Um escritor que há seis anos não consegue escrever e vive à custa da mulher, acusa-a de ser responsável pela situação. Os dois separam-se e depois de algumas peripécias o homem é levado a compartilhar um quarto com um imigrante africano, com quem estabelece uma certa cumplicidade. Filmado no estilo realista do cinema francês dos anos setenta trata-se de um filme original, que merece ser redescoberto. Com fotografia de Bruno Nuytten em rima com Nuytten/Film, de Caroline Champetier. (Cinemateca Portuguesa)
Secção: Director's Cut
Poucos realizadores traduziram melhor em imagens a missão primordial do cinema de “tornar visível o invisível”. O realizador de I Walked with a Zombie era um crente no mundo invisível e nas suas forças sobrenaturais. Não há ninguém melhor para nos levar às profundezas do universo de Jacques Tourneur que o seu confesso fã Alain Mazars, um mestre em matemática, licenciado em psicologia e realizador com longo currículo na Ásia, bem como autor de documentários sobre cinema, tais como The Strange case of Atom Egoyan e China and Reality.
Livremente baseado no livro homónimo de Gaston Leroux, enésima das suas variações para cinema, Il fantasma dell’Opera de Dario Argento é um dos exemplos mais célebres do terror gore italiano. Aqui o fantasma vem das profundezas subterrâneas e é interpretado por Julian Sands. Em rima com Fear Itself, de Charlie Lyne. (Cinemateca Portuguesa)
No pico da sua popularidade, a revista Vogue considerava Helmut Berger “o homem mais bonito do universo”. Mas nem tudo foram rosas na vida deste austríaco que foi “a musa” de Visconti na última fase da sua carreira. A morte do mestre italiano marca o início da descida de Berger à depressão e à loucura. Este documentáriodá-nos a ver o seu estado presente: algures entre a tempestuosa demência de um Klaus Kinski e o narcisismo megalómano de uma Norma Desmond, a estrela cadente de Sunset Boulevard. Por tabela, apanha Andreas Horvath, o realizador.
La Ribot filma o ecrã e tapa as estrelas da Hollywood clássica para nos fazer olhar o trabalho dos figurantes, em Film noir 001 //002 // 003.
Charlie Lyne andou nas bocas do mundo por ter sujeitado dois membros da British Board of Film Classification à tortura de assistirem a um filme com mais de 10 horas em que se vê apenas tinta a secar. Este filme de protesto, contra as práticas de censura e exploração desse organismo, tem pouco que ver com o que Lyne ensaia em Fear Itself: uma reflexão sobre as formas do medo a partir da montagem de dezenas de excertos de filmes pré-existentes. Uma montagem feita à imagem do que Lyne fizera com o género do teen movie em Beyond Clueless.
“A perfeição não me interessa”. O fotógrafo e cineasta Robert Frank resumia assim toda a sua arte ao crítico Louis Skorecki em 1989. Já nesta altura Frank se sentia como aquele “dinossauro” que em 1958 estilhaçou o mundo da fotografia de rua com esse retrato desencantado da América chamado The Americans. Em Robert Frank – Don’t Blink, um já nonagenário Robert Frank volta a não pestanejar enquanto olha para trás, revisitando os pontos altos e baixos da sua vida, nomeadamente a sua ligação estreita à Beat Generation.
Virgil Widrich, realizador de Copy Shop (2001), nomeado para o Óscar, e Fast Film (2003), faz de Back Track a sua incursão pelo cinema clássico em 3D.
Uma das obras-primas da cinematografia muda alemã, apesar do argumento não ser dos mais típicos do cinema alemão do período (um polícia é seduzido por uma ladra). O historiador de cinema Siegfried Kracauer classificou-o entre os “filmes da rua”, uma das correntes do cinema alemão mudo. De facto, os cenários exteriores, que descrevem a cidade, são simplesmente extraordinários, ao passo que a iluminação “expressionista” realça os momentos mais dramáticos. Um grande momento de cinema, que também é um dos muitos exemplos da influência que o cinema alemão mudo viria a ter no cinema americano dos anos trinta e quarenta. A primeira sequência reproduz, em estúdio, a zona da Potsdamer Platz, “mais real do que a realidade”. (Cinemateca Portuguesa)
Guy Maddin faz pela vida fazendo de morto na rodagem de um filme de alto orçamento: Bring Me the Head of Tim Horton está entre o making of e o ensaio fílmico.
“Beyond Clueless” junta os nossos filmes preferidos secretos – os clássicos do teen-movie – para nos espelhar as ânsias da nossa adolescência. Muito para além de qualquer estereótipo, o documentário expõe, tal como o título sublinha, um olhar para além da erradíssima ideia de que a adolescência é feita de pessoas perdidas, estranhas e sem interesse. Na verdade, a tela é pequena demais para tantos desejos, fúria ou medo de existir. De Larry Clark a Alicia Silverstone, de Winona Ryder a “Mean Girls”, memórias de Freddie Prinze Jr. e uma narração de Fairuza Balk, a adolescência, como sabemos, é a questão mais profunda das nossas vidas.
“El Adios Largos” reapropria-se de “The Long Goodbye” de Robert Altman.
Kim Longinotto mergulha no arquivo do BFI, entre outras fontes, para criar um objecto singular numa carreira de documentarismo social: a montagem de uma história do amor através da história do cinema britânico, levada pela música de Richard Hawley. “O amor é tudo”: palavras que ecoam no romantismo do músico e que traduzem o olhar sentido da realizadora britânica.
Actores e técnicos com grandes carreiras podem ultrapassar a centena de filmes. Na Turquia, menos de mil talvez não seja tão impressionante. Entre os anos 1960 e 1980, antes dos televisores e de uma lei de direitos de autor, um realizador poderia fazer vários filmes por mês e os seus actores vários por semana: não apenas a enésima versão da mesma história de amor, mas um remake caseiro de sucessos do cinema norte-americano com as mesmas músicas, cenários e “efeitos especiais”. “Remake, Remix, Rip-Off” é uma viagem pela série Z turca: Tarzans, Guerras das Estrelas, ou o Exorcista revistos à sua luz.
“Shadowland”, de John Skoog, traça a sombra das históricas paisagens de John Ford nos dias de hoje.
Escrito e realizado por John Hughes, SIXTEEN CANDLES pode descrever-se como uma comédia de iniciação. De meados dos anos oitenta, segue a personagem de uma miúda prestes a fazer dezasseis anos, um aniversário para ela importante mas que toda a gente à sua volta parece ter esquecido. “It’s the time of your life that may last a life time” / “É o grande momento da tua vida e pode durar a vida toda”, dizia o cartaz.
Um ensaio sobre as actrizes e os espelhos nos filmes de Douglas Sirk.
Uma carta de amor lida sobre os rostos femininos do cinema de Jacques Tourneur.