Neste filme os adultos comportam-se como crianças e as crianças como adultas. A criança é Lina, de sete anos, filha de Aya e de Louis, que vive com a mãe e Victor, o seu novo companheiro. Lina tem no filme uma presença assombrosa e reveladora. Não fosse Doillon, o realizador francês que melhor tem sabido filmar a infância. Lina é, ao longo do filme, a mais perspicaz observadora e comentadora do novo desejo de reaproximação dos pais. Estamos aqui muito próximos das comédias americanas de Cukor e Lubitsch, um casal separa-se e mais tarde somos confrontados com o seu novo renascimento… Doillon exalta através de uma mise-en-scène subtil e precisa a complexidade do sentimento amoroso e a sua inconstância. As personagens apresentam-se sem máscaras e procuram numa dança vertiginosa e perversa uma fidelidade superior – a da libertinagem – ou a da dita insustentável leveza do ser? (A. I. S.)