Super Size Me – a Film of Epic Portions

Porque é que os americanos são tão gordos? É preocupante: o facto de 37% das crianças e adolescentes americanos terem excesso de gordura e dois em cada três adultos terem excesso de peso ou serem obesos. A culpa é toda da nossa falta de autocontrolo ou as empresas de fast food devem ser responsabilizadas? O realizador Morgan Spurlock fez-se à estrada e entrevistou especialistas de 20 cidades americanas. De cirurgiões a professores de ginástica, de cozinheiros a crianças, estas autoridades partilham a sua experiência e as suas opiniões. Durante a viagem Spurlock investiga também através do seu próprio corpo, não comendo nada que não seja McDonald’s durante um mês. Será que uma pessoa pode sobreviver só de comer fast food? O filme explora o horror dos programas alimentares das escolas, problemas de saúde, aulas de educação física, vícios alimentares e medidas extremas que as pessoas tomam para perder peso e recuperar saúde.

Bartolomeu Cid dos Santos – Por terras devastadas

Bartolomeu Cid dos Santos (1931-2008), gravador, pintor, é um dos grandes artistas do século XX. O seu é o mundo crepuscular do fim do Império, ele que criou as primeiras metáforas contra o Colonialismo Português. E que, com renovada vitalidade, se insurgiu contra a Nova Ordem Mundial. Sabendo, com Eliot, que “tempo passado e tempo futuro estão ambos presentes no tempo presente”.

Tarnation

Tarnation começa em 2003 quando Caouette sabe da overdose da mãe, no Texas. Perante as pontas soltas do seu passado, incluindo a herança familiar de doenças mentais, abuso e negligência, Caouette regressa a casa para ajudar na convalescença da mãe. Através dos arquivos da sua juventude vemos Caouette crescer perante a câmara, procurando fugir ao trauma familiar. Depois de se ter mudado para Nova Iorque, na casa dos vinte, e de consequentemente ter encontrado paz, Caouette descobre que os laços familiares nunca se desfazem verdadeiramente. Reacende-se então uma relação comovente entre ele e outra vítima de uma infância tumultuosa – a sua própria mãe Renee.

War

Um trabalho individual de realização efectuado ao longo de quatro anos com câmara à mão, War revela as lutas internas de solitárias personagens no meio de ruínas rurais de uma certa América em vias de desaparecer. Ainda que não tenha um enredo convencional, a narrativa do filme descreve os problemas mais profundos de um lavrador, de um sucateiro, de um vigário e de um rapaz que habita quintas desocupadas e o campo abandonado.

Change pas de main

Change pas de main é a segunda parte do díptico feminino de Vecchiali, depois de Femmes femmes. Uma mulher proeminente na política recebe, em casa, um filme pornográfico protagonizado pelo seu filho. Para tentar descobrir quem está a chantageá-la, contrata uma detective particular. Este policial erótico foi, à data da estreia, encarado como um filme de sexploitation, pela representação gráfica do sexo, mas Vecchiali nunca o renegou, pelo contrário. Um filme de pendor feminista que se diverte a inverter os formalismos do cinema de género.

Chain

A primeira ficção de longa metragem de Cohen reflecte as suas preocupações relativas às discrepâncias sociais e económicas no mundo. Chain acompanha Tamiko, uma empreendedora japonesa, e Amanda, uma jovem dissidente, por uma sucessão de centros comerciais, hotéis, parques de diversões e centros de congressos (filmados em sete países diferentes e onze estados dos EUA), como se fossem parte de uma só estrutura. Apesar de opostas, as mulheres têm experiências igualmente alheadas dos locais. Uma alegoria sobre o poder homogeneizador do capitalismo.

Counting

Counting apura, ao limite do barroco, o trabalho que Jem Cohen vem desenvolvendo sobre as formas do documentário. O realizador encontra um equilíbrio raro entre as componentes mais pessoais do seu percurso e o genuíno interesse pelo mundo. Assim, o filme divide-se em quinze capítulos livremente interligados, compondo uma sinfonia sobre a contemporaneidade: do teatro amador nas ruas de Moscovo à cibervigilância da NSA, passando pelas manifestações do movimento Black Lives Matter. Um filme espontâneo, algures entre o diário e o ensaio político, filmado na Rússia, Turquia e EUA.

Corps à coeur

Pierrot, trinta anos, mecânico. Jeanne, cinquenta, farmacêutica. O Requiem, de Fauré, em concerto na Sainte-Chapelle de Paris. Ele apaixona-se perdidamente, mas ela não aceita o seu amor. Corps à coeur é o filme que Vecchiali gostaria de ter feito quando era pequeno e se apaixonou pelo cinema, nos anos 1930. É a sua homenagem aos melodramas doces de René Clair, Marcel Carné e Pierre Prévert. Um filme sobre a alegria que surge da dor, das lágrimas que lavam a alma. Um soneto interpretado pelos magníficos Nicolas Silberg e Hélène Surgère.

