Mimaroglu: The Robinson of Manhattan Island

Um retrato de Ilhan Mimaroglu, o pouco conhecido compositor de música eletrónica e avant-garde turca, e da sua mulher, Güngör, que esteve ligada ao movimento dos direitos civis norte-americano, depois de emigrarem para o país em 1959. O filme é construído a partir de vídeos caseiros filmados pelos próprios e outros materiais do seu arquivo pessoal, bem como das suas reflexões e outros testemunhos, e tece uma aventura ao longo de uma vida marcada pelo companheirismo.

Já Estou Farto!

O punk português retratado num documentário focado em João Pedro Almendra, ex-vocalista dos Peste & Sida. Para além de depoimentos de companheiros da sua e de outras bandas, o filme concentra-se no bairro lisboeta de Alvalade, onde Almendra sempre viveu e território de bandas punk nacionais como Ku de Judas, Peste & Sida e os Censurados.

Different Johns

John Cohen é um maverick e um artista de múltiplos talentos. Membro fundador dos New Lost City Ramblers, bem como músico folk gabado por Patti Smith, fotógrafo, antropólogo e cineasta, Cohen teve um papel singular no registo de figuras da cultura popular americana, como os seus retratos de Jack Kerouac, Willem de Kooning, Robert Frank, Allen Ginsberg, Woodie Guthrie e um Bob Dylan prestes a chegar à ribalta.

Poly Styrene: I Am a Cliché

Poly Styrene, da banda inglesa X-Ray Spex, viu os Sex Pistols em 1976 e converteu-se ao punk rock. Este filme, realizado por Paul Sng e pela filha da cantora, Celeste Bell, retrata um ícone musical que se tornou numa inspiração-chave para os movimentos riot grrrl e Afropunk, tendo-se revoltado contra as estruturas racistas, sexistas e opressivas da Inglaterra do final do século XX. O oposto de um cliché.

The Nowhere Inn

Bill Benz, na sua primeira longa-metragem, volta a reunir-se com Carrie Brownstein (da banda Sleater-Kinney), com quem trabalhou na comédia que esta criou com Fred Armisen (Saturday Night Live), Portlandia. Brownstein é a autora do argumento em conjunto com Annie Clark, mais conhecida como St. Vincent. A ideia, neste thriller psicológico em jeito de mocumentário, é explorar quem é a “Annie real” pelos olhos da sua melhor amiga, Carrie.

Patrick

Luke Fowler continua a criar retratos póstumos de figuras relevantes. Neste filme, evoca a vida do produtor musical Patrick Cowley, o pioneiro do Hi-NRG, um género de música eletrónica, no final dos anos 1970, e um artista prolífico da cena cultural de São Francisco.

The Sparks Brothers

Edgar Wright é conhecido por filmes como Shaun of the Dead ou Hot Fuzz, Scott Pilgrim vs the World e Baby Driver. Agora, apresenta um documentário sobre os The Sparks, um duo musical eclético e excêntrico que é apresentado como “a banda preferida da tua banda preferida”. Para falar do mito e dar a conhecer estes irmãos, Wright junta entrevistas de músicos e comediantes, onde há espaço para Beck, Neil Gaiman, Björk, Patton Oswalt, “Weird Al” Yankovic, Jack Antonoff ou até Amy Sherman-Palladino (Gilmore Girls). 

Live from the Centre of the Earth

Live from the centre of the earth leva a nossa ligação primordial à música de volta à caverna pré-histórica. Quando a pandemia parou todas as digressões, a nova banda de Jarvis Cocker, Jarv Is…, decidiu apresentar o seu novo álbum nas profundezas de uma caverna em Inglaterra. Capturado por Iain Forsyth & Jane Pollard, realizadores nomeados aos BAFTA (20,000 Days on Earth). ESTE NÃO É UM FILME AO VIVO – é um FILME VIVO.

A Symphony of Noise

Filme sobre e com Matthew Herbert, compositor de música eletrónica e ativista inglês. Neste documentário, o realizador acompanha Herbert no seu processo criativo ao longo de um novo projeto idiossincrático: escrever um livro em que cada capítulo descreve minuciosamente uma peça de música e é o leitor que tem de imaginar a sinfonia.

