Annabelle Amoros (La Maison des Lilas, IndieLisboa 2016) filma a – agora infame – cidade de Calais, não só expondo a sua banalidade, mas também revelando a omnipresença securitária.
Secção: Competição Internacional
Os adolescentes Jane e Aries vivem nas caóticas e infectas ruas de Manila, subsistindo dos pequenos roubos que vão fazendo. A sua vida dá uma volta quando Jane engravida. O casal de sem-abrigo de dezasseis anos tenta criar o filho, mas nem um mês passa até que o bebé seja roubado e, depois, vendido. Os jovens entram, então, numa corrida desesperada para encontrar o seu rebento, custe o que custar. O terceiro filme de Eduardo Roy Jr. é um poderoso melodrama, tão terno quanto cruel, algures entre o cinema de Brillante Mendoza e Ladri di biciclette, de Vittorio De Sica.
Uma rapariga prepara-se para uns momentos a sós com a sua cipka [rata], a banheira já está cheia, já se fumou um charrinho, mas, de repente, tudo sai do sítio.
As contradições de um homem tornam-se visíveis, em Der wohlwollende Diktator, outrora, uma criança judia, na Alemanha nazi; hoje, um neo-colonialista reformado, no Malawi.
Milagros Mumenthaler venceu o Leopardo de Ouro, no Festival de Locarno de 2011, com Abrir puertas y ventanas. Antes, já havia mostrado as curtas metragens El Patio e Amancay no IndieLisboa. La idea de un lago é a sua segunda longa e acompanha Inés, que decide organizar um livro de poemas e fotografias sobre o seu passado, no momento em que acaba de se separar e espera uma criança. Um passeio pelas memórias da infância, na pasmaceira do Verão do Sul da Argentina, entre álbuns de família e a figura ausente do pai, desaparecido em 1977, durante a ditadura.
Faltou a luz, o breu é interrompido pelos faróis que atravessam as janelas, uma criança dorme. Uma visita nocturna de um pai arrependido é La culpa, probablemente.
Hugo Pedro (A Minha Idade, IndieLisboa 2014) faz de O Turno da Noite uma elegante comédia sobre o desejo de luxo, num hotel onde convivem os ricos (Fanny Ardant) e os remediados (Filipa Matta).
Exe, argentino, ficou sem emprego, mas não faz questão de arranjar outro. Conhece, pela internet, o moçambicano Alf, que está a considerar deixar o seu trabalho. Mas Alf pretende seguir Archie, que vagueia pela selva, atrás de formigas. E Archie encontra, então, Canh, um jovem filipino, que por sua vez… El auge del humano (com co-produção portuguesa da Bando à Parte), de Eduardo Williams (Elruido de las estrellas me aturde e Que je tombe tout le temps?, IndieLisboa 2013 e 2014), é uma anacrónica ruminação sobre o trabalho e o lazer, entre o analógico da película e o digital das redes sociais.
Um pai, um filho, um Verão quente e um amigo em crise depressiva – disto se faz Le film de l’été: a alegria da infância como âncora para um homem à deriva.
Num plano fixo e contínuo, o romantismo desfaz-se em banalidade. Salla Sorri (co-realizadora de Resistente, IndieLisboa 2013) filma, em Silencio, o diálogo surdo de um casal.
Evocando a pintura cubista e invocando a actriz Miriam Goldschmidt, Woman without Mandolin redescobre o ecrã de cinema, na vertical.
Em Le fol espoir, acompanhamos Tyke, o famoso elefante, que passa de uma vida idílica na selva, para uma tormentosa vida no circo: uma história (re)construída com imagens de arquivo.
Num hospital sombrio, um pai e um filho aguardam, em contraluz, a inevitabilidade da morte: Budéjimas marca uma inversão para Karolis Kaupinis (Triukšmadarys, IndieLisboa 2015).
Tout le monde aime le bord de la mer apresenta vários homens à espera de passagem para a Europa. Enquanto aguardam o cinema acontece entre fábulas doutros tempos e a actual crise dos refugiados.
Billie sofre de um desgosto de amor, mas felizmente as suas amigas estão lá para ajudar: A ton âge le chagrin c’est vite passé é um musical queer-punk irreverente.
Viktoria é uma campeã de corrida em cadeira de rodas que se descobre de novo a andar: um filme de uma rara solidez narrativa sobre aquilo que escondemos dos outros e de nós.
Em Scris/Nescris, uma menor de etnia cigana corre o risco de ficar sem o filho recém-nascido, por uma burocracia. O avô inicia, então, uma cruzada, para que a família se mantenha unida.
Velodrool é uma surpreendente animação que aborda as questões do doping no desporto através de um estilo lúdico e onírico.