Partindo da sua obsessão de adolescente por comédias românticas, Elizabeth Sankey constrói um documentário com um caleidoscópio de excertos de filmes. As imagens devolvem um trabalho de género (cinematográfico), permitindo uma reflexão sobre os conceitos idealizados das relações amorosas, recorrências e lugares comuns associados. O território de “Romantic Comedy” é atravessado por clássicos como “It Happened One Night”, por títulos famosos como “When Harry Met Sally”, por guilty pleasures como “Runaway Bride”. Um ensaio que questiona o conservadorismo da comédia romântica. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Secção: Director's Cut
Retrato filmado de Robert Mitchum por Bruce Weber, o conhecido fotógrafo americano que filmou o actor em finais dos anos 1990, em encontros com amigos, saídas nocturnas, a cantar e a gravar canções para um disco que não chegou a acontecer. O material, filmado em 16 e 35mm, película preto e branco, foi guardado aquando da morte do actor, em 1997, e retomado para este tributo que conta com participações de Johnny Depp, John Mitchum, Frances Fisher, Benicio del Toro ou Al Ruddy. “Nice Girls Don’t Stay for Breakfast ” evoca o actor nas suas surpreendentes facetas. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
O argentino Gastón Solnicki filmou um retrato da cidade de Viena inspirado na vida de Hans Hurch, director da Viennale durante 20 especiais anos, depois do súbito falecimento deste em 2017. Conheceram-se quando o realizador apresentou “Süden”, em 2008, na Viennale, marcando o início de uma bela amizade (filme que passou, depois, no IndieLisboa 2009). Hurch foi crítico e programador de cinema, e entre várias outras coisas assistente de Straub e Huillet, no teatro e no cinema. “Introduzione all’oscuro”, fotografado pelo português Rui Poças, propõe um itinerário pela cidade de Hans Hurch, a quem é delicadamente dedicado. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Norbert Pfaffenbichler retoma a série de títulos “Notes on Film” centrados em actores famosos de Hollywood, depois de termos exibido “Conference” sobre a representação de Hitler no cinema, “A Masque of Madness” sobre Boris Karloff, “Mosaik Mécanique” sobre a comédia slapstick e “A Messenger From The Shadows” sobre Lon Chaney. “Invest in Failure” propõe uma original abordagem à persona cinematográfica de James Mason a partir de excertos dos cerca de 160 títulos do actor. Em filmes menos e mais conhecidos, Mason foi sempre Mason, na tese de Pfaffenbichler. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
3 catástrofes, podia dizer-se a propósito deste filme de Paul Grivas que remete para o cinema e o pensamento de Jean-Luc Godard no mundo contemporâneo em que vivemos, revelando imagens da rodagem de “Film Socialism”. Como afirmou Nicole Brenez: «Em 2010, o filme de Godard explorou o naufrágio dos ideais políticos na Europa. Em 2012, o Costa Concordia, que servira de plataforma alegórica a Godard, vai ao fundo diante das câmaras dos passageiros e do mundo inteiro. Em 2018, “Film catastrophe” de Paul Grivas olha as imagens do desastre para revisitar a fábrica do cinema». (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Um retrato de Anna Karina por Dennis Berry, seu cúmplice de longa data (casados desde 1982), também actor de Éric Rohmer (“La Collectionneuse”) ou André Téchiné (“Paulina s’en va”), e seu realizador em “Chloé”. Numa sala de cinema de cadeiras vermelhas, Anna Karina comenta o seu percurso no cinema e na música, os encontros decisivos com Jean-Luc Godard e Serge Gainsbourg, mas também as colaborações com realizadores como Jacques Rivette, Luchino Visconti, George Cukor, Volker Schlöndorff, Rainer Werner Fassbinder ou Raoul Ruiz (todos incluídos na retrospectiva que agora dedicamos à actriz). (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Depois de “Les quatre cents coups”, Truffaut filmou a continuação das aventuras de Antoine Doinel. Ele apaixona-se por uma rapariga que conhece num concerto de música clássica, corteja-a, mas acaba por ser rejeitado quando se torna amigo dos pais dela. A apresentar em rima com “En fumée” de Quentin Papapietro. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
A pioneira Alice Guy-Blaché foi uma das primeiras realizadoras da História, mas a sua própria história continua a ser mal conhecida. Pamela B. Green traça o percurso ímpar de Guy-Blaché, em França e nos Estados Unidos, a partir de uma investigação documental que mostra material de arquivo dos filmes (creditados ou não) da realizadora. Assumindo um lado detectivesco e o cariz de tributo, “Be Natural”, narrado por Jodie Foster, apresenta-nos a impressionante e inovadora produção de Guy-Blaché, com mais de mil títulos até 1919, cujo trabalho caiu, até agora, no esquecimento. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Mark Rappaport (presença regular do festival) evoca a filmografia de seis décadas do actor americano Will Geer, character actor também conhecido pelo seu activismo em causas sociais: o avôzinho da América que era afinal gay e comunista. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
