Argentino Vargas,de 56 anos, chega a Buenos Aires. Espera no átrio do teatro San Martin por alguém que chegue e o leve ao 10º andar a uma projecção do filme em que foi protagonista. Nunca pôs os pés num cinema. Misael Saavedra, que também foi convidado para a projecção, perde-se no teatro à procura da sala. A altura do edifício, as suas salas de espera, as escadas, os elevadores e os workshops são os verdadeiros protagonistas de um mistério encontrado por dois homens estranhos a este cenário.
Secção: Director's Cut
Um estudo de animação da idade digital inspirado pelo trabalho de cronofotografia” de Etiènne-Jules Marey. A cena capital do musical de Hollywood “Singin’ in the Rain” está dividida em sete níveis. Cada um deles move-se a uma velocidade diferente e é igualmente visível em sobreposição. O resultado revela um novo cinema, a música e a dança enterradas na icónica e familiar sequência.
Um imaginativo conto a preto e branco sobre o poder da voz humana, ambientado numa metrópole governada pelo impiedoso Mr. TV. A cidade não tem voz e ele monopolizou as palavras e a imagem. As pessoas veêm televisão e comem os repastos televisivos produzidos pelo Mr. TV. Mr. Tv está a trabalhar num plano sinistro que envolve uma máquina hipnótica que funciona através da televisão para assegurar que doravante a vida seja inteiramente controlada por ele. Para o conseguir, rapta a única pessoa que ainda tem A Voz – uma esplendorosa cantora…
Uma tentativa de reconstruir os acontecimentos do 11 de Setembro, destacando o paralelismo entre os mundos fictícios e as imagens verídicas. Este paradoxo déjà vu constitui um grande desafio ao nosso realismo. Se as imagens documentais são um testemunho gráfico dos acontecimentos reais, as imagens do 11/9 são uma evidência da realização de uma ficção.
Não há muitos realizadores imortais que continuem a inspirar e a influenciar os jovens realizadores. Krzysztof Kie?lowski é um deles. Apesar de ter morrido há 10 anos, a popularidade dos seus filmes é a inegável prova da sua grandeza. O filme inclui uma entrevista com Marta Hryniak, filha de Kie?lowski, a primeira entrevista com um dos membros da sua família.
Síntese dos primeiros 110 anos da história do cinema português, feita quase exclusivamente com material de arquivo proveniente da série de oito episódios História do Cinema Português, produzida por Pedro Efe em 1998, e conjugando excertos de filmes com depoimentos de alguns dos mais destacados intervenien tes dessa mesma história. Tenta-se relatá-la cronologicamente, e apesar de certas lacunas, de um modo acessível, conciso e didáctico.
Lincoln, NM, 14 de Julho, 1881. O bandido de 21 anos Billy the Kid é baleado pelo seu amigo, o xerife Pat Garrett. Nasce uma lenda. Também um rumor. Hoje, uma francesa, a narradora do filme, parte em busca da sombra de Billy the Kid no Novo México. Na mesma altura, o actual xerife de Lincoln, Tom Sullivan, abre um caso de homicídio para investigar as circunstâncias que conduziram à fuga de Kid da prisão e à sua morte. O xerife tem um objectivo: encontrar a verdade. Pat Garrett matou Billy the Kid nessa noite ou Billy the Kid fugiu para o México como reza há um século o boato? Interpretado por Kris Kristofferson, The Kid renasce para relatar a sua própria visão dos acontecimentos.
O filme conduz o espectador numa estimulante viagem por alguns dos maiores filmes de sempre. O guia e apresentador é Slavoj Zizek, o carismático filósofo e psicanalista esloveno. Na sua apaixonada abordagem ao pensamento, vasculha a linguagem escondida do cinema, revelando o que os filmes podem dizer-nos sobre nós próprios. Seja destrinçando os famosos e enigmáticos filmes de David Lynch, ou deitando por terra tudo o que se pensava saber sobre Hitchcock. O filme estrutura-se a partir do próprio mundo dos filmes que discute; filmado em ambientes originais ou em réplicas dos cenários, cria-se a ilusão que Zizek fala a partir do interior dos próprios filmes.
“V.O.” combina imagens de filmes porno homossexuais anteriores a 1985 e som de filmes em língua estrangeira como “La Chienne” de Renoir, “Los Olvidados” de Buñuel ou “Amor de Perdição” de M. de Oliveira. As colisões resultantes – por vezes cómicas, normalmente melancólicas – prestam tributo a uma época passada, não apenas da vida “gay”, mas também da cinefilia.
O protagonista de um filme de Krzysztof Kieslowski (“From a Night Porter’s Point of View”, 1978) revisitado 30 anos depois… Apesar da situação política ser outra, as perspectivas deste homem não se alteraram.
