Paris é o local ideal para os românticos que não dormem – aqueles que, por uma noite, fazem tudo o que não ousam nos seus tímidos dias. Assim se lança o filme de Tommy Weber, seguindo uma personagem que percorre ruas e casas de Paris em busca de dinheiro para comprar um bilhete de comboio que o leve até ao mar. Por ecos de um acossado Belmondo ou de um impulsivo Jean-Pierre Léaud, “Quand je ne dors pas” reúne o romantismo solitário dos que se apaixonam à primeira vista, na rua, e cantam por ela sozinhos, com a crueza de uma cidade em que os sonhos mais esperançosos não acontecem.
“My Dad” é um ensaio animado sobre o racismo falado pela voz de uma criança.
Em“Roadtrip”, um jovem adulto é incapaz de fugir às insónias numa cidade atormentada e inquieta.
Em “Requiem to a Shipwreck”, é a calma depois do desastre que é homenageada: os destroços ainda presentes de um barco naufragado nas águas do Mediterrâneo e as suas honras funerárias.
No início dos anos 2000, Harlem juntou-se às montanhas e florestas da Sibéria e China para formar o habitat natural do tigre-de-bengala. Ming foi esse tigre que viveu, em segredo, num apartamento nova-iorquino com o seu dono, ao lado de um jacaré selvagem e de estadias esporádicas de inquilinos. Depois de uma condenação e fuga de Nova-Iorque, Antoine Yates regressa a Harlem para revelar, entre as ruas da cidade e as divisões da sua antiga casa, os corredores selvagens que se movem para além das normas ordeiras de uma sociedade.
A recriação gráfica de “Seat 26D” leva-nos às memórias de um verdadeiro acidente de avião e do seu impacto na memória de um jovem passageiro: 4 minutos estendidos no tempo.
Uma tensão eléctrica alimenta o movimento da película e a sua vida sonora em “Scribbledub”.
Vida e morte ecoam nas palavras de um sobrevivente que passeia, em “Shipwreck”, entre os destroços de um desastre humanitário: o naufrágio de emigrantes ilegais na costa italiana.
Numa aldeia da Turquia, um jovem rapaz vê-se apaixonado por uma rapariga da sua turma e atormentado pela rivalidade dos seus colegas para ver um amor correspondido. Numa história de imaginários reis e pretendentes, Sivas, um cão branco de combate (qual cavalo branco que salva princesas) é acolhido pelo rapaz para impressionar a rapariga dos seus sonhos. Mas a sua história de fantasia vê-se cercada por uma história de violência: a das relações animais entre combates clandestinos, o ciúme em escolas e famílias, e jogos de poder onde predomina o instinto de sobrevivência entre pares.
O físico Eugene Wigner serve de inspiração para a experiência de “This Particular Nowhere”, ensaio sobre o caminho da existência para a escuridão.
“Totally Lies” aborda o conflito real entre arquétipos sexuais masculinos e femininos nas redes sociais e no discurso contemporâneo.
Por caminhos narrativos, “Totems” lança-se como uma aventura pelo peso da história na nossa vida, dos ganhos colectivos e das perdas individuais que ela deixa.
A prolífica actividade de Jean-Gabriel Périot na curta metragem – 21 filmes em 15 anos – vem da urgência com que olha sobre nós: objectos confessionais, próprios da intimidade, ou ideais revolucionários e as imagens que deles emanam. Périot monta arquivos e documentos para questionar a forma como vemos a autoridade, as suas imagens, e a sua moral – tal como um revolucionário que monta uma bomba-relógio do passado para rebentar no presente. “Jeunesse allemande” surge, assim, como um olhar sobre o mundo de hoje através do nascimento da RAF (Fracção do Exército Vermelho) e as suas origens na primeira geração pós-III Reich de estudantes de cinema em Berlim Ocidental.
Em “Zement”, serve o silêncio para filmar ecos do passado numa paisagem idílica e residencial, mas sem pessoas, outrora ocupada por um campo de concentração.
“Among Us” traz-nos um outro mundo para além do entendimento humano: a entrada na mente de pedófilos que vivem entre nós.
a comical tragedy also reproduced by the living bodies (and a dead one) in the absurd situation of “By Accident”.
O homem e o mundo animal: duas realidades interdependentes de um mesmo mundo animado em “Domestication”.
Tiago Rosa Rosso cria um jogo de absurdo, no último dia de praia, a partir das referências da infância e do humor nos códigos de comunicação da amizade masculina.
