A relação acabou, ela arranjou outro e ele não consegue parar de chorar. Tirem-me daqui! “Take Me Please” é um road movie pelo universo surreal da depressão, por entre videntes de casa de banho e alienígenas voyeurs.
Secção: Competição Internacional
Graeme Cole (menção honrosa para “It’s Nick’s Birthday” no IndieLisboa 2009) regressa ao festival com uma alucinada viagem no tempo através de um parque de diversões composto por realidades virtuais de patrimónios imateriais da humanidade. Hologramas estragados, ciborgues divinos e estátuas inteligentes compõem a distopia feita com caixas de cartão e película Super8 que é “The Curse of the Phantom Tympanum”.
A animação psicótica de Gabriel Böhmer (“Beetle Trouble”, IndieLisboa 2018) regressa ao IndieLisboa com uma premonição, “The Flood is Coming”: um ermita prepara-se para a catástrofe mas o seu barulhento olho só piora a sua ansiedade.
Anne está dividida entre dois modos de feminilidade: a da sua tradicional e conservadora família e aquela que explora no ginásio (e nas redes sociais) quando treina luta greco-romana. “The Girl With Two Heads” explora as questões da representação e da autoconsciência do corpo.
Em 1972, o astronauta Charles Duke desembarcou na Lua. A sua função? Tirar fotos fotografias da Terra a partir da superfície lunar. Hoje quase ninguém conhece as suas imagens, “The Sasha” é uma história sobre esta e outras imagens da Terra.
Uma rapariga estava de partida, mas o autocarro foi-se e ela ficou. Em “Tombent les heures”, vagueia-se pela cidade, conhecem-se pessoas, fala-se de amor e ouve-se música chaâbi com um copo na mão, um sorriso no rosto e uma mala de viagem no canto da sala.
Em 2017, mais de 422 milhões de chineses partilharam momentos da sua vida por live streaming. A realizadora Shengze Zhu escolheu acompanhar uma dúzia de utilizadores ao longo de 10 meses, recolhendo mais de 800 horas de material. “Present.Perfect.” é um retrato da China contemporânea a partir da experiência de pessoas solitárias que encontram na câmara do telemóvel uma forma de contacto humano. Recentemente a censura chinesa fechou várias destas plataformas, procurando controlar o fenómeno viral que apesar de apolítico revela muito da sociedade que o produziu.
Tonia chega a Nova Iorque, é alemã, artista e uma mulher trans. Está a preparar uma exposição sobre o legado do escritor Ronald M. Schernikau. Só que a sua vida e a da comunidade queer que integra encontram-se num impasse diante das investidas da extrema direita. Há que agir e lutar! Nesse processo, esta ficção torna-se, simultaneamente, num documento íntimo das vidas dos actores e da realizadora e numa adaptação da novela homónima de Schernikau. Um elegante drama romântico cheio de múltiplas leituras onde se discute política, arte e amor e se dança, se fode e se protesta.
Swatting é uma forma de assédio online em que se denuncia um jogador que esteja a fazer streaming à polícia de modo a que a sua casa seja invadida e ele preso, tudo em directo para a Internet. “Swatted” é um inventivo documentário constituído por vários vídeos de Youtube e testemunhos de vítimas deste fenómeno.
Um homem negro participa numa corrida de carros que o levará ao inferno da discriminação policial, nesta ondulante animação digital, em “Octane”.
‘Tom Clancy’s: The Division’ é um vídeo-jogo no qual a cidade de Nova Iorque foi recriada ao pormenor. De armas em riste, somos guiados, em “Operation Jane Walk“, por uma cidade pós-apocalíptica e pela história dos seus edifícios e mudanças urbanísticas.
Jorge Jácome (de quem exibimos “Flores”, “A Guest + A Host = A Ghost” e “Plutão”) leva-nos, através de uma geografia da melancolia, numa série de associações livres que atravessam vários séculos da História. “Past Perfect” coloca-nos, por fim, a questão: qual o lugar da tristeza?
Recentemente a revista Cahiers du cinèma publicou um manifesto assinado por Bertrand Mandico, Yann Gonzalez e pela dupla Vinel & Poggi. Intitula-se ‘Flamme’ e defende «Um cinema para sonhadores que suam, monstros que choram e crianças que ardem.» “Jessica Forever” queima nesse romantismo violento: num futuro distópico onde jovens sanguinários formam uma família matriarcal revestida a coletes antibala e amor. Uma primeira longa que é o culminar do trabalho da dupla nas curtas (venceram o Urso de Ouro em 2014) – as quais podem ser (re)vistas este ano no Foco Silvestre.
A brisa do mar traz memórias e a realizadora brasileira Nara Normande lembra a sua melhor amiga de infância, Tayra. “Guaxuma” é uma doce recolecção animada de quando o mundo inteiro era feito de areia e amizade.
O artista Zachary Epcar observa frotas de automóveis estacionados como símbolos da individualidade e do alheamento colectivo. “Life After Love” é um poema triste feito de asfalto quente, vidros esfumados e frases de auto-ajuda.
É Natal e todos estão felizes, menos Margaret e Henry. Obrigados a regressar ao subúrbio onde cresceram, reencontram-se com as amizades que deixaram para trás. Todos se tornaram respeitáveis adultos, nas suas elegantes moradias geminadas. O que fazer? Beber! “Lost Holiday” é um hilariante road movie propulsionado a álcool, drogas, raptos, violência e, acima de tudo, pela vontade de permanecer jovem. Os estreantes irmãos Matthews fizeram um satírico filme de detectives trapalhões que demonstra a renovada energia do cinema independente americano.
Uma mulher vestida de tampão junta-se a um homem vestido de astronauta numa viagem à lua para depositarem as cinzas da mãe dele, enquanto ela reza para que o período regresse. “Lunar-Orbit Rendezvous” é um conto de fadas moderno.
Um grupo de jovens em Kigali (capital do Ruanda) encontram-se para o velório de um amigo comum: morreu jovem, mas lutou contra o conformismo. “I Got My Things And Left” distende-se em lembranças saudosas que olham para o futuro.