Kim, uma actriz coreana, recebe uma carta do realizador japonês Nobuhiro Suwa a convidá-la a vir até Hiroshima para trabalharem juntos num filme. Kim aceita o repto, mas quando chega ninguém sabe onde Suwa está. Kim inicia uma viagem sentimental pela cidade, percorrendo as suas ruas e conhecendo as suas cicatrizes.
Secção: Herói Independente
Projekto mutante filmado e projektado em raves, festas, klubs e tekno-cenáryus de toda a espécye.
Um do-cão-mentário sobre nascimento, perda, e proximidade da morte. O filme acompanha três adultos e uma cadela chamada Lola ao longo da sua gravidez. O nascimento dos seus cachorrinhos, e a passagem dos pequenos cães para as mãos dos seus novos donos. Alternadamente divertido e desgostoso, A PREGNANT MOMENT explora o nosso amor e ligação aos cães e as projecções que lançamos sobre os animais.
Para cada pergunta colocada neste poema visual, apenas uma resposta é possível. E a inevitabilidade é sufocante…
Um homem visita os pais e esvazia a sua alma numa sequência de vinhetas ao mesmo tempo sérias e absurdas. BLOOD TEST começa por explorar os conceitos de identidade e ego, para poder, em seguida, desmontá-los. Numa sessão de psicanálise metafórica (e, por vezes, arrepiante), o homem faz o papel do médico, e os pais ocupam o lugar no sofá do paciente.
Um filme desconcertante e bem-humorado sobre relações amorosas e insectos.
Roteiro cinétiko da obra de Cassiano Branco, destemido e prolífero arquitecto português. A Cidade de Cassiano é uma cine-cidade imaginária: prédios-comboios, janelas-eskotilhas que sofrem temporais marítimos, perseguições policiais em cinemas extintos.
DECIDI! explora a indecisão ou o processo de tomada de decisão. Ou será sobre ambos?
Num bloco de apartamentos em Viena, a passagem do tempo deixou marcas não só nas casas, mas também nos seus habitantes. Em cada andar, e por trás das várias portas, existem micro-universos: resmungões, coleccionadores, esquecidos, obcecados, paixões consentidas, outras proibidas. Mas, um dia, sem aviso, a morte entra de rompante, pela escadaria acima. O dono do edifício, também ele a viver ali, acaba de falecer. O seu sobrinho, um empresário obstinado, herda o prédio e age de imediato. Desaloja pessoas, fica com alguns apartamentos, entrega avisos de despejo, faz obras de renovação, e devasta tudo à sua volta. Para ele, existe apenas um único objectivo: livrar-se dos arrendatários e fazer dinheiro da sua propriedade. Gradualmente, as portas vão-se abrindo e, a cada acto cometido pelo novo dono, os residentes vão-se tornando mais próximos. Um oficial de justiça, com a mania da perseguição, teme um final terrível para esta situação. Embora os sinais que pressinta estejam todos errados, o mundo lá fora acaba por se apoderar do prédio e dos seus habitantes.
Duas mulheres de países diferentes levam vidas diferentes. Uma vive na Áustria, a outra na Jugoslávia. Mas as suas vidas entrelaçam-se por um momento. E se acordássemos na cabeça de alguém e não reconhecêssemos a cidade à nossa volta?
Um homem, um porteiro que trabalha de noite, e dorme de dia, medita sobre a sua solidão existencialista nos confins de um quarto de hotel.
As atribulações de um cineasta verdadeiramente independente em busca de um plano perfeito.
Maio de 2002. Como David contra Golias, o Leixões enfrenta o Sporting na final da Taça de Portugal. Como numa procissão, os adeptos dos dois clubes dirigem-se, com fervor religioso, ao estádio. Através dos seus rostos e das suas reacções, assistimos ao desenrolar do espectáculo messiânico em que o jogo se torna.
Video Performance de e com o poeta Alberto Pimenta. Vídeo e instalação exibido no Cinevídeo-Olho-Espaço Ginjal e no ACARTE CAM-Gulbenkian.
Um drama em três actos sobre a carreira da selecção de futebol austríaca durante o Mundial, em França. Um jornalista, um auditor e a sua mãe, um pensionista, um alcoólico, uma grande família, um treinador de uma equipa de futebol de crianças e um cego assistem, pela televisão, aos primeiros jogos que opõem a sua (pouco talentosa) equipa aos Camarões, Chile e Itália. Emoções ao rubro, patriotismo, esperança e desilusão desfilam em frente ao ecrã. E porque o filme não limita o seu interesse ao futebol, as reacções e os retratos dos fãs sobrepõem-se ao fascínio do desporto-rei, no que é também um pretexto para uma radiografia à sociedade austríaca. Devia ter feito um filme que criticasse o desporto. No entanto, acontece que eu adoro futebol. Esta disparidade haveria de se provar fatal ou fértil. Decidi não colocar a câmara atrás das cenas, e coloquei-me como faria em qualquer jogo de futebol: às vezes, no estádio, mais frequentemente em frente à televisão. (Michael Glawogger)
A escrita de Mary Shelley e a interpretação de Boris Karloff combinam-se para devolver uma re-interpretação do mito de Frankenstein, numa viagem de cinco minutos em que o monstro irá do ódio à aceitação.
Filme da saga Sudwestern integrado nos Movimentos Perpétuos de homenagem a Carlos Paredes, Guitarra Com Gente Lá Dentro tem dois pontos de partida : a voz de Carlos Paredes em discurso directo com o público, no auditório Carlos Alberto, no Porto (1984) e a música dos Dead Combo, uma espécie de guitarra portuguesa a baixa rotação num cruzamento bastardo de western e fado. Entre imagens de C. Paredes ‚Äî nos bastidores do Coliseu dos Recreios, antes de espectáculo com os Madredeus (1991) ‚Äî, e os seus relatos ‚Äî sobre as origens do fado e da guitarra portuguesa no século XVIII e XIX ‚Äî passa o eco de uma Sátira a um Portugal Paralelo em que cowboys e índios são os desempregados…
A cicatriz de uma guerra. A recordação de um filme: Hiroshima, Meu Amor. Um realizador, Nobuhiro Suwa, regressa à sua cidade natal, Hiroshima, para um projecto particularmente arriscado e delicado: refazer, nos dias de hoje, o filme de Alain Resnais. Para os papéis originalmente interpretados por Emanuélle Riva e Eji Okada, o cineasta chama Béatrice Dalle e Hiroaki Umano, para reviverem a impossível história de amor entre uma actriz francesa e um arquitecto japonês. Mas quando a memória da História se começa a confundir com a história do filme, há feridas que se voltam a abrir. E a dificuldade em reviver Hiroshima (não só o filme, mas também o palco de uma tragédia) vai lentamente entranhando-se em toda a equipa. A ficção nada pode contra a realidade. Integrei no meu filme o filme de Resnais não por gostar dele, mas porque não o conseguia evitar. Considero-o como uma espécie de interlocutor, com quem posso manter uma conversa. O filme de Resnais abriu à Europa uma janela para a Ásia. Eu quis abrir a mesma janela, mas noutro sentido. (Nobuhiro Suwa)