Los Angeles, princípio dos anos 70. “Viva” é um tributo ao melhor aos filmes sexploitation: Ela era uma mulher, doméstica de profissão, à procura de emoções, num mundo de swingers, orgias, bebida e pecado que era o da revolução sexual!
Retrato de um porteiro de uma fábrica, fanático do rigor da disciplina, que estende o seu poder mesmo à sua vida pessoal, tentando controlar tudo e todos na crença de que “as regras são mais importantes do que as pessoas. Isto significa que de um homem que não obedece às regras”, diz ele, “pode dizer-se que é um caso perdido”.
Jack Dowell é psiquiatra. Vive num apartamento em Nova Iorque, numa casa deslumbrante: um espelho, de alto a baixo, reflecte simultaneamente o exterior da cidade e o interior de sua casa. Uma câmara de vigilância regista os detalhes da sua vida privada: sessões de psicanálise, festas e, sobretudo, as suas conquistas sexuais.
Outrora, Pat Garrett e Billy The Kid foram amigos. Agora, estão em lados diferentes da lei. Pat Garrett foi promovido a xerife e faz parte do sistema que Billy detesta com todas as suas forças. “Parece que os tempos mudaram!” anuncia Garrett no início do filme. “Os tempos, talvez. Mas eu não”, é a resposta de Kid. Mas agora quem manda são os rancheiros. E fazem das leis aquilo que querem. E enquanto dura a busca de Pat Garrett por Billy The Kid, melhor ele começa a compreender o seu velho amigo. Quando a busca chega ao fim, já o caçador se tornou na presa. E quando Pat Garrett finalmente mata Billy The Kid, é como um acto traição a si próprio, como se fora um suicídio.
Quando estreou em Julho de 1973, PAT GARRETT AND BILLY THE KID foi acusado por vários críticos de cinema de ser um filme incoerente. Na verdade, durante a rodagem, Sam Peckinpah entrara em guerra aberta contra a MGM, de tal forma que o estúdio o proibira de filmar certas cenas, embora Peckinpah as tenha rodado. Quinze anos após o lançamento de PAT GARRET AND BILLY THE KID, e 4 sobre a morte do realizador, o filme foi restaurado e foram adicionados mais 16 minutos de cenas, que permitem assistir a esta obra como o seu autor a imaginara inicialmente.
Quando estreou, em 1980, The Big Red One não chegava a duas horas, e estava bem longe da versão que Samuel Fuller sonhara para o seu épico de guerra. 25 anos depois, o crítico de cinema Richard Schickel e o produtor Brian Jamieson recuperaram o que puderam do negativo original, considerado irremediavelmente perdido, e devolvem ao grande ecrã The Big Red One: The Reconstruction com mais 40 minutos de filme, naquilo que poderá muito bem ser o que mais próximo existe da visão original de Fuller. Filme de guerra semi-autobiográfico, inspirado nas experiências do realizador ao serviço da Força Especial Big Red One durante a Segunda Guerra Mundial, o filme é um compêndio de histórias de um grupo de militares constituído pelo sargento veterano Possum e quatro jovens soldados que sobrevivem no meio do caos e do horror do conflito mundial. Com mais oito sequências completas, inclui a aparição do próprio Fuller – representando um operador de câmara de guerra ‚ e da sua mulher Christa – representando uma condessa alemã. Delirante e episódico, o filme combina realismo e surrealismo, lirismo e comédia negra, e afirma-se hoje como um olhar moderno e impiedoso sobre a guerra.
O Homem das Mil Faces, o actor do cinema mudo de terror Lon Chaney, é a estrela de A Messenger From The Shadows filme experimental que recupera imagens de de 46 dos cerca de 200 filmes em que participou e que sobreviveram até hoje. Além de actor, foi realizador e caracterizador. Filho de pais surdos-mudos, a pantomina e a expressividade fizeram parte da sua vida desde cedo e acabou por se tornar o mestre do disfarce. O realizador presta tributo à sua arte e ao poder do cinema mudo. As histórias aterrorizantes destas personagens perdidas, entre sombras e escuridão, voltam a ganhar vida e a atmosfera do filme é como um pesadelo-homenagem. Numa verdadeira anatomia do género, Chaney ganha vida num novo filme que reúne as várias personagens grotescas que interpretou.
A Eva debruça-se sobre os devaneios de uma jovem que tenta conciliar o pragmatismo da vida real”, essencialmente traduzido na pressão para encontrar um “emprego”, e a sua visão sonhadora do que a rodeia. Assim, a sua preocupação essencial é a de encontrar uma função para a Beleza e para si mesma.
Segundo filme sonoro de Fritz Lang e a sua última obra na Alemanha, antes da ascensão dos nazis ao poder, Das testament des Dr. Mabuse é uma verdadeira alegoria sobre o novo regime, que seria proibida por Goebbels logo após a tomada do poder pelos partidários de Hitler. Obra-prima cinematográfica absoluta, Dr. Mabuse também é uma arrepiante e perene parábola sobre o mal.