Ney à Flor da Pele

Documentário antológico que traça o impacto da música, performances e ideias de Ney Matogrosso, desde a segunda metade do século XX, através de imagens de arquivo dos seus concertos e entrevistas, ao longo das décadas

Eram 27 Dias e Paraste

Documentário de bastidores sobre a apresentação do mais recente álbum de Noiserv, Uma palavra começada por N, no lisboeta Teatro Tivoli BBVA, a 13 de Novembro de 2020.

Caudal

Depois do ano em que o mundo parou, os barcelenses Solar Corona aproveitam o desconfinamento para regressar ao palco. A câmara serpenteia por entre eles, num formato de concerto diferente.

Other, Like Me

Em 1970, na cidade de Hull em Inglaterra, nasceu um colectivo artístico que iria desafiar o mundo da arte. COUM Transmissions, liderado pelos artistas Genesis P-Orridge and Cosey Fanni Tutti, trabalhavam na área da performance, desafiando os limites impostos aos temas do sexo, pornografia e violência. Quando se viraram para a música criaram a banda Throbbing Gristle, precursora da electrónica industrial. Este é um documentário sobre o seu trabalho.

No ano em que o mundo viu desaparecer, com 70 anos, Genesis P-Orridge, fundador dos pioneiros COUM Transmissions e Throbbing Gristle, que se assumia como um ser “pandrógino” na sequência de uma peculiar intervenção cirúrgica de fusão corporal com a sua mulher, este filme conta, pela primeira vez, a história destas bandas através das palavras do próprios elementos. Um grupo de artistas e músicos que trabalharam em diversas vertentes ao longo de muitos anos e que estiveram na génese da música industrial, na Inglaterra da década de 70. A principal ideia era fundir a arte com a vida e defender a libertação pessoal completa – a qualquer custo. Adoptaram novas identidades, levaram a arte ao limite, inventaram um novo género musical, confrontando tabus sobre o sexo, a moralidade e o lado sombrio do ser humano. Toda uma postura e acções que causaram indignação e escândalos na imprensa e na opinião pública e a acusação por parte de políticos de serem “os destruidores da civilização”. Um filme sobre um marco indiscutível na génese da música industrial e nas artes em geral. (Helena César)

 

Ricardo

Em 2014 um gajo apareceu de calções coloridos em palco, para uma performance durante o concerto dos Sensible Soccers no festival Paredes de Coura. Desde aí nunca mais foi esquecido. Mas quem é ele? Ricardo é um mockumentary sobre Ricardo. 

Quem é Ricardo? Não se sabe bem, embora seja também conhecido como o gajo dos calções coloridos. Reza a história que em 2014 apareceu de calções coloridos em palco, para uma performance artística durante o concerto dos Sensible Soccers no festival Paredes de Coura. Desde aí nunca mais foi esquecido. Ricardo é um mocumentário sobre o bailarino Ricardo Bueno e o drama de se esquecer do seu passo de dança. Sofrendo por você, Ricardo. (Carlos Ramos)

 

Show Me the Picture: The Story of Jim Marshall

Muito do que conhecemos da mitologia musical e contracultura dos anos 60 devemos às imagens e ao talento fotográfico de Jim Marshall. São dele algumas das fotografias mais conhecidas de músicos como Bob Dylan ou The Rolling Stones. E ainda momentos marcantes como o último concerto dos The Beatles, os concertos de Johnny Cash na prisão de Folsom ou Jimi Hendrix a queimar a sua guitarra. Esta é a crónica de vida de um artista ímpar, do lado de cá da sua câmara.

“Eu vejo mesmo a música. Esta carreira nunca foi só um emprego, foi a minha vida.”

Jim Marshall – o fotógrafo do rock n’roll – é autor de emblemáticas imagens da história da música. Jimi Hendrix em palco com a guitarra em chamas, Miles Davis sentado num ringue de boxe, o jovem Bob Dylan a andar atrás de um pneu em Nova Iorque, Johnny Cash com o dedo médio espetado para a câmara, Janis Joplin em casa, ou The Beatles no seu último concerto. São inúmeros os momentos captados por Marshall que se tornaram famosos. Um homem de temperamento intenso, vida de excessos e luta contra alguns demónios interiores, que era amado ou odiado, sem meio-termo. “Se ele te amasse, atirava-se para a frente de um camião por ti. Se ele te odiasse, atropelava-te alegremente com o camião”, refere Amelia Davis, responsável pelo arquivo de Jim Marshall.

