Papá a Passos Largos

Quando temos pressa parece que tudo anda devagar. Esta tarde o pai de Mathieu vem buscá-lo à creche. Mas…. e se o seu velho carro verde não quiser pegar?

 

Phela-ndaba (End of the Dialogue)

Em 1970, membros do Congresso Pan-Africano formaram um colectivo cinematográfico. Um grupo de sul africanos exilados em Londres utilizou imagens de arquivo e vídeos filmados em segredo no seu país para realizar o que seria um dos primeiros filmes sobre o Apartheid.

 

Pol.len

Uma rapariga regressa a casa em Barcelona, mas já pouco reconhece devido aos efeitos do turismo. Caminha pelas ruas como por um sonho estranho. O seu velho apartamento, onde viveu um amor passado, é agora um Airbnb. Segunda presença no IndieLisboa.

Amor em tempos de gentrificação. Anna regressa a Barcelona por poucos dias. Ao percorrer o bairro onde anteriormente viveu um grande amor, torna-se inevitável não ceder às memórias que tem naquele espaço, agora alterado pela invasão turística. Uma narrativa que trata o realismo mágico com um charme que lembra o cinema de Hong Sang-soo. (Duarte Coimbra)

 

Prince Ki-Ki-Do: Em Fuga

O príncipe pintainho Ki-Ki-Do vive no cimo da sua torre de pedra na floresta negra. Ele é pequeno como Calimero, mas forte como Hércules. Quando a floresta está em perigo, lá vai ele ajudar, com os seus companheiros, os mosquitos tigre, Tine e Bine.

 

Paraíso dos Músculos

Se o mundo fosse apenas uma questão de ter músculos e estar em forma, era preciso usar a imaginação para treinar durante todas as actividades do dia.

 

Regada

Na Serra do Açor, a família de Rafael Toral trabalha sobre a terra. Em particular uma tarefa de renovação, após um devastador incêndio. Regada é uma experiência de imersão nos elementos, tudo é vivido através dos sentidos, numa paisagem sonora e visual.

Água, fogo, terra, ar, verde, castanho, lesma, cão, noite, luz. O trabalho de Francisco Janes, marcado pelo cinema experimental norte-americano (estudou na CalArts), convoca o aqui-e-agora paisagístico dum Peter Hutton, o pictorialismo diarístico dum Nathaniel Dorsky e as sinfonias naturais dum Paul Clipson. O resultado é uma ode às texturas da natureza (e do digital), num confronto amigável com as abstrações de um olhar (e ouvir) puramente cinemáticos. “Regada” cristaliza o percurso intermédia de Janes no lirismo dos gestos do trabalho e no devir hipnótico dos elementos. (Ricardo Vieira Lisboa)

 

Regret

Um homem de negócios tem de enfrentar os momentos difíceis que se seguem à morte do seu pai. Demónios interiores, emoções não resolvidas, espaços desertos.

 

Ricardo

Em 2014 um gajo apareceu de calções coloridos em palco, para uma performance durante o concerto dos Sensible Soccers no festival Paredes de Coura. Desde aí nunca mais foi esquecido. Mas quem é ele? Ricardo é um mockumentary sobre Ricardo. 

Quem é Ricardo? Não se sabe bem, embora seja também conhecido como o gajo dos calções coloridos. Reza a história que em 2014 apareceu de calções coloridos em palco, para uma performance artística durante o concerto dos Sensible Soccers no festival Paredes de Coura. Desde aí nunca mais foi esquecido. Ricardo é um mocumentário sobre o bailarino Ricardo Bueno e o drama de se esquecer do seu passo de dança. Sofrendo por você, Ricardo. (Carlos Ramos)

 

Sábàtina

“O diabo, um bebé e outros animais encontram-se para celebrar qualquer coisa, após terem morrido.” Assim descreve Rafael dos Santos a sua estreia no cinema. Um ritual de estupefação, um ciclo de experimentação, dois minutos e pouco sobre o que morre e vive.

 

Sapphire Crystal

Vernier é um grande e irónico observador. A partir de um workshop dado a alunos da Universidade de arte e design de Genebra, o realizador foi à noite suíça filmar conversas de uma juventude rica e extravagante, num retrato de luxo, vaidade e ostentação.

Tempo de vacuidade, tempo jovem, o champagne corre e as conversas saem ligeiras como linhas de coca que desaparecem no riso de jovens amigos que se juntam em Genebra. Ostentar é uma figura natural que alimenta o tom e ‘’ter’’ é só uma consequência a desfrutar. Chiques e selectos baloiçam nas suas gaiolas douradas entregues ao jogo da fruição. A noite é toda deles. (Carlota Gonçalves)

 

Seabird

A memória do amor tem certos brilhos. Ela também possui o som do mar, o piar dos pássaros na floresta, um passado disfarçado de aparição. Numa tarde soalheira, Pedro reencontra Inês.

Numa tarde de sol veranil, Pierre e Bastien encontram-se para tomar café à beira mar. A conversa faz lembrar um amor antigo que volta à superfície. No caminho do seu passado, entre floresta misteriosa e mar cativante, será que Pierre e Inès verão o futuro? (Duarte Coimbra)

 

Semanas de Areia, Meses de Cinza, Anos de Pó

Rita Macedo (Implausible Things; This Particular Nowhere – IndieLisboa 2014 e 2015) viveu nos anos 90 em Macau com a sua família. Através de um olhar reflexivo, a autora laça a sua memória e a História. Ambos momentos de uma mesma finitude e transformação.

