Em apenas três anos, a banda de Liam e Noel Gallagher saía de uma garagem, em Manchester, para o maior concerto na história do Reino Unido. Oasis: Supersonic, que recebe o título do homónimo primeiro single da banda, recorre a imagens de arquivo raramente vistas, para descrever a ascensão meteórica dos Oasis numa fase de inocência, antes dos conflitos que culminaram na sua separação (e dos irmãos) em 2009. Produzido pelo realizador de Amy (vencedor do Óscar de melhor documentário), este é um filme revelador sobre uma das bandas mais queridas dos anos 1990.
No Japão, existem cerca de 10.000 raparigas que se intitulam ídolos, independentemente do seu sucesso. O fenómeno das idol girls é definidor da sociedade japonesa contemporânea: cantoras popde modos colegiais e voz aguda, entre a inocência infantil e os gestos sexualizados. Um negócio que rende mais de mil milhões de dólares por ano e que, todos os dias, ocupa as salas de concertos de Tóquio com os seus fãs – na maioria, homens de meia idade. Tokyo Idols é a história de uma série de mulheres presas à imagem de adolescente e de uma série de homens presos às suas fantasias.
Tony Conrad é uma daquelas pessoas a quem se pode chamar um artista total: padrinho dos The Velvet Underground, músico anti-composição, realizador experimental (The Flicker causou escândalo, em 1965), performer, nome maior da avant-garde norte-americana e criador do caos por excelência. Tony Conrad: Completely in the Present foi filmado ao longo das últimas duas décadas e retrata Conrad (falecido o ano passado) como a epítome da contemporaneidade, um homem que viveu contra todas as formas de autoridade, em particular, a institucionalização das artes.
O fenómeno do twerk é-nos apresentado, desde as suas origens paleolíticas até à criação da hashtag, passando pelas suas diferentes vertentes: o modo kawaiide Tóquio, as origens de Nova Orleães ou mesmo o brinquedo sexual “Twerking Butt”. Este animado documentário avalia a moda à volta do passo de dança, reflectindo sobre o empoderamento e a liberdade sexual, a influência da internet nos hábitos globais e os mecanismos da apropriação cultural. O mundo inteiro abana o rabiosque e surge uma nova forma de expressão que quebra todas as barreiras linguísticas e culturais.
Aidan Moffat, o vocalista da banda indie rock escocesa Arab Strap, inicia uma viagem pelo passado da Escócia, ao regressar às suas canções mais anti- gas. Mas esta viagem não se faz sem companhia. No assento do pendura, vai Sheila Stewart, uma senhora de 79 anos, com um espírito indomável. Ela não gosta das novas versões folk das canções e, confrontado com isso, Moffat perde o rumo. Filmado ao longo de três anos, Where You’re Meant to Be é um tocante road movie musical sobre o processo criativo (sem esquecer a batalha épica contra o monstro do Loch Ness).
Beatbox, boom bap autour du monde traça um retrato do beatbox, desde as suas bases musicais na África tribal até ao seu surgimento no hip-hop nova-iorquino dos anos 1980. Percorrendo as manifestações actuais desta sub-cultura fervilhante, o filme leva-nos a conhecer tanto as lendas (Sly Johnson, Doug E. Fresh, Kenny Muhammad, Rahzel ou Babeli) como as jovens promessas francesas (BMG, Flashbox e Alem, sendo que este último acabaria por consagrar-se, em 2015, campeão mundial de beatbox).
Tecla Tónica é um olhar sobre a história da música electrónica portuguesa, desde os seus primórdios na década de 1960 até ao panorama actual. Este filme de Eduardo Morais, autor de vários documentários sobre música, alicerça-se em intervenções preciosas de alguns notáveis, tais como DJ Vibe, Vítor Rua ou José Cid. Uma oportunidade para se redescobrir a alquimia da pop electrónica nacional.
O título de uma das músicas dos Sparklehorse serve de legenda à vida do vocalista Mark Linkous: “triste e bela”. Linkous nunca mais foi o mesmo depois da experiência de quase morte por que passou em 1995 devido a uma overdose. Este incidente lançou uma sombra sobre a sua vida que não mais desapareceria. A música sombria dos Sparklehorse serve assim de espelho para um homem em constante batalha com os seus fantasmas. Este é um filme feito por quem conviveu de perto com Linkous até 6 de Março de 2010, dia em que este decidiu terminar com a sua vida.
Sonita é uma imigrante afegã de 18 anos a viver ilegalmente no Irão. A sua mãe tem o plano de lhe arranjar um marido em troca de um dote. Mas Sonita é uma jovem espirituosa e resoluta que tem o sonho de prosseguir a sua paixão pela música, mesmo vivendo num país onde as mulheres estão proibidas de cantar. Ela transforma os obstáculos da conservadora sociedade iraniana num motivo para inspirados temas rap que desafiam a ordem patriarcal em vigor. A música de Sonita é o principal assunto deste documentário da iraniana Rokhsareh Ghaem Maghami.
