Como num puzzle cerebral, Play Boys é uma inventiva animação sobre o quão ridículos são os estereótipos do machão, que gosta de carros, armas, cães e garinas.
Secção: Competição Internacional
Entre Maputo e Inhambane, várias histórias cruzam-se, em Nyo Vweta Nafta, de Ico Costa (Quatro Horas Descalço e Antero, IndieLisboa 2013 e 2014): procura-se uma vida diferente e uma mulher desaparecida.
Uma estreita rua de Hanói, à qual se esqueceram de dar nome e por onde passa uma linha de comboio, é um sítio onde o olhar vagueia e o cinema se encontra: NO’I.
Peter Burr é dos mais inventivos novos nomes da animação. Em Pattern Language, explora padrões monocromáticos, entre o abstracto e o jogo de vídeo, num infindável labirinto mutante.
Sakhisona reflecte, num brilhante preto e branco, sobre os modos da história: dos vestígios arqueológicos às canções folclóricas indianas, um amor impossível propaga-se pelos tempos.
Nirvana é a sequela não oficial de Retarded 2 (IndieLisboa 2016) em que a pandilha trash de Lucas Doméjean se reencontra no outro mundo.
Randa Maroufi (Le park, IndieLisboa 2016) faz-nos deslizar, em Stand-by Office, pelos corredores de um escritório ocupado por estranhos gestos.
Lucien Castaing-Taylor e Véréna Paravel são investigadores do Sensory Ethnography Lab, de Harvard. São realizadores-antropólogos e o seu Leviathan venceu o Grande Prémio do IndieLisboa 2013. Somniloquies, o seu segundo filme, faz-nos mergulhar nos sonhos do letrista nova-iorquino Dion McGregor, conhecido como a pessoa que, em todo o mundo, mais falava a dormir (recorrem a gravações feitas pelo seu colega de quarto, depois publicadas em disco). A dupla transforma estes solilóquios nocturnos num filme de fantasmas: uma experiência radical e absorvente.
The Challenge redefine o que entendemos por luxo das arábias, ao retratar a falcoaria nos dias de hoje. O desporto aristocrático vira obsessão, tomando proporções inacreditáveis: os falcões fazem manicura e são transportados em aviões fretados. O filme resulta de três anos de observação e faz colidir as origens ancestrais da prática com o novo-riquismo aborrecido dos xeiques do petróleo. A primeira longa metragem de Yuri Ancarani (vencedor do grande prémio de curta metragem, no IndieLisboa 2013, com Da Vinci) preserva o seu olhar meticuloso e a sua visão orquestral do mundo.
O olhar documental de Ocean Hill Drive capta um fenómeno luminoso que transtorna o equilíbrio psicológico e espiritual de um subúrbio americano.
Um estudante, órfão de mãe, revê a sua história de vida nos filmes da Disney: Simba in New York é um tratado torrencial sobre a representação do real e a história dos EUA.
Dois adolescentes palestinianos morreram, soldados israelitas dispararam: Rubber Coated Steel é a silenciosa investigação sobre as diferenças sonoras entre uma bala regular e outra de borracha.
Um homem, numa cabine telefónica, tenta recuperar uma moeda oca que, acidentalmente, colocou na ranhura. Dentro dela, está o filme que estamos a ver, The Hollow Coin. Confuso?
Um artista plástico regressa ao trabalho, depois de um colapso nervoso. The Waves retrata, numa animação sensível, as torrentes de pensamento que lhe assolam a mente.
The Welfare of Tomás Ó Hallissy, de Duncan Campbell (Bernadette, IndieLisboa 2009), parte das imagens de The Village (Paul Hockings e Mark McCarty, 1968), para estudar a evolução da paisagem social da parte ocidental da Irlanda.
Patrick Bresnan continua a retratar a comunidade Pahokee (The Send-Off, IndieLisboa 2016). Desta feita, um ritual de iniciação que envolve destreza, sangue frio e apetite: The Rabbit Hunt.
Depois de Loop Ring Chop Drink (IndieLisboa 2015), Wednesday with Goddard confirma a finura do humor existencialista de Nicolas Ménard.
Blaise e Nessa ganham uns trocos a cortar relva, mas o cortador funciona a gasolina roubada de carros estacionados. Eles são sem-abrigo e participam num programa de desabituação com metadona, que os mantém juntos e presos numa pequena cidade canadiana. Mas será que a companhia um do outro lhes faz mais bem do que mal? Werewolf, a segunda longa metragem de Ashley McKenzie, é um retrato que não explora nem romantiza esta rela- ção sufocante: dificilmente eles podiam ter personalidades mais opostas. Um drama íntimo sobre o medo da mudança.