Arnold Schwarzenegger – The Art of Bodybuilding

VanLoo filmou Schwarzenegger nos anos 70, num concurso de culturismo. As imagens em 16 mm foram utilizadas numa instalação artística entretanto perdida. Restam as poses, sem sincronia, com a escultura do homem-músculo a ganhar um novo poder, trazido pelo tempo.

Arnold Schwarzenegger – The Art of Bodybuilding é composto de imagens inéditas, filmadas em 16mm por Babeth van Loo durante a competição Mr. Olympia Bodybuilding em 1976. É uma reflexão sobre a relação do corpo físico e arte. Arnold esculpe o seu próprio corpo para igualar os ideais do corpo masculino imaginados por artistas do renascimento, com isso ele próprio se torna em arte meticulosamente esculpida para ser algo tão efémero como eterno. (Rui Mendes)

 

Guardas do Ginásio

Todos os animais fazem desporto, mas depois é ao elefante que calha arrumar o ginásio. Como gostaria ele de ser um grande jogador de basquetebol… 

 

Avant notre heure

O filme de graduação de Chloé Terren na escola La Fémis é um misto de Janela Indiscreta versão gentrificação, com uma história de amor familiar. Raphaël toma conta do apartamento da sua avó enquanto esta fica num lar. O neto tem de decidir o que lhe vai contar.

As janelas quadradas, mas de cantos arredondados, das Torres Aillaud mostram-nos o alumiar do dia em Paris. Mas também nos mostram o interior do apartamento de Oda, avó de Rafaël, que toma conta da casa enquanto esta se ausenta. Mostram-nos ainda os afazeres dos vizinhos de Oda que Rafaël descortina. Ou talvez as aventuras que este imagina, para consolar a avó. (Ana Cabral Martins)

 

Average Happiness

O dia em que os diagramas enlouqueceram, os gráficos bailaram e as pirâmides etárias se mostram todas “sensualonas”. Gehrig ironiza sobre o poder normalizador das estatísticas e das eficientes apresentações Powerpoint.

Atire a primeira pedra quem nunca descansou os olhos durante uma apresentação PowerPoint. O que acontece quando os próprios gráficos estatísticos se aborrecem de morte? Uma curta de contornos sensuais e sentido de humor acima da média. (Ana David)

 

Balada de um Batráquio

Balada de um Batráquio (IndieLisboa 2016) deu a Leonor Teles o Urso de Ouro para melhor curta metragem em Berlim. Um gesto pessoal e político contra o preconceito sobre a comunidade cigana, que recolocou o cinema português no encalço da justiça e da mudança.  

 

Beleza

Bex, Lili, Fox, Tru e Milo são cinco crianças não-binárias cada uma tentando modelar o que é ser totalmente humano. E fazê-lo implica lidar com agressores, explicando-se aos pais ou navegando nas águas desconhecidas das relações.

 

Big in Vietnam

Uma realizadora francesa de origem vietnamita deserta o plateau onde rodava uma versão de Ligações Perigosas para subir a bordo de um barco fantasma. Depois de Atlantiques, Diop voltou com este filme a vencer o prémio de melhor curta-metragem no festival de Roterdão.

 

Billie

Billie Holiday é uma lenda do jazz norte-americano. No final dos anos 60, como preparação para uma biografia que nunca chegou a escrever, a jornalista Lipnack Kuehl gravou mais de 200 horas de entrevistas com outros músicos, mas também familiares, amigos e amantes da cantora. James Erskine acede pela primeira vez a este material para uma abordagem à sua vida que restaura também algumas performances a cores e imagens de arquivo de Holiday.

Conhecemos a história. Falamos, afinal, de uma das vozes do século XX, da mulher que carregava em si a história do jazz e que o transformou em expressão de uma vida de glória artística e de tumulto privado. Billie Holiday, nascida em 1915 e levada por uma vida de abusos e excessos em 1959, aos 44 anos, foi admirada por Duke Ellington, foi influência marcante para Sinatra, foi reflexo conturbado da transparente Ella Fitzgerald.

A partir de 1970, a jornalista Linda Lipnack Kuehl, que sabia tudo isso, dedicou-se nove anos a saber mais. Com o objectivo de escrever uma biografia, reuniu duzentas horas de entrevistas com amigos, amantes, agentes, familiares ou músicos como Count Basie e Sarah Vaughan. Linda Kuehl, a outra protagonista deste documentário, morreu tragicamente antes de concluir o seu livro, mas com as palavras que gravou reunidas às iluminadoras imagens de arquivo, a obra como que se concretizou. “Billie” é o retrato completo. (Mário Lopes)

 

Black Sheep Boy

A busca mais velha do mundo, pela felicidade e pelo conhecimento. Nesta animação cuja estética evoca os primeiros videojogos, seguimos as aventuras de um pequeno homem de pixéis que procura um consolo espiritual junto de um sábio leão. 

