Graham Chapman escreveu e deu voz à sua própria autobiografia em filme, através do texto retirado do livro homónimo que deixou gravado pouco antes de morrer, tornando possível uma última reunião dos Monthy Python, ficando apenas a faltar a presença de Eric Idle. John Cleese, Terry Jones, Michael Palin e Terry Gilliam gravaram as suas vozes em diálogo com o texto lido por Chapman e interpretam-se a si próprios e outras personagens numa hilariante encenação da agitada vida do único dead parrot” entre os seis. Numa mistura de imagem real e mais de uma dezena de diferentes tipos de animação, o filme conta de forma mais ou menos verdadeira (nunca saberemos quanto) como foi a vida pessoal e profissional de Chapman. A elegia fúnebre, lida por Cleese, é o momento que mais justiça faz ao seu legado. (M. M.)
Secção: Cinema emergente
Um ferro-velho numa paisagem desolada; uma mulher obesa vestida de mecânica a assar um leitão; um moribundo debaixo de um sol abrasador que desfalece e se torna seu prisioneiro. Numa terra de ninguém, Patrick Mendes transporta-nos mais uma vez para um universo macabro, onde a personagem principal, quase terrífica, manipula as suas vítimas. (R. F.)
Filme azulejo, feito de motivos marítimos e variações sobre os encontros e desencontros entre dois homens e seus desejos. Existe uma lei em economia que diz que pode haver muitas pessoas desejando e muitas pessoas dotadas do que é desejado, mas, para que a troca (ou um encontro) aconteça, deve haver uma dupla coincidência dos desejos. (João Vieira Torres)
Filme sensível e divertido, em que se abordam as problemáticas mais complicadas com a mestria da simplicidade. Rodrigo é surdo, mas instala aparelhagens sonoras em carros. A sua t-shirt mostra visualmente as variações das frequências das ondas sonoras.Numa dualidade ambivalente entre o que vai e o que volta, Mascaro constrói uma das narrativas mais delicadas deste festival. (MV)
Ao som de uma canção de embalar, somos levados por Usalullaby para um universo onírico onde microscópicos coelhos passeiam e deslizam no corpo de um enorme golfinho.
Alejo Moguillansky, que esteve em 2010 no IndieLisboa com o filme Castro, regressa agora com El loro y el cisne, uma fantasia romântica que se desenvolve no universo de várias companhias de dança na cidade de Buenos Aires. Uma equipa de filmagens está a fazer um documentário sobre a dança contemporânea argentina a pedido de uma produção norte-americana. O sonoplasta da equipa, Loro, atravessa uma separação difícil e acaba por se apaixonar por uma bailarina. Neste filme, o realizador articula com grande habilidade o mundo da dança, revelado nas sequências relativas à filmagem do documentário, com a história de uma separação e de um novo amor.
Inspirada pelo cineasta José-Luís Guerin, a realizadora Marie-Elsa Sgualdo dedica-lhe este Man kann nicht alles auf einmal tun, aber man kann alles auf einmal lassen, escrito a partir de rumores e imagens de outras vidas e contado do ponto de vista de uma rapariga que constrói a sua própria história sem se preocupar com a verdade.
Kurdrjavka ‚ Pikku kippura recorre a material de arquivo para se debruçar sobre o lançamento no espaço da cadela Laika, em 1957, cujo nome original era Kurdrjavka.
Em Retrato, a memória de uma família é recuperada num diálogo entre os vários retratos pendurados nas paredes de uma casa vazia.
Em gavetas, caixas e estantes, etiquetadas e organizadas num espaço sujo e poeirento, guardam-se objectos, uma Coisa de Alguém; este departamento de perdidos e achados de Lisboa tem uma rotina diária que o filme acompanha, ao mesmo tempo que reflecte sobre as ideias de propriedade, de perda e de encontro.
Este filme é uma homenagem à extraordinária Baronesa Elsa von Freytag-Loringhoven, feminista, dadaísta, poeta e artista, que agitou Berlim e Nova Iorque nas primeiras duas décadas do século XX e cujo propósito era derrubar as barreiras entre a arte e a vida de todos os dias. Foi assim que viveu e é esse o espírito que este The Filmballad of Mamadada se propõe recuperar. Num modelo surreal de cadáver esquisito, o filme conta com a colaboração de mais de 50 artistas a quem foi pedido que interpretassem fragmentos da vida extravagante da baronesa. Sem qualquer vestígio de nostalgia retro, o resultado pode parecer feio e caótico, mas faz decerto justiça à excentricidade desta mulher cheia de vida e à liberdade que sempre defendeu para a criação artística.
The Missing Scarf é uma animação que explora de uma forma inesperada alguns dos medos mais comuns da humanidade: do desconhecido, de falhar, da rejeição e da morte.
Esta é a história de um homem que, ao longo de 45 anos, construiu uma selva à beira de uma autoestrada, junto à vila catalã de Argelaguer. O excêntrico Josep Pujiula Garrell, que se auto denomina o Tarzan de Argelaguer, construiu, destruiu e voltou a erguer, uma e outra vez, com as suas próprias mãos, construções tão improváveis quanto belas. Na sua selva todos são bem-vindos e os adolescentes locais desde sempre usufruíram deste espaço onde, com a colaboração de um deles, filmou vários remakes do filme Tarzan. É com este material, com imagens de uma historiadora de arte norte-americana e com as suas próprias filmagens que o realizador Jordi Morató constrói um documentário sobre esta vida extraordinária: a do idoso com alma de menino, do selvagem moderno, do incompreendido a quem chamam de louco.
Chérif é um adolescente rebelde que depois de se ver envolvido em vários problemas é enviado para casa dos tios em Estrasburgo, não muito longe de onde vive o seu pai. Inscrito numa escola profissional e a estagiar na obra onde trabalha o pai, a vida do rapaz parece estar a tomar um rumo mais pacificado, até que ele descobre que o irrepreensível primo é membro de um grupo de graffiters que passam as noites a desenhar as paredes e telhados da cidade. Este encontro introduz Chérif num colectivo de artistas cujo valor deriva tanto da arte que executam como da clandestinidade que a envolve, e é nesta relação que ele descobre o seu próprio mundo.
No Faial, Açores, Varadouro percorre as piscinas naturais da região num documentário que de um momento para o outro ganha uma dimensão mitológica.
Na paisagem bela e gelada do inverno siberiano, Zima viaja através dos sentimentos de um grupo de pessoas em constante luta com a natureza, sob um dos mais severos climas do planeta.
Numa sequência rítmica de fotografias constrói-se em Alles Was Irgendwie Nutzt um documentário sobre experiências com animais na primeira metade do século XX.
Angélique’s Day for Night tells in a shadow play style the importance of François Truffaut’s Day for Night in the life of Angélique.