Secção: Boca do Inferno
“A Noite Amarela” é, nas palavras do realizador, um «slasher espiritual». Um grupo de adolescentes vai passar férias numa ilha isolada e quase inabitada e, um a um, começam a desaparecer. Só que não há sangue e o assassino é, possivelmente, um espectro quântico. Os jovens são assolados por visões, «memórias de um sonho futuro», e as fotografias nos seus telemóveis corrompem-se. Aquilo que era para ser a celebração da juventude transforma-se numa angustiante busca pela noite dentro. Um amanhã que nunca chega e um passado que se esquece. Metáfora de uma geração, de um país?
Em “Follow The White Rabbid”, coelhinhos saltitam de vídeo-jogo em vídeo-jogo até ao Game Over final.
E se um par de criminosos te raptasse e te fizesse refém na tua própria casa? É o que acontece a Wilfrid, mas ao contrário do que seria de esperar este dono de uma bomba de gasolina até fica contente. Tem mais tempo para cuidar do jardim, gosta da companhia e pode aproveitar o sol de Verão. O problema é que os bandidos querem ir-se embora e enquanto isso não acontece juntam-se-lhes as namoradas e as agradáveis férias começam a descambar. Um filme de câmara deliciosamente pateta feito por uma trupe de actores com os quais o realizador costuma trabalhar no palco.
Marie Losier (vencedora do Grande Prémio Cidade de Lisboa, em 2011, com “The Ballad of Genesis and Lady Jaye”) regressa com a sua segunda longa metragem, “Cassandro, the Exotico!”. E quem é ele? Um lutador de wrestling mexicano que é o Liberace da lucha libre, a deusa do látex, o rei do ringue, a femme arrasadora que vai esbofetear os machos musculosos. Mas depois de 26 anos de carreira a fazer saltos mortais e a partir quase todos os ossos que tinha, este é o momento de se reinventar. «O corpo diz-me que não, mas o Ego diz-me que sim.»
Quando o conhecemos chamava-se Quinquin e era um adolescente que investigava o homicídio de uma mulher que fora desmembrada e colocada dentro de uma vaca. Agora, quatro anos depois, é já um jovem adulto e passou a chamar-se Coincoin. E desta feita o policial vira sci-fi e a grupeta procura explicações para os pudins viscosos de magma alienígena que caem do céu. “Coincoin et les z’inhumains” foi considerado o segundo melhor filme do ano pela revista Cahiers du cinèma e é uma hilariante e inteligente metáfora sobre o medo do estrangeiro, em França e não só.
Um homem volta a ser raptado e submetido a mais uma terrível tortura, em “The Procedure 2”.
Em “Tomatic”, três amigos têm uma ideia genial que os fará ficar ricos num ápice (ou talvez não): criar a primeira máquina de venda automática de canábis.
Numa sitcom sobre uma família de relojoeiros algo de errado acontece quando o protagonista descobre um clone seu, “Right Place, Wrong Tim”.
“Seder-Masochism” é um musical de animação sobre o livro bíblico do Êxodo contado (e cantado) por Moisés, Aarão, o Anjo da Morte, Jesus e o pai da própria realizadora, Nina Paley. Uma revisitação da Bíblia segundo uma provocadora e irónica perspectiva feminista, onde a Deusa, divindade primitiva da humanidade, luta contra as forças do patriarcado. Inclui canções de Louis Armstrong, The Beatles, Guns N’ Roses, Led Zeppelin e vários outros. Este é também um one-woman-show: escrito, realizado e animado por Paley, praticamente sozinha, e com um orçamento muito reduzido.
Em “Slug Life”, viajamos para um futuro onde se pode criar o amante perfeito através de uma impressora 3D, com umas «mamas do espaço e um cu dos infernos».
Vestidos anime, cabelos descolorados e sedosos, rostos com contour perfeito, lip gloss com glitters, sombras com esfumado do rosa para o azul e as pestanas mais longas que alguma vez se possa imaginar. Em “Make Me Up”, entramos num palácio encantado onde tudo brilha com purpurinas, só que por debaixo das aparências esconde-se uma terrível realidade de cirurgias estéticas forçadas, sistemas de vigilância opressivos e uma competição de reality-TV com consequências canibalistas. O trabalho de Rachel Maclean continua a desmontar incisivamente as forças que controlam e submetem a feminilidade.
Peter Strickland parece ser o maior herdeiro contemporâneo do cinema de terror clássico. Depois de “Berberian Sound Studio”, homenagem ao cinema giallo, e de “The Duke of Burgundy” (IndieLisboa 2015), com ecos dos jogos de manipulação do cinema de Losey e Buñuel, chega-nos agora In Fabric, a história de um vestido amaldiçoado que vai passando de mão em mão e dos efeitos devastadores para os seus sucessivos detentores. Um filme que mistura violência coreografada e humor negro num universo densamente povoado pelo melhor do terror italiano dos anos 1960 e 1970.
“Lavo”: O amor é uma coisa muito linda, mas o sexo faz tudo parecer ainda melhor.
Um tipo pede a uns amigos para o ajudarem a organizar o melhor pedido de casamento de sempre, só que tudo corre pelo pior e o telemóvel nunca pára de filmar.
Finley Blake tem 33 anos, vive sozinha em Austin (nos EUA), quase sempre dentro de casa, e a sua ocupação é cam girl. Isto é, ganha dinheiro exibindo o corpo na Internet. Tudo na sua vida se faz na relação com os ecrãs e todos os gestos do seu quotidiano satisfazem o desejo de algum dos seus seguidores: de dormir a masturbar-se, de ir à casa de banho a dançar no varão. Finley é uma mulher orgulhosa do seu corpo e assume-se como trabalhadora do sexo sem qualquer pudor, mas em consequência disso foi-lhe retirada a custódia do filho. Um documentário delicado e respeitador.
Em “Caterpillarplasty”, a expressão «cirurgia plástica» ganha todo um outro significado.
Conheça, em “Food Chain”, as entranhas da produção alimentar industrial e descubra como são feitas as guloseimas mais deliciosas.