Agnes mal consegue dormir para poder estar com o seu irmão mais velho. Mas a sua jovem idade ainda não a preparou para uma grande viagem: a da aceitação de outra rapariga no coração dele.
Secção: Competição Internacional
Radu Jude é um dos maiores destaques da nova vaga do cinema romeno. Em 2007, a curta “The Tube with a Hat” foi um dos filmes mais premiados do ano (incluindo o prémio de Melhor Curta Metragem no Indielisboa), à qual se seguiram quatro curtas e duas longas (entre elas “The Happiest Girl in the World”, de 2009, e “Everybody in Our Family”, de 2012, ambas exibidas na Competição Internacional do IndieLisboa), um percurso alvo de retrospectiva na Festa do Cinema Romeno em 2014. “Aferim!” é uma aventura pelos territórios feudais da Roménia do séc. XIX: um terreno pouco visto no novo cinema romeno, mas sempre domado pelo humor forte, a sátira social do presente, e personagens herdeiras das histórias de Gogol.
A fragmentação icónica é o motor de Another City: uma peruca molhada, um homem canta e chora, um casamento num boteco, uma cascata – tudo é belo.
Talvez o Natal seja a pior altura para se viver sozinho. Pior ainda se formos um vendedor de árvores de Natal chamado Noel, no frio de Nova Iorque, a quem se pergunta constantemente: “Onde está a rapariga gira que andava aqui no ano passado?”. Mas a prova de sobrevivência de Noel esquece-se que o Natal também é feito de anjos e milagres. Um bittersweet tale do Natal nova-iorquino que junta, na primeira longa de Charles Poekel, o novo cinema norte-americano: a fotografia de Sean Price Williams (dos irmãos Safdie e Alex Ross Perry), a montagem de Robert Greene, e a actriz Hannah Gross (“I Used to Be Darker”, exibido no Indielisboa 2013).
Depois de Rhoma Acans (IndieLisboa 2013), Leonor Teles regressa com Balada de um Batráquio em que, num gesto tão pessoal quanto activista, desfaz um dos preconceitos sobre a comunidade cigana.
Filme de freaks e marginais — a realidade paralela dos Juggalos (fãs do grupo Insane Clown Posse) na cidade de Buffalo, nos EUA.
Um bolso sem fundo, um casaco encarnado, um cão autoritário, o dinheiro e o crime: em A Coat Made Dark aprende-se a dizer não ao abuso.
A inquietude é o sentimento reinante da realidade de uma cidade tropical, onde a voz de uma rádio anuncia a tempestade iminente de “Echo Chamber”.
A animação de “Eclipse” encena as luzes e sombras de uma relação entre um leão e o seu domador, a sua escuridão e magia.
O negrume de “End of Summer” filtra as paisagens antárticas animadas pela vida animal e a memória humana.
No imaginário de “Guy Moquet”, um rapaz fantasia em beijar a rapariga dos seus sonhos, no meio do lago da cidade, tal como nos filmes que vê.
O jovem Tomás vê-se recambiado pela mãe para casa do irmão mais velho na Cidade do México. Munido de uma velha cassete do lendário Epigmenio Cruz, o músico que podia ter salvo o rock mexicano (“fez chorar o Bob Dylan, sabias?”), retira “Sombra” (o irmão) da sua clausura num apartamento para procurar o músico pelos hospitais da cidade, tal como Dylan fez por Woody Guthrie. “Sombra” também busca a sua redenção e decide procurar, nas ocupações estudantis da cidade universitária, o rosto que o fez chorar – Ana, ex-namorada e paixão presente. Todos parecem vir de uma mesma música – with no direction home, like a rolling stone.
Passos ausentes atravessam “Hillbrow” – as de figuras vivas que caminham entre o perigo e as histórias de violência de um bairro sul-africano.
“Hosanna” filma um rapaz que ressuscita repetidamente, contra o ciclo da vida, as pessoas e os animais que o rodeiam.
Num tutorial de fabricação de texto em 3D, “Howto” mostra-se como construção das imagens, por outras maneiras, nunca é feita sem a existência de fantasmas e imprevistos.
Alex Ross Perry já é uma das certezas do novo cinema norte-americano. Depois de “The Color Wheel” (Competição Internacional do Indielisboa 2012), “Listen Up Philip” junta o universo do realizador a rostos mais conhecidos do meio, como Jason Schwartzman, Elisabeth Moss ou Jonathan Pryce. Um filme marcado pela escrita mordaz de Perry – espelhada na personagem de um jovem escritor e do seu ídolo-mentor – e que encontra, no trabalho de fotografia de Sean Price Williams, a sua perfeita correspondência.
As cores vivas de Nicolas Ménard, em “Loop Ring Chop Drink”, contrastam com a tristeza de personagens disfuncionais nos apartamentos solitários do mesmo prédio.
A primeira obra de Nima Javidi inspira-se nos melhores princípios de Hitchcock para criar uma história de suspense dentro de um apartamento de Teerão. Aqui, não é tanto o que sucede lá fora (a vizinhança em “A Janela Indiscreta”) que suscita o interesse proibido de quem nela vive. É o que acontece entre as suas paredes que interessa a quem está fora delas: amigos, vizinhos e uma autoridade sem rosto que, por visitas não anunciadas, ameaçam uma emigração planeada para Melbourne. E pelos mecanismos do cinema, revelar uma população cujos caminhos, da nascença à idade adulta, se encontram atados às prisões mentais de cada um.