Por mais calma que a superfície do oceano aparente ser, de cada vez que atravessamos a linha que divide a terra e a água entramos num mundo inesperado e desconhecido. O nosso mundo permanece o mesmo pela altura em que voltamos a terra?
Secção: Competição Nacional
Em Moçambique no início da década de 1990, uma vez dissipada a Guerra Civil, um rapaz sensível chamado Muidinga luta para sobreviver sem a presença dos pais, há muito desaparecidos em paradeiro incerto. Quando a história começa, Muidinga depara com um diário encontrado junto de um corpo sem vida que fala de uma mulher embarcada que procura o filho de quem está separada. Convicto de que a mulher em causa é a sua mãe, ele embarca numa longa viagem à procura dela, rapidamente encontrando um companheiro de viagem, Tahir, mais velho do que ele. Os dois lançam-se numa jornada por entre campos de refugiados, esperando encontrar pelo menos um rasto da mulher que trouxe Muidinga ao mundo.
Um homem e uma mulher, desconhecidos um do outro, ficam seis horas presos num elevador. Miguel tem nas mãos um envelope com o resultado do exame a um cancro e não tem coragem de o abrir. Ana está aterrorizada com o rato que lhe invadiu a casa, pelo que em parte se sente aliviada por estar fora do apartamento. Estes dois desconhecidos tornam-se cada vez mais próximos, e acabam mesmo por ser a resposta ao problema um do outro.
Os últimos habitantes da Azinhaga dos Besouros, na periferia de Lisboa, não têm direito ao realojamento. Vivem a demolição do seu bairro, onde no futuro irá ser construída uma via rápida.
Coloquei a picareta numa das juntas de mármore e pressionei com força. Pressionei e pressionei. Aí estava James Joyce. Olhei para o céu e não fui capaz de encontrar a lua. Baseado no conto O Cadáver de James Joyce de José Luís Peixoto.
Documentário sobre Ovinologia em Portugal. Tudo começou em Fátima ou mesmo antes. São muitos os que se dedicam à causa. Os OVNIS não são apenas manifestações da literatura e do cinema de Hollywood. Muitas pessoas em Portugal procuram evidências e modos de comunicar com a vida inteligente extraterrestre.
Faz agora sete meses que a Blé, minha mãe, morreu. Estou em frente do mar de S. Miguel-Açores, a terra da família distante. Encontro a tia-avó Maria do Rosário, 91 anos, à procura do seu momento para partir. Fala-me de Deus e morte. À sua volta, os bebés nascem. Durante o dia nadamos no mar da ilha, negro, vulcânico. É aqui que encontro a Florence e o Beru, um casal francês que todos os anos cruza o Atlântico no Balaou, um barco à vela. Convidam-me a continuar a viagem com eles. Mando fora o bilhete de avião e faço-me ao mar alto. Dividido em três momentos e oito lições, Balaou é uma viagem para aceitar o esquecimento das coisas. “
China desce as escadas em direcção ao Martim Moniz, em Lisboa. China, China!, gritam as crianças quando ela passa. China vai voar. Fugir para longe ao amanhecer. Só quer ser feliz. Mas China bebe o seu próprio veneno. Bebe-o até ao fim. Por vezes o ar parece carregado de mal e o purgatório um jardim infantil.
Reza a lenda que Floripes, uma moura encantada, deambula todas as noites, triste e sem destino, pela vila de Olhão. Prisioneira do seu encantamento, representa o medo e o sofrimento da comunidade de pescadores, que, inebriados pelo feitiço da bela e misteriosa mulher, com o intuito de desencantá la, morreriam ao tentar atravessar o mar. Evocá-la não é senão o pretexto para nos confrontarmos com os temores das gentes do Algarve e o seu/nosso maior medo – a morte.
A atitude é um pormenor que faz a diferença. Eis o tempo de falar sobre outro lado de Coimbra, cidade universitária portuguesa. Esta é a história de uma das mais famosas exportações da cidade – os Tédio Boys. Os primeiros a conquistar uma certa visibilidade e, mais do que qualquer outra marca, uma certa atitude. Como resultado, a paisagem visual da cidade mudou desde então.
O folheto prometia um dia fantástico de diversão numa excursão de autocarro que nos levaria a passear pelo país. A viagem, só para pessoas a partir dos 25 anos, também incluiria um delicioso almoço, brindes e uma demonstração de ítens para o lar e a saúde”. Imperdível, dizia o panfleto.
Jaime Ícaro trabalha em televisão num programa semanal. No fim de mais um monótono dia de trabalho recebe um fax da namorada, Teresa, a terminar a relação que mantêm há um ano. Jaime sai do escritório a ler o fax, e só alguns minutos depois percebe que Lisboa não está a ter uma hora de ponta normal…
Num mundo inventado, onde a arte oscila entre a decoração política e a conversa entre pessoas iluminadas, alguém nos antípodas da arte tenta desfazer a miragem e, perante fantasmas, no centro do mundo, pensar no ruído que o pode salvar.
Cova da Moura, Arrentela e Porto Salvo. O rap negro da região à volta de Lisboa cria um círculo à roda da própria cidade. Aponta um dedo ao racismo, à violência da polícia e à pobreza. A vida das pessoas negras. O hip hop é intervenção. Não quero ninguém a dançar, quero-os a pensar”, diz Jorginho, um dos oito rappers entrevistados. Este documentário escuta as palavras, liberta a voz.
Síntese dos primeiros 110 anos da história do cinema português, feita quase exclusivamente com material de arquivo proveniente da série de oito episódios História do Cinema Português, produzida por Pedro Efe em 1998, e conjugando excertos de filmes com depoimentos de alguns dos mais destacados intervenien tes dessa mesma história. Tenta-se relatá-la cronologicamente, e apesar de certas lacunas, de um modo acessível, conciso e didáctico.
– E se eu fosse teu professor? Um professor de números… Os meus alunos aprenderiam a contar até ao infinito numa hora… Os que não conseguissem seriam castigados! – É isso Maria! O meu sonho é voar…
A partir de um hipnótico conto de Branquinho da Fonseca, entre o surrealismo e o neo-realismo, Rio Turvo acompanha a trágica balada de um amor impossível entre um topógrafo sem nome, recém-chegado ao terreno pantanoso de um futuro aeroporto, e a bela Leonor (Teresa Salgueiro, a etérea voz dos Madredeus), a flor do pântano, que tanto a severa Tia como o socrático Director (e o seu bode Platão) tentam salvaguardar dos olhares lascivos num universo masculino. A música produzida pelos operários pontua a história de amor, e faz desenrolar narrativas paralelas de conspiração e suspeita, que avançam ao ritmo do sonho e do inconsciente, até ao triunfo do rio sobre o Homem.
Um homem, uma mulher e uma casa: um espaço a dois tempos num mesmo movimento a partir-se. João é observador meteorológico. Marta dobra folhetos e coloca-os em envelopes. João mede o tempo, Marta estende-o. Uma história de amor como uma nuvem que sobe, adensa, esgarça, desce, em contínuo, nunca da mesma maneira.