«O único pesadelo lírico do cinema,» segundo as palavras de Ian Cameron, mostra Jean Simmons como uma jovem da alta burguesia que é um «anjo da morte» e acaba por se destruir a si própria. Sombrio melodrama com conotações psicanalíticas, “Angel Face” é também uma variação sobre o tema da mulher maléfica, tão presente no cinema americano deste período. Mitchum é o seu amante, um homem que a mulher arrasta para o crime e que é incapaz de dominar a situação. A apresentar em rima com “Nice Girls Don’t Stay for Breakfast” de Bruce Weber. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Die Frau meiner Traumen é exemplar da estratégia de produção cinematográfica do Terceiro Reich como caso supremo do cinema “escapista” durante a guerra. O filme abre e fecha com dois espectaculares números musicais, entre os quais se dá a ver uma história de amor interpretada pela mais famosavedeta do cinema alemão dos anos 40, Marika Rökk. Ficou célebre pelos referidos números musicais, pelo uso do Agfacolor e pela estilização dos cenários. Este é um dos filmes que Rüdiger Suchsland analisa em Hitler’s Hollywood (programado no Director’s Cut).(A partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Depois de quase dez anos sem filmar uma longa, Lucrecia Martel regressou ao setcom Zama. Sabendo disto, o jovem realizador argentino Manuel Abramovich (cuja primeira curta, La reina, o IndieLisboa já havia exibido em 2014) contactou a realizadora perguntando-lhe se podia documentar alguns dos dias da rodagem. Não foi fácil, mas conseguiu. Años luz é um raro documento sobre o processo criativo de uma das artistas mais influentes da última década. Um filme que revela, em longos planos observacionais, a sua postura inabalável e a sua meticulosa direcção.
O mais recente filme de Teresa Villaverde (cujo Colo foi o filme de abertura o ano passado) é um retrato de amigos e de cumplicidades, um encontro proporcionado pelo cinema que vai para lá do cinema, e começa com imagens do realizador italiano Tonino De Bernardi e imagens de Elettra, título fundamental da sua singular filmografia iniciada em finais dos anos 60. “Filmado em Itália com a família do cineasta Tonino De Bernardi, um filme sobre a transmissão entre gerações, sobre o respeito que todos têm uns pelos outros, pela vida, e pela arte.”(A partir do texto da Cinemateca Portuguesa)
Gustav Deutsch (FILM IST. a girl & a gun e Shirley‚ Visions of Reality, IndieLisboa 2009 e 2013), compõe, em how we live – messages to the family, uma série de filmes caseiros (do Super 8 ao digital), produzidos por emigrantes espalhados pelo mundo. As suas filmagens funcionaram, à época, como actualidades para os vizinhos e familiares que não podiam viajar. Hoje em dia, também as imagens em movimento (através da rede) têm esse poder de nos colocar no outro lado do planeta, com aqueles que nos fazem falta. Uma tocante reflexão sobre o poder das imagens na construção de uma ideia de família.
Quando Johann Lurf viu Stromboli reparou que na cena no topo do vulcão o céu estrelado era uma tosca composição de luzinhas sem grande rigor científico. Desde então vem recolhendo planos de céus estrelados em filmes de ficção, tendo identificado, até ao momento, mais de 550 títulos. ★ é o filme que compila cronologicamente todos esses planos. Uma viagem pelo espaço astral que passeia também pela história do cinema: os vários formatos e suportes, os sistemas de cor e som e a evolução dos efeitos especiais. Um lúdico ensaio que inclui planos de dois filmes portugueses. Consegue adivinhar quais são?
Em 1975, os irmãos Maysles estreavam Grey Gardens, o extraordinário documentário sobre duas excêntricas primas de Jacqueline Onassis. Mas na verdade, três anos antes, os irmãos já haviam visitado o casarão decrépito e filmado as duas mulheres, num projecto nunca terminado. Göran Olsson (Concerning Violence, IndieLisboa 2015) recupera essas imagens nunca exibidas, cruzando-as com outras rodadas por Andy Warhol e Jonas Mekas. Entramos assim mais fundo no universo das Edies (no seu glamour decadente) e compreendemos melhor uma das duplas mais importante do cinema directo norte-americano.
Paul Henreid ficou na história do cinema como aquele que cantou fervorosamente a marselhesa em Casablanca. Mas a sua carreira foi marcada por duas fases: o galã exótico (durante a guerra) e o terrível nazi (no pós-guerra). A história esquecida de uma vida dupla.
Quão neutra é uma tela branca? Muito pouco. Nela projectamos os nossos desejos, sonhos e receios. E será que a tela nos olha de volta? O cinema como uma estrada de dois sentidos.