupo de jovens dança e bebe numa casa onde a atmosfera é festiva e alegre. A tentativa de golpe de estado em 1981 parece ter acontecido há tempo. Agora tudo é futuro e diversão e a festa parece não ter pressa de acabar. O ambiente sonoro ilustra a situação do país, com música new-wave espanhola, de bandas menos conhecidas dos anos 80 que, substituindo os diálogos, conduz o filme ao seu destino, a um outro futuro, o do filme, o nosso presente. Luiz López Carrasco estreia-se na realização a solo com este El Futuro, filmado em 16mm, que reproduz com uma precisão notável os ambientes utópicos, revolucionários e nostálgicos do passado.