Docking

Na imensidão do espaço duas naves (a)coplam, ou como afirma o realizador «In space no one can hear you cream»: “Docking”.

Goldie

Goldie tem tudo para ser uma estrela, só lhe faltam algumas coisas: aquele fantástico casaco de pêlo dourado, uma peruca a condizer, chegar a horas à rodagem do videoclipe de hip-hop para o qual foi seleccionada e fugir aos assistentes sociais que querem ficar com as suas irmãs após a mãe delas ter sido presa por tráfico de droga. Na sua segunda longa, o holandês Sam de Jong escolheu como protagonista a modelo instagirl Slick Woods, que dá corpo a esta jovem forte e resiliente. Um retrato de Nova Iorque cru e glamoroso na melhor tradição de Spike Lee.

Egg Touching

Quatro amigos discutem como querem tocar num ovo, em “Egg Touching”.

La vie sauvage

O plano: um passeio pelo parque de vida selvagem, fotos com animais, sexo, sesta e jantar. Mas nem tudo corre como planeado, em La vie sauvage.

La nuit a dévoré le monde

Sam bebeu demais e adormeceu, no quarto dos fundos, enquanto os amigos continuaram a festejar como se não houvesse amanhã. E de facto não houve. Quando acorda, Sam depara-se com uma Paris totalmente devastada, da qual restam apenas destroços perdidos e criaturas mortas-vivas prontas a fazê-lo em picadinho. La nuit a dévoré le monde inspira-se no romance de culto de Richard Matheson, I Am Legend, transformado numa espécie de Cast Away com zombies onde Wilson, a famosa bola de volley, é aqui interpretada pelo sempre incrível Denis Lavant. Um filme de terror reflexivo sobre a solidão e a perseverança.

As Boas Maneiras

Juliana Rojas e Marco Dutra têm trabalhado juntos em filmes que fundem géneros cinematográficos que antes achávamos impossíveis de combinar. Em As Boas Maneiras o filme de lobisomens junta-se ao musical, tudo coberto com um subtexto político sobre a segregação social no Brasil contemporâneo, onde a homoparentalidade nem sequer é um assunto. Vencedor do prémio especial do júri no festival de Locarno, esta é uma história de amor, contada a dois tempos: o amor romântico de Ana por Clara, e depois o amor maternal de Clara por Joel. O filme é protagonizado pela portuguesa, actriz em ascensão meteórica, Isabél Zuaa.

Touche dièse

Alexandre senta-se na sala dos fundos para fazer uma chamada de valor acrescentado: Touche dièse.

Laissez bronzer les cadavres

A dupla franco-belga Hélène Cattet e Bruno Forzani são mestres da combinação de géneros. Em Laissez bronzer les cadavres, mistura-se o western, o filme de máfia e a erotica num Mediterranean standoff de planos aproximados, cores saturadas, sons de pistolas, casacos de cabedal e malas recheadas de ouro. Adaptando o homónimo policial de Jean-Pierre Bastid e Jean-Patrick Manchette (um clássico da literatura pulp francesa, de 1971), tido por muitos como inadaptável ao grande ecrã, os realizadores conduzem-nos a uma experiência pura de cinema, onde tudo se reduz ao essencial: som e fúria.

Cream

A sala de espera de um consultório revela os horrores da humanidade, enquanto uns desfrutam de um geladinho, Cream.

Bara no sōretsu

Funeral Parade of Roses é uma obra-prima da nova vaga japonesa que agora o IndieLisboa exibe, num restauro em 4k, homenageando o genial Toshio Matsumoto, falecido o ano passado. Um mergulho de cabeça no mundo nocturno das drag queens de Tóquio dos anos 60, onde a droga, o álcool e o sexo se consumiam sem moderação. Uma torrente de géneros e temporalidades (naquela que era a primeira longa do realizador) que mistura a ficção, o documentário e a animação. Filme marcante do cinema queer, onde o próprio Stanley Kubrick admitiu vir beber inspiração para A Cloclwork Orange.

The Great Buddha+

Dois zé-ninguém passam os tempos livres a folhear revistas pornográficas e a ver televisão. Quando o aparelho se avaria metem-se a assistir às filmagens da dashcam do carro do patrão. E vêem o que não deviam. The Great Buddha+ (“+” porque o filme estende uma curta do mesmo nome e porque certas partes foram filmadas com o iPhone 6+) é uma deliciosa comédia negra que revisita o clássico Rear Window através das contemporâneas janelas de computador. Pontuada por sexo e violência, esta é uma balada triste aos perdedores da vida, misturada com uma sátira política contra o populismo.

Vanità

Vanità é um conto de narciso em modo gore, onde o espelho revela tanto o belo exterior como o interior putrefacto.

Mutafukaz

O encontro do realizador de animação japonês Shôjirô Nishimi (que trabalhou em Akira) e o graphic novelist Guillaume Renard (conhecido por 777Run) deu origem a Mutafucaz (uma forma abreviada de Motherfuckers): uma divertidíssima animação inspirada pelo Eles Vivem de John Carpenter onde o filme de gangsters se encontra com a ficção científica numa ode à multiculturalidade da cidade de Los Angeles. Um acidente de mota irá despertar Angelino para uma realidade escondida e perturbante, estará ele a ficar louco ou há mesmo uma invasão alienígena em curso?

Hard Way – The Action Musical

Em Hard Way – the Action Musical, uma equipa policial militarizada canta e dança numa operação contra-terrorista: homens duros, corações moles.

Caniba

Lucien Castaing-Taylor e Véréna Paravel (Leviathan, Grande Prémio do IndieLisboa 2013) são realizadores-antropólogos do Sensory Ethnography Lab. Com Caniba a dupla oferece-nos um íntimo retrato do conhecido canibal Issei Sagawa. Em 1981, Issei matou e comeu uma colega de turma da Sorbonne. Foi condenado, dado como incapaz e repatriado para o Japão. Lá, devido à sua mediatização, começou a rentabilizar a sua persona escrevendo romances sobre o caso, fazendo cameos em inúmeros sexploitations e até virando crítico gastronómico. Um filme que investiga as origens dos desejos canibalísticos.

Catcalls

O predador sexual vira presa em Catcals, quando os piropos e o assédio têm a resposta que merecem.

Coyote

Um coyote perde a sua mulher e filhos num ataque de lobos e o seu desgosto abre espaço para o demo.