Depois de terem estado na competição nacional com Antão, o invisível (2017), eis que a dupla luso-suíça regressa com este misto de “documentário zoológico” e retrato ficcional, passado num santuário de aves em Genebra. Com influência de Bresson, o enquadramento rectangular, a voz off do jovem Antonin pairando sob aquele “local sagrado”, mas também o argumento ecológico e uma observação minuciosa, tudo faz parte desta ilha mágica que nos cativa o olhar.
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A jovem e intrigante dupla de realizadores formada por Maya Kosa e Sergio Da Costa entrega, com L’Île aux oiseaux, uma segunda longa-metragem de uma poesia quase irreal, embora intimamente ligada à realidade, indo e voltando entre ficção e verdade, onde uma brota da outra como por magia – que sempre esteve no centro do trabalho da dupla suíça (de origem polaca e portuguesa, respectivamente). Assim como as aves de rapina feridas, Paul, Antonin e os outros funcionários do centro de Genthod precisam de aprender a caçar para sobreviver numa sociedade que “não permite erros”. “Que cheiro é este?” Pergunta o jovem, recém-chegado ao centro e herói do filme, ao entrar pela primeira vez na sala das gaiolas de ratos; “É merda, vais habituar-te”, responde Paul, que trabalha ali há muito tempo. Uma frase de abertura simples e crua que resume o filme bastante bem: grandioso na sua terrível e contraditória simplicidade. A escassez de diálogos torna o conteúdo ainda mais poderoso. As palavras são cuidadosamente escolhidas, entre admiração e precisão, de uma maneira que relembra a os diálogos de Rohmer, com a simplicidade e o tom cómico que se assemelham a Kaurismäki. Como se os muitos planos-sequência que pontuam o filme falassem com imagens quando as palavras permanecem em silêncio. (Mickael Gaspar)
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A jovem e intrigante dupla de realizadores formada por Maya Kosa e Sergio Da Costa entrega, com L’Île aux oiseaux, uma segunda longa-metragem de uma poesia quase irreal, embora intimamente ligada à realidade, indo e voltando entre ficção e verdade, onde uma brota da outra como por magia – que sempre esteve no centro do trabalho da dupla suíça (de origem polaca e portuguesa, respectivamente). Assim como as aves de rapina feridas, Paul, Antonin e os outros funcionários do centro de Genthod precisam de aprender a caçar para sobreviver numa sociedade que “não permite erros”. “Que cheiro é este?” Pergunta o jovem, recém-chegado ao centro e herói do filme, ao entrar pela primeira vez na sala das gaiolas de ratos; “É merda, vais habituar-te”, responde Paul, que trabalha ali há muito tempo. Uma frase de abertura simples e crua que resume o filme bastante bem: grandioso na sua terrível e contraditória simplicidade. A escassez de diálogos torna o conteúdo ainda mais poderoso. As palavras são cuidadosamente escolhidas, entre admiração e precisão, de uma maneira que relembra a os diálogos de Rohmer, com a simplicidade e o tom cómico que se assemelham a Kaurismäki. Como se os muitos planos-sequência que pontuam o filme falassem com imagens quando as palavras permanecem em silêncio. (Mickael Gaspar)