A acção de The Mugger tem lugar numa única manhã. O homem está prestes a executar um plano há muito preparado. A câmara segue-o no decorrer dos seus movimentos. Os espectadores tornam-se testemunhas privilegiadas dos seus mais íntimos momentos de ansiedade e desespero, precedendo o que será uma decisão de vida ou de morte.
Dominicu é uma visão do pós. Pós-compra, pós venda, pós-regateio‚Ķ É o espelho de inúmeras feiras que tradicionalmente habitam muitos espaços por esse Portugal fora e, inevitavelmente, é um espelho de quem nelas transita. Uma curta documental que transvaza o conhecimento geral que se tem da Feira do Relógio em Chelas, e que acaba por evidenciar o modo como muitos humanos encaram o meio que os rodeia.
A recriação gráfica de “Seat 26D” leva-nos às memórias de um verdadeiro acidente de avião e do seu impacto na memória de um jovem passageiro: 4 minutos estendidos no tempo. Uma estranha calma replicada no caminho de um velho casal em “Off the Highway” que encontra, numa estrada vazia, a sua separação. “Seven times a day…” , por sua vez, ecoa as memórias deixadas por encontros e separações que passam a habitar os nossos sonhos e pesadelos. Em “The Pimp and His Trophies”, são as memórias de uma criança na visita ao seu bordel de família que formam, hoje, um olhar sobre a sexualidade. Confronto provocado, em “Totally Lies”, pelo conflito real entre arquétipos sexuais masculinos e femininos nas redes sociais e no discurso contemporâneo.
Temos sempre duas famílias: aquela com que crescemos na infância e amamos na nossa memória, e a que aprendemos a conhecer, mais velhos, depois de perceber o que antes eram bastidores da vida adulta. “Ela Volta na Quinta” é a aceitação de que a família com que vivíamos, na mesma casa, já não será a mesma quando a deixarmos para viver na nossa. Todos neste filme partilham, assim, o apelido do realizador, compondo, a partir de uma separação real entre mãe e pai (e as suas sugestões de ficção), a primeira longa de André Novais Oliveira (dando continuidade a “Pouco Mais de um Mês”, curta apresentada na Competição Internacional do Indielisboa 2014).
Ele queria ser o ramo, balançando nas copas das árvores, e o vento que o fazia balançar. Ele queria ser a floresta profunda e o oceano azul. Ele queria ser as ondas a banhar as praias, e a areia a ser banhada de um lado para o outro.
Em 1973, Roberto Saldivar foi preso e feito prisioneiro numa velha mina de salitre no norte do Chile. A mina era usada como um campo de concentração para prisioneiros. 20 anos depois regressou para confrontar as suas memórias. Vive lá desde então. Sozinho.
Nicolas, um miúdo de 14 anos, vive com um casal de acolhimento bastante mais velho. Um dia rouba-os e foge com um livro e um postal. O livro, lê-lo-á com uma rapariga que acaba de conhecer. Como a rapariga, o postal irá para as urtigas.
De férias na sua casa de Verão, Jorge, um ainda jovem mas bem sucedido advogado que sofre de diabetes, diz a Filipa, sua mulher e antiga enfermeira, que quer o divórcio. No dia seguinte, chegam três pessoas: Tiago, um velho amigo agora escritor, que está a ter um caso com Filipa; Sara, irmã de Tiago; e Francisca, que está a ter um caso com Jorge. Esses poucos dias não são exactamente harmoniosos e felizes.
O conto fantástico de “A Invenção da Noite” vive num bosque entregue aos movimentos animais da juventude que aí se esconde.
Entre o sonho e a morte, Olga e Marilu esperam um convidado para jantar.
“A Trama e o Círculo” cria a sua própria experiência sensorial por um jogo de montagem sobre o trabalho manual e a sua história empírica.
Em “The Pimp and His Trophies”, são as memórias de uma criança na visita ao seu bordel de família que formam, hoje, um olhar sobre a sexualidade.
“The Noisemaker” centra-se num professor que tenta resistir a outra realidade: uma escola sem alunos.
Ana e Paul visitam uma loja de bricolage. Enquanto Paul está ocupado ao telemóvel, Ana aproxima-se de Robert, um empregado da loja. Os três passeiam pelos corredores da loja, tentando arranjar tudo o que é preciso para um lar feliz.
“The Satanic Thicket – One” dá eco ao desespero que se esconde na ausência de comunicação de um grupo: uma família e os caminhos obscuros da densa floresta que a rodeia.
O caos urbanístico caracteriza as cidades portuguesas. Será a cidade, tal como a conhecemos hoje, um modelo em vias de extinção? Respondendo ao desafio de reflectir filmando sobre a problemática da habitação, na cidade de Coimbra, realizei este filme: uma visita guiada a três casas totalmente diferentes. Não contendo qualquer tipo de respostas, esta curta-metragem revela ilusões que crescem sobre destroços.
Num possível cenário futurista de caos e desordem, quando a água doce é o trunfo mais raro e valioso, um cientista constrói androides de rosto humano com o objectivo de contar aos sobreviventes, 100 anos depois de um holocausto nuclear, a história da raça humana.
Ele é mesmo capaz de pressentir a queda e sentir na pele os sulcos profundos cavados no chão, exactamente como percebe, mesmo de olhos fechados, quando uma enfermeira olha para si. Ele sabe que seguindo esse trilho no chão e uma vez lá em baixo, apenas encontraria ferro e carne fundidos num só. Ele sabe que não podendo estender o braço ao abismo e dele resgatar a sua mãe, resta-lhe mergulhar nesse subterrâneo ao qual tem acesso privilegiado porque ainda não conhece mais nada. Solitária mas involuntariamente comunicante – a zona acolhe, a zona liberta.