A câmara vagueia para um parque e zona residencial circundante. Mudanças e obras avizinham-se, mas hoje, dois amigos dão um último passeio cúmplice onde expandem o tempo, evitando a despedida.
Com passagens a lembrar Blow Up de Antonioni, Places mostra uma câmara sempre em movimento, acompanhando diversos personagens que se encontram num certo espaço, e vai fixar-se num homem ansioso, que tenta despedir-se de um amigo. Toda a ambiguidade da conversa, muito fragmentada, assim como a narrativa e os planos, conduzem o espectador a usar a sua imaginação. A câmara vai ao lugar mais recôndito para sair dentro de um campo de basquete onde dois miúdos jogam e parecem cruzar-se com os dois adultos, mas em tempos diferentes. Parece emergir da Lituânia uma nova vaga de realizadores com histórias para contar, aliadas a um sentido formal e estético muito forte. E Katkus singra neste universo. (Miguel Valverde)