“Ele está demasiado ocupado a viver para pensar em morrer”. Elton John fala sobre o seu amigo, a estrela do rock Wilco Johnson, diagnosticado em 2013 com um cancro no pâncreas. Julien Temple faz o retrato de um ser humano incansável que combate a doença em cada arranhão na sua mítica guitarra eléctrica, a mesma que produziu a sonoridade emblemática da banda punk Dr. Feelgood. Invocando excertos de filmes de Buñuel, Bergman ou Tarkovsky, Temple encena o confronto de Wilco com a sua própria morte, sem encontrar nele sinal de auto-comiseração.
Barbara Kopple é uma das mais importantes documentaristas norte-americanas no activo, tendo por duas vezes vencido o Óscar de Melhor Documentário. Harlan County, U.S.A. e American Dream têm em comum o facto de se debruçarem sobre a luta cívica contra a exploração laboral e a injustiça social. Desta feita, Kopple fala de outra batalha: a da vocalista dos The Dap Kings, Sharon Jones, contra um cancro no pâncreas. Rainha tardia do R&B, Sharon Jones procura enganar a morte enquanto usufrui da fama e sucesso que lhe fugiram ao longo da vida.
Música pela mudança, música pela vida. Um grupo pop do Mali combate a ameaça do radicalismo islâmico no seu país usando a música e a palavra como armas. Na companhia da banda Mali Blues está a cantora e actriz Fatoumata Diawara, que ganhou dimensão planetária graças ao filme Timbuktu de Abderramahne Sissako. Este filme reúne o melhor da cultura maliana para uma viagem pela estrada fora por um país que corre o risco de ver as suas formas de expressão amordaçadas pela lei da Xaria.
O documentarista francês Benoît Bourreau faz o retrato de três artistas que partilham experiências numa mesma residência artística. Ao jeito de One+One de Jean-Luc Godard, em que o cineasta suíço documentava os Rolling Stones em pleno acto criador, Bourreau revela o backstage artístico do “”poeta sonoro”” francês Anne-James Chaton, do guitarrista da banda holandesa The Ex Andy Moor e do fundador dos Sonic Youth Thurston Moore. Uma irresistível concentração de talento.
Janis Joplin, “a rainha do rock ‘n’ roll“. A documentarista Amy Berg, nomeada para o Óscar com Deliver us from Evil, mergulha na psique de uma artista tão brilhante quanto acossada. A narração é baseada nas cartas que Joplin escreveu aos pais, amigos e colaboradores ao longo dos anos e que aqui são reveladas pela primeira vez pela voz da estrela indie rock Cat Power. Uma oportunidade para se compreender em toda a sua complexidade uma das maiores estrelas do rock do século XX, morta por overdose quando tinha apenas 27 anos.
Jaco era um “original”. Assim descreve Joni Mitchell aquele que foi um dos mais influentes – e excêntricos – baixistas de todos os tempos. Jaco Pastorius foi um produto do seu tempo: o jazz louco dos anos 70. Ele superou a concorrência por aliar experimentalismo e precisão, autodidactismo e método. A sua vida também oscila entre a ordem e o caos, o sonho do estrelato e o pesadelo da doença e das drogas. Este documentário, produzido pelo baixista dos Metallica, Robert Trujillo, é o definitivo retrato em filme do mítico Jaco.
Emocean promete revelar ao mundo a “verdadeira história” por trás da gravação do terceiro álbum dos Fenster. Esta banda alemã de pop psicadélico realiza um filme com câmaras vídeo, um drone e música original feita para o efeito sobre essa experiência vivida algures entre a alucinação e a realidade. Mas, afinal, o que é a realidade? Esta auto-paródia experimental oferece mais interrogações do que respostas. Os Fenster são uma trip de sensações e emoções oceânicas. O embarque é obrigatório.
Breaking a Monster é um documentário sobre os desafios colocados a uma banda de heavy metal composta por três amigos de treze anos que ascendeu ao estrelato depois das suas vistosas performances de rua se tornarem virais nas redes sociais. Em 2014, os Unlocking the Truthabriram concertos de Guns N’ Roses, Motorhead e Queens of the Stone Age. Descubra a forma como três putos afro-americanos se tornaram sensações da cena metal, alcançando uma dimensão mediática que não esperariam atingir tão cedo. Estarão preparados?
Berlim Ocidental era uma cidade em estado de emergência: uma utopia artística alimentada por uma constante ameaça de guerra antes da queda do muro em 1989. Aí, um conjunto de influências entre a cultura pop e punk, a música e as artes plásticas, e a sua vida nocturna viria a chamar uma categoria especial de emigrantes de toda a Europa, marcando as carreiras de David Bowie, Nick Cave, e bandas como Joy Division, New Order, ou a música electrónica europeia. Berlim Ocidental só voltará a existir nas marcas desse som, aqui relatado pela memória do produtor inglês e cidadão berlinense Mark Reeder.
