Depois de Life in Loops: a Megacities Rem, o músico e realizador Timo Novotny (mais conhecido enquanto elemento dos Sofa Surfers) mergulha no submundo urbano e explora a magia dos metropolitanos de cidades como Nova Iorque, Los Angeles, Hong Kong, Tóquio e Moscovo. Uma experiência cosmopolita de canais subterrâneos e corredores em tubo, por onde se passeiam todos os dias cidadãos que falam línguas diferenres, que vão para lugares diferentes e fazem parte da vida uns dos outros por breves instantes. Debaixo do chão, existe uma calma por oposição à agitação da superfície, as rotinas são respeitadas pelo movimento contínuo e os comboios sucedem-se matematicamente. E cada metropolitano, como cada cidade, tem as suas especificidades e oportunidades.
Secção: IndieMusic
O quinto título da segunda série “Musicbox Club Docs ” é dedicado a Diabo na Cruz.
Peter Whitehead mostrou os lendários Rolling Stones dentro e fora de palco, durante a sua digressão pela Irlanda em 1965, fixando a juventude e ambição da banda nesses anos, a sua idade dourada na opinião de muitos num documentário de meia hora. O filme original foi agora restaurado numa versão consideravelmente ampliada pelo realizador Mick Gochanour e pelo produtor Robin Klein. Por cima das tradicionais canções blues românticas, os Stones sublinharam o erotismo, responderam a um chamamento selvagem do rock’n’roll. Em entrevistas os elementos da banda falam sobre a estranheza da fama, a admiração e o poder que o público lhes concede, a forma como vivem com o estrelato todos os dias ‚ Jagger comenta com genuína surpresa que nunca esperaria que durassem tanto tempo.
Eryk Rocha aprofunda o valor narrativo e emotivo da música, elaborando um retrato do cantor e compositor Jards Macalé, seu amigo de longa data. Um documentário musical invulgar, mais próximo de um ensaio poético, nas palavras do realizador. Além de entrevistas, entramos no dia-a-dia do artista, conhecemo-lo a fundo, ao longo de quatro semanas de gravação do seu novo disco (onde participam grandes nomes da música brasileira como Adriana Calcanhotto). A equipa técnica do filme mistura-se com os músicos em estúdio, entre improvisações e o cansaço dos ensaios. Transparece a amizade entre os dois e o à vontade do realizador com o cantor evidencia-se no material recolhido, no ambiente intimista e na fusão natural da música com o cinema.
A vida de Charles Bradley não foi fácil, mas o seu sonho de ser músico profissional resistiu a tudo e durou-lhe para a vida, para além das difíceis circunstâncias que o podiam ter desmotivado. O filme capta a sua derradeira oportunidade, já com 62 anos de idade, tendo como ponto de partida a gravação e digressão do seu álbum de estreia a solo No Time For Dreaming. Depois de uma vida de pobreza e tragédia, esse enorme álbum de música soul deu-lhe o reconhecimento que sempre lhe tinha escapado. Mas ainda há batalhas para travar. O documentário mostra a luta de Bradley para encontrar a sua própria voz, após anos a tocar versões de James Brown e outros artistas. Os primeiros passos, como uma criança, na concretização de um talento tenaz.
Um curta-metragem abstracta que re-interpreta e reinventa a vida de Kurt Cobain, como se fosse contada através da lente de um sonho.
Os Big Star só se tornaram conhecidos anos depois da sua dissolução. Duas décadas depois do fim, a banda de Memphis foi redescoberta e as suas músicas, ode à adolescência no seu estado mais puro, agridoce, abençoado e amaldiçoado também, encontraram um culto alargado. O realizador conta a sua história e marca encontro com várias pessoas que tiveram algum papel na vida da banda, desde directores de arte a descendentes musicais e bandas que neles beberam influências (REM, The Flaming Lips, Belle & Sebastian, The Replacements, são alguns dos grupos que reclamam essa herança). Com muito material de arquivo inédito, uma parte do filme mostra os críticos de rock que em 1973 foram até Memphis para uma espécie de conferência que acabou por se tornar um lendário concerto de Big Star.
À semelhança dos anteriores documentários da série Musicbox Club Docs, projecto assinado por Paulo Prazeres, Bizarra Locomotiva aborda a história e o universo desta banda singular e mostra momentos de uma actuação ao vivo no clube lisboeta. Os Bizarra Locomotiva são precursores da música industrial no nosso país. A sua história começa em 1993, quando Rui Sidónio (voz) e Armando Teixeira (voz e maquinaria) participaram no Concurso de Música Moderna da Câmara Municipal de Lisboa e venceram, acabando por participar também no aclamado festival francês Printemps de Bourges, em 1994. A locomotiva, bizarra e original, estava em andamento, a todo o vapor.
Art Will Save the World foca-se em Luke Haines. O seu nome não é sinónimo de fama ‚ pelo menos não para a imprensa ‚, mas não é o artista anti-social que poderiam achar. Haines começou na música no final dos anos 80 com a banda indie-pop The Servants, lançou a Britpop e conheceu a fama com os Auteurs e depois desapareceu, optando por uma carreira a solo mais recôndita. O documentário foge a tentar apresentar-nos o verdadeiro Haines, o homem debaixo da máscara, antes prefere dar-nos a ver a beleza dessa máscara. A forma como se aproxima dele, a narração auto-consciente mas cómica de Haines, sem pedir desculpas, tudo concorda com o universo da sua música. O trabalho e o autor manifestam-se em fotografias, músicas, livros de memórias e comentários de amigos como Jarvis Cocker e Arthur Matthews.