Les Sorcières de l’Orient

As mulheres da equipa feminina de vólei japonesa que ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1964, em Tóquio, eram conhecidas como “As Bruxas do Oriente”. Ainda hoje mantêm um recorde de 258 vitórias consecutivas. Agora, nos seus setenta anos, reencontram-se num passeio por memórias, com direito a sequência de anime e um olhar brincalhão, repleto de referências pop.

O universo fílmico de Julien Faraut está ligado ao desporto. Há já vários anos que está encarregue do acervo de filmes do Instituto Francês do Desporto. Foi num desses filmes que viu em acção as Feiticeiras do Oriente, famosa equipa japonesa de voleibol feminino que viria a representar pela primeira vez o país nessa modalidade, durante os J.O. de Tóquio em 1964. A isso juntou-se o clique de perceber que eram elas as retratadas num anime que via em criança, em França, nos anos 80. Les Sorcières de l'Orient conjuga assim de forma bastante hábil imagens de arquivo, animação, uma sensibilidade documental - ao ir ao encontro da vida actual e das memórias dessas jogadoras -, e ainda uma divertida e, em alguns momentos experimental, estética pop. Através do desporto, o filme de Faraut fala-nos de disciplina e de um Japão no pós-guerra que, como uma das feiticeiras, foi ao solo para logo depois se levantar. (Carlos Natálio)