Hoje é o dia do desafio. Isto significa que toda a gente tem que praticar desporto. Quem é que hoje em dia não gosta de desporto?
Secção: Herói Independente
O título mais francês de To (à maneira de Melville), delicioso filme de golpadas com toques de realismo mágico e engenho diabólico. Numa interpretação brilhante, a mega-estrela Andy Lau é um mestre do roubo com uma doença fatal (o síndroma do tiquetaque tão popular no fin de siècle do cinema de HK), e organiza, como último gesto, um elaborado assalto de jóias. O seu instrumento é o reputado polícia Lau Ching-wan: os dois compõem o imprevisível jogo de gato e rato que move este clássico do cinema espectáculo. Um caso exemplar de como To se apropria de um género comercial ‚ o filme foi um significativo sucesso comercial ‚ e de como, através do brilho artesanal e da subversão, o volta a propor como arte. (S. Kraicer)
Meticuloso documentário pessoal sobre a aldeia romena de Sulina no Delta do Danúbio. Outrora próspera cidade comercial, Sulina foi vítima do declínio comunista e da confusão pós comunista. Dez anos depois da queda de Ceaucescu, os seus habitantes continuam a viver em condições de extrema pobreza. Apesar da sua desesperada sorte, ainda têm espaço para os sonhos e para o humor.
Primeiro filme de ficção de Cristi Puiu, Avant le Petit Déjeuner segue as personagens de um casal em ruptura, numa história com consequências desastrosas.
Um taxista que anda à procura de clientes, encontra um homem que regressa de Espanha onde trabalha. Durante a viagem até à casa do cliente, ficamos a saber que o taxista também está interessado em deixar o país para ir trabalhar no estrangeiro. Mas depois de assistir à frieza da recepção da família do seu cliente, pensa duas vezes.
Três jovens vindos da Europa Ocidental chegam à Roménia com um transporte de ajuda humanitária. Os habitantes de uma pequena aldeia romena da montanha estão já à espera.
Não há dúvida de que Bucareste é uma cidade cheia de cães. Aqui, homem e cão são duas espécies intimamente misturadas, como as almas danadas do Inferno de Dante. Aqui, o olho humanizado do cão confronta diariamente o olho canino do homem. A nossa cidade tem uma população de mais de 200 mil cães. Há cães ricos e pobres, cães vadios e cães que vão ao cabeleireiro. Este filme documenta a vida desta sociedade paralela, um espelho da sociedade humana de Bucareste.
Está tudo previsto. Um acidente esquisito de automóvel e ele está atrasado. 17 minutos. Ele vai ao bar da ex-namorada. O sítio está vazio e sossegado. Ele gostaria de descansar um pouco.
Para convencer o marido a ficar com ela, Magali simula uma gravidez que lhe dê a visibilidade que julga faltar-lhe. A ideia surge por acaso, quando alguém lhe pergunta se está grávida e na resposta ela resolve alimentar a dúvida. À medida que as pessoas à sua volta vão sabendo da gravidez e se vão disponibilizando em torno dela, o que começou como uma resposta adiada toma uma dimensão real que engrandece Magali e a impede de frustrar o seu protagonismo e as expectativas dos outros. A cada dia que passa a ficção toma conta da realidade e nada parece fazer parar uma Magali de esperanças. Mas o tempo da gravidez não basta ser cumprido, tem de chegar a um termo.
O lema é produzir custe o que custar! Mesmo que não sejamos pagos imediatamente, há que continuar a todo o custo, há que encontrar novos clientes e novos fornecedores. Claire Simon filmou durante seis meses a luta constante de uma pequena empresa de comida pronta para venda em grandes superfícies face às dificuldades constantes para cumprir as obrigações com fornecedores, clientes e empregados. Neste documentário, a câmara observa pacientemente as tensões e a camaradagem entre os vários funcionários – desde cozinheiros a administrativos ‚ e o chefe, um empreendedor tempestuoso. Aqui não há heróis ou vilões, apenas um grupo de pessoas que com as suas imperfeições agem como e sabem de boa fé contra as inúmeras adversidades que enfrentam todos os dias.