Num mundo que parece um videojogo de outros tempos um rapaz acorda e não se sente feliz. Não sabe porquê nem o que deve fazer para ser feliz. Parte numa aventura com o seu cão muito semelhante à viagem da Dorothy no The Wizard of Oz e encontra animais antropomórficos no caminho até ao Sábio Leão. Num universo sem regras distintas o rapaz procura uma resposta à mais universal das perguntas para a qual ninguém tem uma solução. (Rui Mendes)

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Breakfast in Kisumu

A vida do ativista e professor queniano Rok Ajulu foi um filme de aventuras e de luta contra o apartheid. A sua filha presta-lhe homenagem usando a película 16mm, o VHS, o DV para filmar muitos dos locais que fizeram do pai um herói pela liberdade. 

Há conversas essenciais cujo sentido se vai revelando na passagem do tempo. Relatos, gargalhadas e silêncios recuperam uma relação que a vida descontinuou. Neste encontro em Kisumu, a filha descobre a ligação entre o pai, com quem nunca teve uma relação próxima, e o activista político que determinou o afastamento entre os dois. Neste filme a história de África e a da família fundem-se testemunhando que o que separa pai e filha não anula a cumplicidade do diálogo. (Margarida Moz)

Bugs and Beasts Before the Law

O coletivo artístico Bambitchell explora, na linha do facto, da ficção e do ensaio, um conjunto de julgamentos na idade medieval que colocava no banco dos réus vários animais, mas também objetos inanimados, por crimes como o trespasse, roubo ou morte.

O assunto é jurídico e a abordagem é igualmente metódica e isenta. A dupla Bambitchell propõe uma historiografia lúdica dos julgamentos de animais, pragas e objetos. Só que a sua mise en scène fundada no distanciamento irónico expõe as contradições da personificação dos direitos e deveres de criaturas. À medida que se evidencia o ridículo das sentenças, o filme desfaz-se em soluções inesperadas: a montagem, os grafismos, as composições ovóides, a banda-sonora musical e as invocações demoníacas refletem sobre as falhas inerente às ciências do direito. (Ricardo Vieira Lisboa)

Fettknölen

Enquanto trabalhava no documentário “Bergman – Um Ano, Uma Vida” (estreado nas salas portuguesas), Jane Magnusson ficou obcecada com o sinal que Bergman tinha no rosto. “Voz Lipoma” dá voz a essa mancha e ao lado misógino do realizador sueco.

Suc de síndria

Um casal passa as férias de Verão com os amigos, mas um trauma passado assombra o seu bem-estar. Em “Suc de Síndria”, as lágrimas e o sumo de melancia curam feridas e redefinem sexualidades.

Wine Wenches

Several bottles of wine later, three girls roll out of a car and into a nightclub.

De longs discours dans vos cheveux

Paul e Adèle são dois figurantes da ópera ‘Tristão e Isolda’ que, aborrecidos, vagueiam pelos subterrâneos do Palácio Garnier. Um caminho labiríntico e uma conversa sinuosa sobre o amor, em “De longs discours dans vos cheveux”.

Toi qui!

Composto por imagens da obra cinematográfica de Dziga Vertov, “Toi qui!” apresenta-se como um «cine-poema de cine-citações em cine-homenagem à obra do cineasta Dziga Vertov». Vertov é evocado por Claire Angelini, pelo menos conhecido prisma de defensor da causa da emancipação feminina. (a partir do texto da Cinemateca Portuguesa)

Seus Ossos e Seus Olhos

Em 2013, com “O Que se Move”, Caetano Gotardo emocionou uma plateia inteira e quase venceu o prémio do público e o ano passado, com a curta “Merencória”, os casais separavam-se e reuniam-se no entrelaçar de uma balada triste. Agora, com “Seus Ossos e Seus Olhos”, o realizador (e também argumentista, montador e protagonista) lança-nos mais uma vez no baile dos sentimentos, por entre lençóis suados, conversas de sofá, confissões e passeios pela rua. Na tradição de Rohmer ou Sang-soo, mas numa perspectiva queer, este é um filme que nos toca, com a mão aberta, o peito despido.

 

Miam Miam

É uma situação embaraçosa quando o desejo de tomar banho nos leva muito além do esperado.