O retrato do fotógrafo que viveu e morreu como uma autêntica rockstar que nos mostra o seu trabalho e alguns dos mais importantes momentos da música. (Helena César)

SOA

Estamos rodeados por todos os tipos de sons, mas qual o grau de consciência que temos deles? A realizadora e investigadora Raquel Castro tem trabalhado, a partir do conceito de paisagem sonora, a forma como os sons, os silêncios, os ruídos, as frequências, e todos os espectros sonoros – do infra ao ultra-som – caracterizam cada lugar e nos afetam e transformam. Um filme ensaio também sobre cidadania, ecologia e responsabilidade pelo som que geramos.


Imagine-se um outro mundo sem som. Imagine-se ao menos que, como no nosso mundo, não fosse a momentânea ausência de som que o definisse. Eis o que SOA interpela: a ubiquidade do som, desde a mais simples actividade humana hodierna à mais antiga prova de existência de vida. Afinal, se Deus ditou que se fizesse luz, tê-la-á precedido o som da Sua voz. SOA é uma viagem de questionamentos sobre a heterogeneidade do som e, de par com a geografia da complexidade humana, sobre as suas itinerâncias – e sobre nossa capacidade de o escutar. (Filipa Henriques)

The Heart is a Drum

O músico alemão Klaus Dinger foi um dos membros fundadores da banda NEU!, e baterista dos Kraftwerk. Foi também um dos pioneiros da chamada batida Motorik, sonoridade de marca de muita da música experimental alemã dos anos 60 e 70, com influência em artistas como Iggy Pop, ou grupos como os Joy Division ou Primal Scream. Jacob Frössén traça aqui a história de Dinger e a hipótese de um trauma amoroso ter estado por detrás da criação dessa célebre batida.

Podíamos descrever o apache beat do lendário baterista alemão Klaus Dinger como a repetição do 4:4 num padrão melódico que parece infinito; se o fizéssemos estaríamos a reduzi-lo à sua vertente mais mecânica. Através de imagens tão ou mais incomuns que o próprio Dinger, acompanhadas pela contrastante narração de Kim Gordon, somos convidados a descobrir a história de amor que influenciou alguns dos incontornáveis da cena rock alemã da década de 70. The Heart is a Drum é não só um filme sobre o processo criativo que acompanhou Dinger entre os Kraftwerk e os Neu!, mas também sobre o (des)amor que o alimentou. (Filipa Henriques)

White Riot

No final dos anos 70, a Frente Nacional Britânica defendia posições xenófobas de extrema direita. Como resposta nasceu um elemento central do punk rock britânico, o movimento anti-racista Rock Against Racism. O filme de Rubika Shah retrata o surgimento desse movimento, sob o impulso do fotógrafo de música Red Saunders, e ao qual se juntariam bandas como The Clash ou Sham 69, num momento em que uma geração desafiava o status quo através da música..

O RAR – Rock Against the Racism, movimento político e cultural, nasceu em 1976 em Londres como reacção ao aumento de ataques racistas no Reino Unido, ao apoio à fascista Frente Nacional Britânica e ao apoio por parte de alguns músicos à ideia Keep Britain White.

Relevante e oportuno, o premiado White Riot intercala testemunhos com imagens de arquivo, relevando o ambiente hostil e anti-imigrante e as marchas da Frente Nacional. Enquanto os neonazis recrutavam jovens, os concertos multiculturais de punk, rock ou reggae do RAR eram a resistência contra o fascismo. Músicos de vários géneros musicais não só tocavam como participavam na organização das acções. O RAR foi crescendo, desde os fanzines até ao enorme Carnival Against the Nazis, um dos marcos do movimento, em Abril de 1978, que juntou 100.000 pessoas numa marcha pelas ruas de Londres até Victoria Park, onde actuaram bandas como The Clash, Steel Pulse e X-Ray Spex. (Helena César)