Mauro tem trinta anos, Alemão tem 13. Mauro e Alemão são prisioneiros no interior de uma cidade de onde é impossível saír. Uma história sobre a violência e a libertação através de uma viagem subterrânea.
Secção: Competição Nacional
“Arise (Zona)” vem da longa-metragem “A Zona” de Sandro Aguilar e emerge de toda a sujidade cinemática inerente ao suporte fílmico. Estas imagens destinadas ao vazio e ao esquecimento total, levam-nos à ambiguidade entre a vida e a morte, em que a narrativa e a lógica temporal são suspensas.
Cruzamento entre uma road-trip em Portugal e uma história de amor de Verão. É a junção de uma linha narrativa mais filosófica e poética com elementos factuais e pessoais. Julian é aqui representado como o bom selvagem de Rousseau em que a natureza é o seu ambiente natural. Julian é como Adão, a personificação de vários mitos criados pela espécie humana. (António da Silva)
Kali é a história de um rapaz que sonha com um lugar ao sol mas é na sombra que encontra a luz que procura. É o ultimo capitulo de uma trilogia e o resultado de uma reflexão sobre os temas e as estéticas que me têm inspirado: a infância e os seus os medos, a diferença, a solidão, a luz e a sombra. No fundo, é a reconciliação com a infância, o aceitar ser adulto, deixar de fugir dos medos e conseguir vê-los de outro angulo. (Regina Pessoa)
Numa cadeia transmontana começam os preparativos para a encenação da Via Sacra e os prisioneiros, como se fossem alunos outra vez, reúnem-se na sala de aula e recebem instruções. O documentário acompanha-os desde os primeiros ensaios até ao dia da procissão, com uma visão detalhada do processo: a dramaturgia levada muito a sério, as feridas na imagem de Jesus pintadas ao pormenor, a construção das cruzes de madeira que constituem o quadro final do filme, os mais velhos que assistem e cantam sobre a vida e o tempo que não volta atrás. A realização recorre a planos sucintos, cheios de pequenos apontamentos ‚ o poster de Jesus numa porta, qual celebridade que um deles vai encarnar. A quietude do campo e a vida pacífica da comunidade rural que com eles coexiste contrasta com a tensão latente, a incerteza do futuro e contribui para a nostalgia da tradição. (Ágata Pinho)
No Alasca a paisagem nunca muda, só envelhece.
Um homem magrinho, um homem vulgar, acorda e pensa: “Tem que ser hoje!”. Acontece que este homem magrinho tem uma coisa muito importante a fazer, apesar de algumas tarefas e alguns azares domésticos não o deixarem cumprir o seu objectivo com muito sucesso ao longo de um dia que parece durar a vida inteira.
Vagueando por imagens em movimento captadas com uma câmara de turista justapostas a clássicos do Cinema, From New York with Love é um ensaio sobre a crescente relação de um estrangeiro com o país que o acolhe. (André Valentim Almeida)
Quando esvaziamos a casa onde vivemos toda a vida, encontramos memórias adormecidas. Pedro encontra uma história do passado que o liga e à família a uma organização revolucionária armada dos anos 1980, a época em que o seu pai desapareceu. Pedro terá que revisitar o passado e nessa viagem vai acordar os sobreviventes e trazer os fantasmas à vida. Antes, o que interessava ao seu pai e aos camaradas dele eram os seus ideais políticos. Hoje, o que interessa a Pedro é acordar a história humana que toda a gente tentou esconder e esquecer. Um dia, há que fazer alguma coisa, inesperadamente. Como “Águas Mil”.
O tempo passa por nós como uma tarde passageira. Corre como as nuvens no céu levadas pelo vento, à deriva. Enquanto o tempo passa vivemos e sentimos a sua passagem. Uma breve reflexão sobre a passagem do tempo sobre nós, vista através de dois momentos da vida das nossas mães.
Através da guitarra e voz de António Zambujo, um dos mais consagrados fadistas portugueses, ouvimos a melodia de um homem que se recusa crescer, preso às memórias de infância. Com um traço cuidado e curiosas metamorfoses que transportam a passagem do tempo, apetece-nos escutar/ver à exaustão esta emotiva despedida da infância. (Miguel Valverde)
Três quadros estranhos e insólitos protagonizados pela realizadora que literalmente testa os seus limites nestes encontros com a paisagem de São Miguel, nos Açores. A força que emana da paisagem filmada é tão sedutora quanto a forma arriscada do encontro entre imagem e som. Filme-limite para uma artista portuguesa inventiva. (Miguel Valverde)
A história de família de um pai cigano e de uma mãe não cigana serve de inspiração à realizadora para ir à procura do que a sua vida teria sido se o pai, inspirado pela sua própria mãe, não tivesse quebrado a tradição onde nasceu. Neste percurso encontramos a jovem Joaquina, inserida na comunidade cigana que serve de referência à realizadora na sua auto-descoberta. (M. Moz)
Uma casa silenciosa, de porta aberta no meio da noite. Mas a paz é uma ilusão ‚ um filho mata o pai com as suas próprias mãos e caminha as quatro horas seguintes até à esquadra, os pés descalços em contacto cruel com o chão, para se denunciar. Um crime numa aldeia numa montanha no interior de Portugal e no centro de uma família. (A. P.)
Um cientista fala-nos que Plutão deixou de ser considerado um planeta. Os sentimento de desilusão e nostalgia, e a impossibilidade de não poder voltar a certos momentos da sua vida, levam-no a querer encontrar na história de David uma resposta para o que quer que exista para lá da ciência e da razão. (Jorge Jácome)
Partindo de uma ideia de díptico, conta-se a história de Anajara e Allison, vista de dois prismas em continuidade. Se os turnos de trabalho de um dificultam a sua vida, o encerramento numa cadeia do outro determina o ciclo da separação. Salaviza, com a sua capacidade fora do comum para dirigir actores amadores, tem, neste filme, uma das suas obras mais precisas. (Miguel Valverde)
Um padre tenta lutar contra as tentações do amor não correspondido de uma mulher comprometida. Tenta a razão, a fé, a magia e, por fim, a vilania, aterrorizando a cidade. Além de ser uma homenagem ao cinema mudo, O Facínora recupera o filme perdido de Conrad Wilhelm Meyersick, um engenheiro e cineasta alemão que filmou a história em 1920, de visita a Guimarães. (A. P.)
Inspirado no culto popular, O Coveiro é um filme misto luz misto trevas, história de embalar e quase um terrível pesadelo. Uma criança nasce e os pais morrem de susto ao vê-lo. A sua vida ‚ e ocupação ‚ são definidas por essa impressão. André Gil Mata revisita o conto de cordel tradicional português, num filme fantástico onde saltam cabeças, mas ouve-se uma canção. (A. P.)