Um esteta de 70 anos mantém uma relação com um jovem chamado Heiko. Trata-se de uma relação fetichista levada a extremos, levada a um exotismo de coleccionador.
Secção: Competição Nacional
“Outubro Acabou” é um filme resgatado: a infância que pega no cinema pelas suas mãos para nos devolver as suas origens.
“Fora da Vida” dá continuidade ao olhar de Filipa Reis e João Miller Guerra sobre as vidas que percorrem os caminhos suburbanos de Lisboa.
Uma casa de campo. Um fim de semana. Uma família. O tempo passa. O silêncio prevalece. …Mas escuta o sopro da incessante mensagem do silêncio… R.M. Rilke
Dominicu é uma visão do pós. Pós-compra, pós venda, pós-regateio‚Ķ É o espelho de inúmeras feiras que tradicionalmente habitam muitos espaços por esse Portugal fora e, inevitavelmente, é um espelho de quem nelas transita. Uma curta documental que transvaza o conhecimento geral que se tem da Feira do Relógio em Chelas, e que acaba por evidenciar o modo como muitos humanos encaram o meio que os rodeia.
Aconteceu acidentalmente. Começámos a reunir imagens para o videoclip do Conjunto Ngonguenha e acabámos com 13 cassetes de material. Decidimos pegar nele e ilustrar o álbum inteiro. Esta espécie de documentário é um tributo a um grupo hip hop angolano chamado Conjunto Ngonguenha” e a todos os demais artistas que em Angola conseguem encontrar inspiração na adversidade e contribuem para a criação de uma nova identidade angolana. “
De férias na sua casa de Verão, Jorge, um ainda jovem mas bem sucedido advogado que sofre de diabetes, diz a Filipa, sua mulher e antiga enfermeira, que quer o divórcio. No dia seguinte, chegam três pessoas: Tiago, um velho amigo agora escritor, que está a ter um caso com Filipa; Sara, irmã de Tiago; e Francisca, que está a ter um caso com Jorge. Esses poucos dias não são exactamente harmoniosos e felizes.
No seguimento do olhar desenvolvido por António Borges Correia – os moldes do documentário (“O Lar”, exibido no Indielisboa 2008) para recriar histórias de ficção (“O Gesto”, 2011) -, a paisagem de Arcos de Valdevez, em Portugal, serve de cenário para recriar, com as mesmas pessoas, uma história verdadeira. Aí, um pai tenta reconstruir a sua vida, depois de uma separação, para acolher o seu filho André e voltar a unir uma família. Pelo olhar de António Borges Correia e a perspectiva da sua câmara, os seus actores (as pessoas que viveram, nos mesmos papéis, a mesma história), seguem as sugestões que uma nova ficção cria a partir daquilo que já se viveu, dando-nos a conhecer, pelo cinema, uma vida real de um país verdadeiro. Mas são os olhos luminosos do jovem André a reunir o seu grande foco: aquilo que perdeu na sua família, o seu desejo de ver reconhecido o seu talento para o futebol profissional, e aquilo que ele resguarda, das suas várias figuras familiares, nesse seu jovem olhar.
Candidíase é uma parábola sobre duas raparigas, Cândida e Serena, que têm expectativas diferentes relativamente à sua relação.
Cândido nunca a amou. A manipulação é o seu jogo favorito.
“A Trama e o Círculo” cria a sua própria experiência sensorial por um jogo de montagem sobre o trabalho manual e a sua história empírica.
Catarina Mourão tem-se afirmado como um dos olhares mais delicados do cinema português. Depois de “Pelas Sombras”, um retrato da artista Lourdes Castro exibido no Indielisboa 2010, a realizadora centra-se agora numa outra figura da vida cultural portuguesa: o escritor e seu avô Tomaz de Figueiredo. Um olhar que abre as portas secretas de uma vida que deixou apenas o seu trabalho para a memória dos seus filhos e dos seus netos, tal como de uma família que se viu separada pela sua morte e marcada pelo dia-a-dia de um país ditatorial – um país duramente percorrido por quem escreveu sobre ele. Na sua antiga casa, vivem os segredos e os acontecimentos que nos falam, hoje, por um quarto fechado à chave – um quarto aberto pela câmara da realizadora e pelo movimento deste filme: a nossa intimidade.
“Provas, Exorcismos”, de Susana Nobre, oferece um olhar fíctico, também de influência documental, sobre o desemprego e uma terra tocada pelo falhanço da política.
O caos urbanístico caracteriza as cidades portuguesas. Será a cidade, tal como a conhecemos hoje, um modelo em vias de extinção? Respondendo ao desafio de reflectir filmando sobre a problemática da habitação, na cidade de Coimbra, realizei este filme: uma visita guiada a três casas totalmente diferentes. Não contendo qualquer tipo de respostas, esta curta-metragem revela ilusões que crescem sobre destroços.
Num possível cenário futurista de caos e desordem, quando a água doce é o trunfo mais raro e valioso, um cientista constrói androides de rosto humano com o objectivo de contar aos sobreviventes, 100 anos depois de um holocausto nuclear, a história da raça humana.
Ele é mesmo capaz de pressentir a queda e sentir na pele os sulcos profundos cavados no chão, exactamente como percebe, mesmo de olhos fechados, quando uma enfermeira olha para si. Ele sabe que seguindo esse trilho no chão e uma vez lá em baixo, apenas encontraria ferro e carne fundidos num só. Ele sabe que não podendo estender o braço ao abismo e dele resgatar a sua mãe, resta-lhe mergulhar nesse subterrâneo ao qual tem acesso privilegiado porque ainda não conhece mais nada. Solitária mas involuntariamente comunicante – a zona acolhe, a zona liberta.
Numa viagem entre Viseu e Lisboa, Jorge Silva Melo reconstitui para o actor Pedro Gil a sua relação com Álvaro Lapa, as entrevistas que realizou com o artista, os anos passados a ver crescer uma das obras mais singulares da arte portuguesa. E a questão: o que é a literatura? Uma demorada viagem iniciática em que se revê toda a obra pictórica e literária e que termina com a declaração de Álvaro Lapa: Disponível, disponível é a juventude. Mesmo que seja incapaz, incompetente, estouvada, destrutiva. Mas é disponível”.
História de um grupo de indivíduos vindos de realidades diversas, que revelam as suas aspirações e caminhos pessoais através de um instrumento comum – o jornal Ocasião. Registam-se os encontros que os anúncios viabilizam de modo a revelar o interesse que despertam e as necessidades que criam.