Contrariando a ideia de não-lugar, definida por Marc Augé como um espaço de passagem incapaz de dar forma a qualquer tipo de identidade, descaracterizado, impessoal e sem qualquer significado ou história, Claire Simon filma este documentário na Gare du Nord, em Paris ‚ a estação de comboios mais movimentada da Europa e uma das mais movimentadas do mundo ‚ e procura nela as histórias que passam por nós a correr. Sendo uma estação que serve destinos regionais, nacionais e internacionais, todos os dias passam por aqui pessoas de todo o mundo e levam com elas todas as suas histórias. Neste documentário, a realizadora convida Simon Mérabet, um amigo de origem argelina residente no Sul de França, e juntos tentam descobrir quem são as pessoas que passam na estação. Nessas conversas a estação ganha uma vida que não é apenas a do seu corrupio diário mas de um cruzamento de vidas que se encontram, num momento, naquele espaço e lhe dão a forma de um lugar, mesmo que por breves instantes, em curtas conversas e com a pressa necessária para se chegar a tempo de apanhar o comboio.
A história de Lívia, de 15 anos, traça um retrato da adolescência no seu lado mais egocêntrico e destrutivo. A protagonista não tem muito mais para fazer nas férias de Verão do que dar longos passeios a cavalo ao redor da pequena vila provençal onde vive. A sua natureza inquieta as contrariedades a que é sujeita levam-na a focar-se numa obsessão por um bombeiro local, Jean, que a ajuda depois de uma violenta queda de cavalo. Apesar de não ser indiferente à atracção que Lívia sente por ele, Jean é um homem mais velho, casado e sem qualquer intenção de alimentar romances adolescentes. Ao sentir-se preterida, a adolescente torna-se ainda mais obstinada o que, aliado ao gosto pelo perigo característico de uma adolescência rebelde, acaba por ter consequências devastadoras. Filmado ao longo de dois anos na paisagem seca do Verão mediterrânico, Ça Brûle tem uma autenticidade que reflecte a vasta experiência de Claire Simon como realizadora de filmes documentais e que faz sobressair tanto o comportamento desenfreado e impulsivo de Lívia como o inferno da adolescência.
Esta ficção de Claire Simon acompanha o documentário Geographie humaine dedicado ao mesmo tema: a Gare du Nord, em Paris. As histórias que se cruzam na maior estação da Europa são agora encenadas neste espaço mas reflectem a mesma ideia de passagem presente no documentário (e, aliás, recuperam algumas personagens). Filmado inteiramente dentro da estação e nas imediações, Gare du Nord conta as histórias de Mathilde (Nicole Garcia), uma professora universitária a fazer quimioterapia, e do jovem Ismaél (Reda Kateb, actor de O Profeta), um estudante de sociologia em pesquisa para um doutoramento sobre a estação como aldeia global. O encontro dos dois repete-se nos dias movimentados da estação onde voltamos a encontrar algumas pessoas cujas histórias se intersectam. Paralelamente, a pesquisa de Ismaél vai dando a conhecer o lado humano de uma estação de imigrantes, emigrantes, turistas e muitas histórias, não só de quem passa, mas dos lojistas, seguranças, empregados de limpeza, traficantes loucos e sem abrigo que são a alma de uma estação vivida à pressa.
Mimi Chiola é a romanesca protagonista deste singular filme documental de Claire Simon, que a filma em Nice, com canções italianas em fundo. Mimi é fruto de um encontro entre as duas, registando o gosto de contar histórias de Mimi, que percorre as ruas de Nice com a realizadora: uma filma e a outra fala, refere a sinopse. Para Claire Simon, a banalidade contém a ficção e é com a ficção por referente que tem trabalhado os seus filmes documentais: Sempre disse que Coûte que Coûte estava ligado aos filmes negros americanos, que Récréations era Shakespeare para mim. Mimi está ligado a Perec e 800 Km de Différence, a Eustache e Renoir. [‚Ķ] A diferença entre mim e os etnólogos é que eu, quando filmo, penso em Hitchcock, Scorsese ou Godard.
Um pedaço desolado de terra algures no coração da Austrália. Um grupo tribal de aborígenes luta pela defesa de um local sagrado contra os buldózeres de uma companhia mineira. É o lugar onde as Formigas Verdes sonham.
Based on the stage play by Georg Büchner, the film follows the powerful story of the poor soldier Woyzeck driven to madness and murder by the social conditions in which he lives. Shot in Czechoslovakia, “Woyzeck” it’s the third of the five films made by the Herzog-Kinski team.
Um fascinante retrato da tribo Wodaabe do deserto do Saara, cujos membros se consideram a si próprios o povo mais belo do mundo.
O encontro entre o escritor brasileiro Oswald de Andrade, de 18 anos, e a célebre bailarina americana Isadora Duncan, de 40 anos, de passagem pelo Brasil. Transcriação cinematográfica do 4º capítulo do livro de memórias de Oswald de Andrade, Homem sem pr