Filmado com câmaras térmicas Jan Peeters fala-nos de um personagem que é tanto um homem como uma estatística: a solidão dos números manifesta-se.
Secção: Competição Internacional
Ivan’s Need é um filme sobre o toque: Ivan tanto amassa o pão como afaga seios de uma princesa, as mãos indicam o caminho.
Inspirado na peça de Mandiargues, Isabella Morra faz-se de uma rodagem documental com crianças, transformando o bairro social num palco e as brincadeiras em drama.
Isabella, co-realizado com Duncan Cowles, traz pela terceira vez Ross Hogg à Competição Internacional, com um retrato da sua avó entre o documentário e a animação.
Martha não esquece, ela guarda as memórias da terra, mas há uma imagem que lhes escapa, a de Hotaru: o romantismo desolado de Hiroshima mon amour nos dias da Internet.
De uma prancha de 10 metros vários são os que se atrevem a olhar o fundo da piscina, mas só alguns se atrevem a saltar: Ten Meter Tower faz-nos sentir a vertigem da vulnerabilidade.
Numa saída à noite, entre copos e outras coisas, tudo se altera e, na manhã seguinte, os laços são outros: Gulliver é um filme misterioso e surreal.
Em 1992 o governo dinamarquês ordenou que muitos dos refugiados de guerra da Bósnia Herzegovina chegados ao seu país ficassem num barco gigante, Flotel Europa, nos canais de Copenhaga, até que a sua situação de asilo fosse resolvida. É nesse limbo, que durou dois anos, que vamos encontrar Vladimir, um jovem de 12 anos que fugiu da guerra com a família. É esta jornada de crescimento do realizador Vladimir Tomic que assistimos, duas décadas depois, juntamente com outras imagens-testemunho filmadas então por outros refugiados nesse peculiar hotel.
Com uma elegância desarmante, Des millions de larmes acompanha a boleia a uma jovem por um velho senhor: será um encontro fugaz.
Um rito de passagem coreano dá o mote a Deer Flower: um menino consome uma especialidade antiga e entra numa viagem psicadélica.
Depois de já ter passado em 2011 pela competição internacional, a grega Athina Rachel Tsangari volta à carga. Tão lunático quanto brilhante, o argumento de Chevalier coloca homens a comparar pilinhas em alto mar. Durante uma viagem num iate de luxo, seis amigos resolvem fazer um jogo para saber quem é o melhor homem. As regras implicam saber quem monta mais rápido um móvel do IKEA ou quem tem o melhor toque de telemóvel. Esta é uma hilariante desconstrução da masculinidade e das suas inseguranças.
Chatear-me-ia Morrer Tão Joveeeeem… mostra-nos as trincheiras da primeira grande guerra a partir da lama, dos gases tóxicos, do sangue e das águas estagnadas, uma viagem ao horror.
Vlado está paralizado, sua mulher cuida dele com afecto mas a dependência não o deixa de humilhar: Centaur partilha o ritmo e a atmosfera do cinema de Tsai Ming-liang e Béla Tarr.
Durante o Verão, Sasha, de apenas 30 anos, morre subitamente. O trágico evento vai juntar, num momento de perda, dois estranhos: o namorado, Lawrence, e a irmã, Zoé. Contra o desgosto, Mikhaël Hers decide ambientar a sua história na memória da luz e do calor de três Verões passados com Sasha. Memória essa que não pode deixar de evocar o cineasta francês Éric Rohmer. Depois de Primrose Hill (2008) e Memory Lane (2011) esta é a terceira vez que o realizador tem um filme na Competição Internacional do IndieLisboa.
Já com passagem pelo IndieLisboa em 2011 com Les navets blancs empêchent de dormir, Rachel Long volta agora ao festival e, novamente, à Competição Internacional. Desta vez com a sua primeira longa, terceiro tomo de uma trilogia iniciada em 2010, com Pour toi je ferais bataille, vencedora do Leopardo de Prata em Locarno. Ana, 26 anos, deixa uma rodagem na Bélgica e decide regressar à cidade onde cresceu, Estrasburgo. Aí, empenha-se em substituir a banheira da avó por um chuveiro mais apropriado à sua idade. Mas é Verão e também tempo de crescer, de se encontrar.
“All That is Solid” vive num disco rígido – um ensaio tecnológico à volta do colonialismo e da exploração mineira.
A cidade onde crescemos é sempre um campo de batalha para as nossas emoções. Foi assim, como uma carta de amor, que Tamir El Said filmou o seu Cairo, e a sua personagem Khalid, um realizador que tenta fazer um filme sobre a cidade, numa altura em que tudo parece abandoná-lo. Querem despejá-lo da sua casa, a mulher que ama emigra e a morte do seu pai traz memórias do passado. Ao captar também as histórias dos seus amigos na cidade e no estrangeiro, Beirute, Bagdade e Berlim, este descobre como continuar a viver apesar de um opressivo sentimento de fim.
A ascese formal de Ascensão, reduzida a três magníficos planos sequência, combina com a transfiguração mortificada da sua narrativa: o cinema como matéria de milagres.