Benjamin Smoke

Quem é Benjamin? Sem apelido conhecido, era vocalista drag queen dos Opal Foxx (renomeados Smoke e cuja música está entre o country, o punk e o jazz), uma criatura renegada, etérea e acelerada, homossexual, dependente de drogas, com VIH e Hepatite C. Benjamin Smoke é o retrato de uma pessoa que se encaminha para a morte, depois de ter vivido uma vida sem freios e sem nunca pedir desculpa por ser quem era. Jem Cohen e Peter Sillen, com a ajuda de Patti Smith (a madrinha musical de Benjamin), fazem deste canto do cisne um documentário muito pouco ortodoxo.

Birth of a Nation

Birth of a Nation visita Washington no dia da tomada de posse do presidente Trump e encontra a tristeza nas ruas.

Crossing Paths With Luce Vigo

Crossing Paths with Luce Vigo retrata Luce Vigo, crítica de cinema e filha do realizador Jean Vigo, e as suas reflexões sobre os mitos que enredam a obra do pai.

C’est l’Amour

Vecchiali surge diante da câmara e explica sobre o que versará o filme – o título não deixa dúvidas: C’estl’amour. Odile descobre que o seu marido lhe é infiel. Como vingança, lança-se nos braços de Daniel, um actor gay. O sexo que fazem é tão garrido quanto as cores do filme e dele surge uma paixão inesperada. Esta é uma tragédia poli-amorosa, feita de canções sensuais e cruising em praias naturistas. Na curta Maladie,é a voz de Vecchiali que nos narra a história de um homem que, dezoito anos depois da morte do pai, encontra o diário onde este descreve a evolução da sua doença (competiu, em 1978, pela Palma de Ouro em Cannes).

En haut des marches

Paul Vecchiali quis fazer, em En haut des marches, uma homenagem à sua mãe, uma mulher frágil, mas dona de uma energia imparável. Para isso, recuperou a estrela do cinema francês dos anos 1930 Danielle Darrieux, para fazer um filme de época, situado em Toulon em 1963. Françoise Canavaggia é a viúva de um apoiante do governo de Vichy que procura vingar-se daqueles que denunciaram o seu marido. À medida que percorre as ruas da cidade, as memórias dos últimos cinquenta anos atormentam-na, reflectindo os fantasmas da guerra da Argélia, que então decorria.

Femmes femmes

Filmado em 16mm, num apartamento fechado, com toda a equipa a trabalhar de graça e feito à base de improvisação, Femmes femmes é uma sátira onde Hélène Surgère e Sonia Saviange interpretam duas actrizes falhadas que transformam as suas vidas numa peça permanente. Entre muito álcool e um fascínio doentio pelas estrelas dos anos 1930, as duas mulheres vivem num mundo tão claustrofóbico quanto charmoso. O filme terá impressionado tanto Pasolini que este, no ano seguinte, com Salò o le 120 giornate di Sodoma, fez uma pequena homenagem a Vecchiali, ao convidar as suas duas actrizes.

Instrument

Instrument resulta da colaboração entre Jem Cohen e a banda Fugazi, descrevendo o percurso do grupo desde a sua criação. Mas, sendo um filme de Cohen, nada há aqui do típico documentário musical. Este é um potpourri de sons e imagens em movimento: 16mm, super 8mm, vídeo, diferentes tipos de material de arquivo, imagens de concertos, gravações em estúdio, entrevistas, retratos e que mais. Tudo isto foi depois editado segundo a musicalidade dos próprios Fugazi, que participaram na montagem. Instrument é um dos mais vibrantes filmes sobre música alguma vez feitos.

Little Flags

Cohen filmou, nos anos 1990, a preto e branco, uma parada militar cheia de confetti: com o passar dos anos, a alegria da cerimónia virou desolação.

Le cancre

Um pai e um filho (o próprio Paul Vecchiali e Pascal Cervo, o seu actor fetiche que surge em muitos dos seus últimos filmes) têm uma relação conflituosa e demasiado emotiva para que consigam exprimir o amor que têm um pelo outro. Ambos são assombrados pelo caminho que as suas vidas tomaram: o filho procura desviar-se da rota preguiçosa da adolescência e iniciar a vida adulta segundo novos termos, o pai vive atormentado pelas paixões de uma vida, em particular, Marguerite, o seu primeiro amor, que nunca lhe saiu da cabeça. Apresentado em Sessão Especial no último Festival de Cannes, o filme conta com as interpretações de Catherine Deneuve, Mathieu Amalric, Annie Cordy, Françoise Lebrun e Noël Simsolo, colaborador de longa data de Vecchiali e também co-autor do argumento.