Poder-se-ia dizer que o novo filme de Rita Macedo destoa dos seus anteriores títulos. De facto a narração confessional e o recurso a imagens de filmes caseiros remetem para uma intimidade ensaística que não se lhe conhecia. Ainda assim, o cerne do seu trabalho permanece intacto: a fusão de ideias na continuidade cósmica de um discurso que tanto é puramente factual (científico até) como puramente subjectivo (e memorialista). E onde antes se interrogava a ontologia do pensamento, agora questiona-se a escrita da história (e das estórias). (Ricardo Vieira Lisboa)

Shānzhài Screens

Todas as noites em Shenzhen, na China, um sem número de pintores de réplicas põe-se ao trabalho. Paul Heintz, terceira participação no festival (Non-contractuel, 2016 e Foyers, 2019), vai registar o seu quotidiano, entre a arte e o trabalho de colarinho azul.

Plano a plano, vamos desbloqueando o mistério de Shānzhài Screens. Ao seguir as ações artísticas e tecnológicas de um grupo de copistas, Paul Heintz reflete sobre o momento em que estamos, na história da pintura e da arte, onde a ideia de copiar um quadro parece ter-se transformado na de copiar um ecrã. (Duarte Coimbra)

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Show Me the Picture: The Story of Jim Marshall

Muito do que conhecemos da mitologia musical e contracultura dos anos 60 devemos às imagens e ao talento fotográfico de Jim Marshall. São dele algumas das fotografias mais conhecidas de músicos como Bob Dylan ou The Rolling Stones. E ainda momentos marcantes como o último concerto dos The Beatles, os concertos de Johnny Cash na prisão de Folsom ou Jimi Hendrix a queimar a sua guitarra. Esta é a crónica de vida de um artista ímpar, do lado de cá da sua câmara.

“Eu vejo mesmo a música. Esta carreira nunca foi só um emprego, foi a minha vida.”

Jim Marshall – o fotógrafo do rock n’roll – é autor de emblemáticas imagens da história da música. Jimi Hendrix em palco com a guitarra em chamas, Miles Davis sentado num ringue de boxe, o jovem Bob Dylan a andar atrás de um pneu em Nova Iorque, Johnny Cash com o dedo médio espetado para a câmara, Janis Joplin em casa, ou The Beatles no seu último concerto. São inúmeros os momentos captados por Marshall que se tornaram famosos. Um homem de temperamento intenso, vida de excessos e luta contra alguns demónios interiores, que era amado ou odiado, sem meio-termo. “Se ele te amasse, atirava-se para a frente de um camião por ti. Se ele te odiasse, atropelava-te alegremente com o camião”, refere Amelia Davis, responsável pelo arquivo de Jim Marshall.

O retrato do fotógrafo que viveu e morreu como uma autêntica rockstar que nos mostra o seu trabalho e alguns dos mais importantes momentos da música. (Helena César)

Signal 8

A cidade de Hong Kong vive à espera de uma ruptura trazida pelo crescimento constante. A tapeçaria de imagens em 16 mm de Simon Liu reflete uma sinfonia urbana dissonante, entre momentos que alternam a alienação e os elementos da natureza.

Tranches de vida citadina, ritmos mecânicos e sombras tremeluzentes compõem os retratos especulares de Simon Liu. Agora, a plasticidade da sua câmara de 16mm (que ora esbate as imagens em manchas, ora as revela na porosidade da película, em movimento desacelerado – criando poéticas cadências visuais), vê-se acompanhada de uma composição sonora que acentua o tráfego humano de Hong Kong e a incomunicabilidade numa metrópole . “Signal 8” descobre na dimensão pitoresca de um território a sua inquietação política. (Ricardo Vieira Lisboa)

Snow Canon

A primeira ficção de Diop ergue-se sob uma outra “travessia”: o crescimento de uma adolescente francesa. Vanina, a passar férias nos Alpes franceses, deseja estar com a melhor amiga, mas é com Simon e Mary Jane, seus babysitters, que procura uma conexão.
 

SOA

Estamos rodeados por todos os tipos de sons, mas qual o grau de consciência que temos deles? A realizadora e investigadora Raquel Castro tem trabalhado, a partir do conceito de paisagem sonora, a forma como os sons, os silêncios, os ruídos, as frequências, e todos os espectros sonoros – do infra ao ultra-som – caracterizam cada lugar e nos afetam e transformam. Um filme ensaio também sobre cidadania, ecologia e responsabilidade pelo som que geramos.


Imagine-se um outro mundo sem som. Imagine-se ao menos que, como no nosso mundo, não fosse a momentânea ausência de som que o definisse. Eis o que SOA interpela: a ubiquidade do som, desde a mais simples actividade humana hodierna à mais antiga prova de existência de vida. Afinal, se Deus ditou que se fizesse luz, tê-la-á precedido o som da Sua voz. SOA é uma viagem de questionamentos sobre a heterogeneidade do som e, de par com a geografia da complexidade humana, sobre as suas itinerâncias – e sobre nossa capacidade de o escutar. (Filipa Henriques)

Something Doesn’t Feel Right

Por vezes as pessoas são ingratas e não valorizam as horas de dedicação e esforço que um assassino em série deposita no seu trabalho. Outra coisa irritante são as vítimas que não se sabem comportar.