O Som ao Redor tem um ambiente e um estado de alma próprios e instala-nos numa vizinhança de sons, imagens fortes e personagens intrigantes. Os espaços que as envolvem têm um misto de arejado com sufocante e há sempre uma presença quase fantasmagórica à espreita dentro e fora de campo. Num bairro de classe média no sul do Recife, as interacções urbanas são problematizadas: a confiança, o respeito, a autoridade. Um grupo militar vem oferecer segurança pública e paz, mas as águas estão agitadas e as relações humanas não arredam pé da complexidade ‚ ou dos instintos mais básicos que interferem com as normas. As crianças brincam às massagens em cima da mãe exausta, os adultos brincam ao amor ocasional e tentam manter-se a salvo. A arquitectura, a enquadrar a paisagem, é explorada como comentário e prenúncio de que algo já não funciona. (Ágata Pinho)
O Som ao Redor
Kleber Mendonça Filho
IndieLisboa 2012 • Competição Internacional
Brasil, Ficção, 2012, 131'′