Numa noite de Inverno, uma equipa de socorro tenta resgatar um grupo de alpinistas preso na montanha. Através do rádio, um homem debate-se para manter uma das raparigas viva com o que tem à disposição: palavras. Nunca a vemos e, de repente, a narrativa ad
Secção: Cinema emergente
Um abade francês da Normandia nos anos 1930 publicava numa revista respondendo a questões sexuais muito práticas dos leitores. Fazendo uso das cartas, o filme retrata a França rural da época, a ignorância, os medos, a vontade de fazer parte do rebanho e u
Filmado em Super 8, este filme conta-nos a história de um amolador ambulante que percorre espaços num país (quase) sem vida. O universo do realizador Patrick Mendes é muito particular, situa-se no lado oposto do sensacionalismo, e é onde descobrimos um ci
Um filme que começa como um retrato de S, um velho de 75 anos que vive numa parte remota de Inverness-shire. S tem passado grande parte da vida obcecado com Darwin. Desde criança que questiona a vida na Terra e, apesar de nunca se ter tornado académico, encontrou em Darwin muitas das respostas às suas perguntas.
Os desenhos e anotações de um caderno de viagens ganham vida. As páginas do diário gráfico que Herguera foi mantendo durante os anos que esteve na Índia, dão lugar à história de Inês e Ámár e às recordações da última visita. Um filme sobre sentimentos e m
Tao Gu visita a cidade dos pais, devastada pelo terramoto de 2008 na China. Com uma fotografia a preto e branco assombrosa, filma as ruínas físicas dos edifícios e as emocionais dos sobreviventes. Um filme que nos remete inevitavelmente para a actualidade
Primeira longa-metragem de Sergio Caballero, um dos directores do Festival Sonar. Dois fantasmas ‚ reconhecíveis pelas suas vestimentas brancas ‚ partem em direcção a Finisterra. Um filme particular, cheio de humor e beleza, que lembra as odisseias dos Mo
Um grupo de crianças, em Tânger, é envolvida no projecto de um filme, sob a orientação de um jovem realizador europeu. Pela primeira vez, estas crianças pegam numa câmara e filmam. Mas os métodos de trabalho do realizador com estes jovens revelam-se difíc
É verão, está quente. Os cães ladram. É altura de pedir ao vizinho uma máquina de cortar a relva. A montagem ritmada transporta-nos num ambiente eléctrico e original, onde os insectos, como os vizinhos, têm o seu lugar.
Durante um opulento e luxuriante banquete, repleto de um contingente de criados, onze mimados convidados participam no que parece ser uma ritualista carnificina culinária. Nesta fantasmagoria de outro mundo uma inesperada sequência de acontecimentos desestabiliza a infindável sinfonia de abundância.
Em “Memória de Cão” assistimos à história de um cão sem dono, outrora homem. Animação a dois tempos, com dois registos de imagem e som diferentes, rapidamente nos apercebemos que a luxúria é o pecado capital que dá o mote ao filme. E esta animação invulga
O que fazer quando os pormenores simples da vida se transformam em questões trágicas? O futebol ganha aqui duas vertentes. A primeira, a dos resultados inesperados de uma decisão em campo inimigo. A segunda, de elemento poético, como um elemento repetitiv
Dois afro-americanos de vinte anos e pico acordam juntos sem se lembrarem do que aconteceu. É evidente que houve sexo. Segue-se um exercício mundano; um aperto de mãos, vai cada um para seu lado. Horas depois, o tipo aparece em casa dela. Entendem-se. Passeando pelas ruas de S. Francisco num domingo à tarde, o par visita uma cidade pouco vista no cinema da actualidade. A relação imediata do encontro físico anterior dá lugar a uma exploração mútua, numa sucessão de momentos tão íntimos que a vulnerabilidade que partilham os muda para sempre. Quando se separam é literalmente um “novo dia”.
Bobô é um filme cuja narrativa parte do encontro de duas mulheres, Sofia e Mariama. O motor do filme é a sinergia criada entre ambas na defesa de uma criança. Sofia, a protagonista do filme, é uma personagem que vive presa nas sombras da sua infância, no peso da sua herança”, das quais é urgente libertar-se. Mariama aparece como um alguém ligado também à sua “herança”. Ela segue as regras que a sua pertença exige, mas num determinado momento vê-se obrigada a desobedecer para mudar o destino da pequena Bobô e evitar que esta seja submetida à mutilação genital feminina (MGF). As personagens Sofia e Mariama foram redesenhadas com as atrizes Paula Garcia e Aissatu Indjai (estreante neste filme), que muito puseram das suas vivências, personalidade e convicções. Fizemos um trabalho de investigação, de leituras, trabalho no terreno junto da comunidade emigrante guineense, de ensaios. Esta preparação permitiu-nos uma rodagem segura e por isso com espaço para o improviso. Penso que Bobô é um filme com uma óptica e lógica interna sem dúvida feminina, mas aqui o feminino não está, como tantas vezes é retratado, no campo do que é terreno e tangível. Está sim perante as questões que nos transcendem: a relação com a morte, com as regras do Mundo, com o que não conseguimos denominar. (Inês Oliveira)
A Gravidade invisivel é comparada com Karma, que governa o universo experiencial do Homem como a gravidade governa o plano físico. Perto de um fábrica de cimento onde vemos montanhas deformadas por uma série de explosões. E um homem que luta para transportar lixo reciclado pesado para vencer a gravidade (o destino).
A vida, demolição e reconstrução da barragem de Kopaszi. Filmado durante dez anos numa paisagem esquecida no centro de Budapeste. As pessoas vivem em casas-barco e casas de madeira, lutando contra a inundação, a neve e os investidores que querem desalojá-los. Dez anos em vinte minutos.
Um urso-homem, nem urso, nem homem, à procura da sua verdadeira identidade, entre o circo e a selva. Um filme melancólico sobre a inadaptação. Uma animação desenhada a carvão sobre a procura da felicidade e a necessidade de haver alguém que nos compreenda. (Carlos Ramos)
Fiona, de 23 anos, é contratada por uma família alemã como empregada doméstica devido ao estado emocional instável de Claudia, a mãe de família. À medida que o filme avança entramos cada vez mais no comportamento compulsivo de Fiona, que age de acordo com os desejos e ordens ocasionais desta família disfuncional que a trata quase como uma escrava. Ela envolve-se na obsessão de cada membro da família, representando o seu papel nesta pequena peça que eles criaram para si próprios. A progenitora passa o tempo a reprimir e a fingir que é a mãe de uma boneca de plástico, como se fosse uma criança que ensaia a maternidade, e Fiona participa na fantasia. Uma realizadora alemã estreante, com uma linguagem cinematográfica e estilo de edição distintivos, apresenta aqui o seu filme de fim de curso. (Nina Veligradi)